Depoimento
'Fiquei completamente dopada', diz paciente de anestesista preso
Polícia ouve mulheres atendidas pelo médico na DEAM
Uma técnica em radiologia, de 30 anos, foi uma das mulheres que procuraram a sede da Delegacia de Atendimento à Mulher (DEAM) de São João de Meriti, na Baixada Fluminense, na manhã desta terça-feira (12).
Ela prestou depoimento no caso que investiga o estupro cometido pelo médico anestesista Giovanni Bezerra, de, 31 anos, contra uma paciente que dava à luz no Hospital da Mulher Heloneida Studart. Ele foi preso em flagrante.
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A mulher teve o terceiro filho no dia 5 de junho, no Hospital da Mãe, no bairro de Mesquita, também na Baixada Fluminense. Ela diz que se recorda pouco dos momentos que ficou na sala de cirurgia. Mas garante ter percebido que o mesmo médico agiu de forma suspeita.
"Eu não tomei nenhuma anestesia geral e fiquei completamente dopada e estranhei esse comportamento. Quando eu comecei a recobrar a consciência eu só escutei a voz dele no centro cirúrgico. Não escutei a voz de mais ninguém. A sensação que eu tive é que eu estava sozinha com ele", contou.
Ela continua dizendo que a forma dele falar próximo ao ouvido, durante a cirurgia, trazia incômodo. "Um fato marcante é que o tempo todo ele falava baixinho ao meu ouvido. Ele me monitorava, mas todas as coisas que perguntava de praxe, se eu estava me sentindo bem, falava próximo ao ouvido e isso me incomodou bastante", afirma.
A jovem diz que achou estranho o fato do esposo ter sido retirado da sala de cirurgia no momento do parto. Ela chegou a reclamar da ação.
"Eu reclamei assim que o meu esposo saiu. Fiz laqueadura e senti uma dor muito forte próximo da nuca. Eu reclamei com o anestesista meio lerda e ele disse que era normal e que teria que me sedar para que essa dor parasse. E depois daí eu não me lembro mais", disse.
Além da técnica em radiologia, médicos e outras mulheres foram até a sede da delegacia para serem ouvidas pela delegada titular Bárbara Lomba.
O caso do estupro no Hospital da Mulher de São João de Meriti chamou a atenção da população que ficou revoltada. Completando 82 anos nesta terça, a aposentada Maria do Carmo disse que nunca viu algo como isso em toda sua vida.
"Isso foi uma monstruosidade, nunca vi algo parecido com toda essa experiência de vida, não sei nem o que eu faria se fosse com uma filha minha", disse.
Uma cuidadora de idosos, de 30 anos, que preferiu não se identificar, teve filho na mesma unidade de saúde onde aconteceu o crime. Ela contou que se sente insegura após o episódio.
"Deus me livre e guarde. Não tenho mais filho lá de jeito nenhum, por mais que foi a equipe que fez a denúncia, quem me garante que isso não possa acontecer novamente?", questionou.
A Secretaria de Estado de Saúde (SES) e a direção do Hospital Estadual da Mulher Heloneida Studart (HMulher), acionadas pela equipe médica da unidade, denunciaram o crime à Polícia Civil, que foi até a unidade e prendeu o médico anestesista Giovanni Quintella Bezerra em flagrante.
"O médico não é servidor do estado. Ele tem título de especialista em anestesiologia, CRM regular e prestava serviço há seis meses como pessoa jurídica para os hospitais estaduais da Mãe, da Mulher e Getúlio Vargas. As unidades estão em contato com a Polícia Civil para colaborar com as investigações", disseram em nota conjunta.
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