Angústia
Família busca por idosa desaparecida há seis meses em São Gonçalo
Ainda não há informações sobre aonde ela poderia ter ido
“Estou em depressão, fazendo tratamento psicológico, tomando antidepressivos, só durmo com remédios e estou há seis meses nessa luta, buscando pela minha mãe em hospitais, Institutos Médicos Legais (IMLs) e nos abrigos de idosos da região, mas não temos notícias. Peço ajuda, pois só quero a minha mãe de volta". O relato de desespero é da operadora de caixa Adaiza Lima de Sousa, de 42 anos, que busca por sua mãe, Maria Lima de Sousa, de 82 anos, desde fevereiro, quando a idosa desapareceu de dentro de casa no bairro Ipiíba, em São Gonçalo.
A idosa sumiu no dia 6 de fevereiro deste ano, apenas quatro dias depois de comemorar aniversário. A filha deixou a mãe em casa e foi trabalhar. Desde então, angústia e medo tomam conta da família.
“Eu sai por volta das 5h50 de casa para ir trabalhar e pedi para o meu namorado vir até aqui ficar com ela. Quando ele chegou, próximo das 9h, o portão de trás da casa estava sem trava e ela já não estava”, contou.
Vizinhos relataram à família que viram a aposentada andando pela região por volta das 8h, mas não há nenhuma comprovação de câmeras ou algo do tipo.
“Eu só quero minha mãe de volta. Nós éramos unidas. Fomos nós que acompanhamos meu pai quando ele morreu de câncer há quatro anos. A gente morava com ele aqui. Minha mãe é natural do Ceará, veio para cá ainda nova e já tinha perdido duas meninas quando elas eram bebês. Eu fui a única das filhas que cresceu, além de mim tem mais 3 filhos homens, mas aí ela perdeu o contato'', contou.
Está sendo difícil ficar sem ela. Procuramos com todos os parentes, mas ninguém a viu
Segundo Adaiza, ela e o companheiro José Carlos da Rocha, de 54 anos, vão, até hoje, em todos os lugares buscar pela mãe.
Família acredita que a idosa possa ter tido problemas de memória
“A gente já achou até pessoas parecidas com ela, mas ela não. Já vimos algumas idosas, mas nada dela. Sempre tem alguém que manda uma pista de alguém parecido, mas não a achamos até então”, contou José.
Maria sumiu de sua casa com uma blusa vermelha com flores e um short listrado de branco, amarelo e vermelho. A família acredita que ela possa ter tido episódios de demência, nos esquecendo de algumas coisas. A aposentada fazia o uso diário de medicamentos para um problema cardíaco.
"Acredito que foi um apagão. Uma vez ela chegou a ir até o nosso galinheiro, que fica próximo aqui de onde a gente morava e não conseguia voltar para cá. Eu já não deixava ela sair sozinha desde 2021, quando saiu com a cachorra e acabou ficado tonta, caindo e se machucando. Ela só saía para tomar vacina, mas sempre comigo, então, não tinha motivo para ela sair sozinha como fez", relatou a filha.
A família pede que quem tiver qualquer informação sobre a idosa, entre em contato pelos números (21) 99379-7696 (Adaiza) ou (21) 99061-7202 (José).
Procurada, a Polícia Civil informou que "as investigações continuam no Setor de Descoberta de Paradeiros da Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSG). Diligências estão sendo realizadas para localizar a vítima e esclarecer o caso."
Casos crescem no Rio
Segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), em julho deste ano foram registrados 436 casos de pessoas desaparecidas no estado do Rio. No mesmo mês do ano passado, houve 334 casos, ou seja, variação de 102 novos registros de desaparecidos, o que equivale a 30,5%.
Casos de desaparecimentos no estado do Rio cresceram 30,5% de julho do ano passado comparado com o mesmo período deste ano
A variação ainda é maior quando comparamos os sete primeiros meses do ano de 2021 e 2022. De janeiro a julho de 2021, o número de casos registrados no estado foi de 2.227, já de janeiro a julho de 2022, o número de registros chegou a 3.031.
A maioria dos registros de desaparecidos no estado neste ano foi na Baixada Fluminense, com um total de 865. Foi lá que quatro famílias viveram dias de desespero no último mês depois que quatro rapazes desapareceram. O corpo de alguns dos meninos já foi encontrado e a morte deles confirmadas.
Em seguida, as Zonas Oeste e parte da Zona Norte foram as áreas que mais registraram casos de desaparecidos neste ano. Ao todo, foram contabilizados 626 casos. Logo depois, na Zona Sul, Centro e parte da Zona Norte foram registrados 555 casos.
Em Niterói e na Região dos Lagos, foram contabilizados 339 desaparecimentos neste ano e na Região Serrana foram registrados 322 casos. As outras partes do estado registraram menos de 200 desaparecimentos em 2022.
Segundo dados de uma pesquisa do Fórum Grita Baixada (FGB), feita em parceria com a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), ao todo foram confirmados 417 casos de desaparecimentos forçados no Rio entre 2016 e 2020.
A Convenção Interamericana define o desaparecimento forçado da seguinte forma: “privação de liberdade de uma pessoa ou mais, seja de que forma for, praticada por agentes do Estado ou por pessoas ou grupos que atuem com autorização, apoio ou consentimento do Estado, seguida de falta de informação ou da recusa em reconhecer a privação de liberdade ou informar sobre o paradeiro da pessoa, impedindo o exercício dos recursos legais e das garantias processuais pertinentes.”
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