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    Medo

    Estudantes denunciam insegurança em ruas do centro de Niterói

    Segundo relatos, casos acontecem rotineiramente na região

    Publicado 22/09/2022 às 8:55 | Atualizado em 22/09/2022 às 9:17 | Autor: Mendy Ribeiro
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    Alunos buscam estratégia para chegar e sair das aulas
    Alunos buscam estratégia para chegar e sair das aulas |  Foto: Marcelo Tavares

    Estudantes de uma universidade no Centro de Niterói reclamam da falta de segurança nos arredores da unidade de ensino. Os alunos também dizem que não há policiamento nas primeiras horas do dia e também no período da noite, momento em que há muita movimentação de entrada e saída do local. 

    A estudante de Direito Luísa Silva, de 20 anos, relata que sofreu uma tentativa de assalto com arma branca na noite desta terça-feira (20). A universitária explicou que o crime aconteceu no momento em que saía da aula por volta das 22h, quando um homem a seguiu.  

    “Eu saí da faculdade às 22h e vim em direção ao supermercado. Quando  percebi que um cara começou a me seguir. Percebi que ele começou a correr atrás de mim, quando cheguei no portão da minha casa ele veio para cima de mim, tentando me esfaquear três vezes, chegou a fazer menção ao movimento, mas não me atingiu. Não vou conseguir ir pra aula porque vou voltar sozinha de noite, é horrível ser mulher, porque eu tenho certeza que ele não queria só o meu celular”, relatou, assustada. 

    • Insegurança de alunos de faculdade em Niterói
      Insegurança de alunos de faculdade em Niterói | Foto: Marcelo Tavares
    • Insegurança de alunos de faculdade em Niterói
      Insegurança de alunos de faculdade em Niterói | Foto: Marcelo Tavares
      

    A sensação de medo se estende a outros colegas da estudante. Uma aluna do curso de Odontologia, que preferiu não se identificar, disse que já presenciou diversos casos de tentativas de assaltos na região. 

    Alunas de Odontologia precisam carregar o equipamento de estudo e trabalho
    Alunas de Odontologia precisam carregar o equipamento de estudo e trabalho |  Foto: Marcelo Tavares

    “A gente fica com muito medo porque pensávamos estar em segurança aqui na rua da faculdade na hora de sair, e não tem segurança nenhuma. Ainda mais pelo fato de ter muitas mulheres saindo. Não vejo policiamento e o material de Odontologia é muito caro. A gente não pode correr o risco de perder ”, disse a jovem. 

    Muitos dizem que os ataques partem de pessoas em situação de vulnerabilidade que acabam se instalando em ruas próximas da universidade. 

    • Pessoas em situação de vulnerabilidade transitam pelas ruas
      Pessoas em situação de vulnerabilidade transitam pelas ruas | Foto: Marcelo Tavares
    • Pessoas em situação de vulnerabilidade transitam pelas ruas
      Pessoas em situação de vulnerabilidade transitam pelas ruas | Foto: Marcelo Tavares
    • Entre o bloco A e B da universidade, pessoas em situação de vulnerabilidade fazem abrigos em calçadas
      Entre o bloco A e B da universidade, pessoas em situação de vulnerabilidade fazem abrigos em calçadas | Foto: Marcelo Tavares
     

    Um funcionário da unidade, que falou sob a condição de anonimato, cobrou mais ações de acolhimento por parte da prefeitura. 

    "Isso já gera um mal estar gigante entre as pessoas que circulam pela região. Fora isso você tem centro de acolhimento de moradores de rua que fica aqui nas proximidades que faz com que essas pessoas fiquem transitando também pelas ruas aqui do entorno, porque eles dormem no local, mas durante a manhã eles são convidados a se retirarem. Então, isso faz com que eles fiquem à toa, vagando por aqui. Às vezes, para conseguir drogas, eles cometem pequenos crimes como furtos e roubos”, completou o funcionário. 

    Medo

    Comerciantes em estabelecimentos próximos dizem que os casos só aumentam. Sérgio Ward, de 50 anos, é dono de uma lanchonete e conta que em uma das situações precisou correr atrás de um homem com uma barra de ferro e que já presenciou pessoas sendo atacadas na região. 

    “Semana retrasada, uma aluna foi assaltada em frente ao hotel praia grande. O rapaz queria o celular da menina e não satisfeito em apenas roubar o celular, ele deu uma facada no braço e na barriga dela. Só semana passada foram uns três assaltos de alunos, tanto de manhã cedo quanto tarde da noite, não tem hora.  Se deixar, eles tomam conta do meu comércio”, finalizou.  

      

    A gerente de loja Ludmila Hernandez, de 37 anos, trabalha na Marechal Deodoro há 15 anos e explica sobre o aumento na sensação de insegurança. 

    “A violência tá muito grande. A gente não consegue ver mais rotas de carros de polícia passando, eu não vejo. Nem de manhã, nem de tarde. A gente clama por segurança”, expôs Ludmila. 

    Ruas próximas da região, segundo os estudantes, estão tomadas por pessoas em situação de rua
    Ruas próximas da região, segundo os estudantes, estão tomadas por pessoas em situação de rua |  Foto: Marcelo Tavares

    Procurada, a Polícia Militar informou que realiza um patrulhamento ostensivo em toda a cidade, no entanto, não informou especificamente sobre a área onde ocorreram os casos citados. A corporação justificou ainda uma queda de 28% no número de roubo, comparados com os oito primeiros meses de 2021 com este ano. A Polícia Militar diz ainda que dados do ISP apontam que houve retração no índice de roubo a pedestre de 18% no mesmo período. Em relação aos roubos a estabelecimentos comerciais, a corporação alega que reduziu em 32% na cidade de Niterói. 

    Sobre as denúncias de que seriam pessoas em situação de rua, a secretaria municipal de Assistência Social e Economia Solidária (Smases) informou que possui uma rede de atendimentos para essas pessoas e que também contam com uma equipe de abordagem especializada, que são o Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro Pop) e cinco unidades de acolhimento (abrigos).

    As equipes da pasta atuam com as abordagens nos locais de maior concentração de população em situação de rua. O órgão explica também que o objetivo é construir com os acolhidos um trabalho que culmine na sua autonomia e reinserção social. Entretanto, a legislação brasileira não permite o acolhimento obrigatório.

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