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Violência

'Era um jovem correto', diz pai de entregador morto na Maré

Renan Lemos, de 24 anos, deixa dois filhos

Publicado 25/11/2022 às 12:32 | Atualizado em 25/11/2022 às 15:01 | Autor: Ana Carolina Moraes
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Rivaldo soube que o filho foi morto quando acordou para ir trabalhar.
Rivaldo soube que o filho foi morto quando acordou para ir trabalhar. |  Foto: Lucas Alvarenga

O motorista Rivaldo Coelho de Lemos, de 72 anos, disse que o filho Renan Souza de Lemos, de 24, morto na manhã desta sexta-feira (25) durante um tiroteio que ocorreu em operação das polícias Militar e Civil no Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio, trabalhava com entregas e como motorista de aplicativo. 

A morte de Renan ocorreu um dia antes do pai completar 73 anos. A vítima, inclusive, iria comemorar o aniversário de Rivaldo em um jantar. O jovem deixa dois filhos, uma menina de seis anos e um menino de sete meses.

Rivaldo soube que o filho foi morto quando acordou para ir trabalhar. Foi a filha dele, irmã da vítima, quem deu a notícia por meio de uma ligação.

Aspas da citação
Ele era um jovem correto, honesto, que trabalhava com a mãe fazendo entregas
Rivaldo Coelho de Lemos pai da vítima
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“Estava tendo blitz na Maré e ele estava na casa da namorada, que avisou sobre a operação, ele subiu para a laje. Só que ele não contava com os tiros, foi quando ele se rendeu e foi atingido por dois disparos na região do abdômen. Ele era um jovem correto, honesto, que trabalhava com a mãe fazendo entregas dela, incluindo roupas, e também trabalhava como motorista de aplicativo particular. Se ele fosse bandido, eu falaria, mas não era”, afirmou o motorista. 

Renan foi nascido e criado na Ilha do Governador, mas, segundo Rivaldo, ele se mudou para a Maré para ficar próximo da tia e da avó, há cerca de oito anos. 

“Eu nunca quis que ele morasse lá. Quando você mora numa comunidade, geralmente ocorrem situações dessa com a polícia, que generaliza todos que moram ali. Você acaba pagando essa situação com a vida. Ele era agarrado com a avó e a tia e por isso ficava lá. Ele tinha comprado recentemente uma casa de três andares, estava pagando essa casa ainda, por isso deixamos ele ficar lá. Até a mãe dele também alugou uma residência para ficar mais próxima dele e deixou a Ilha”, afirmou o pai da vítima. 

Rivaldo definiu o filho como uma pessoa amorosa e trabalhadora.

"Meu filho era muito amoroso, trabalhador, não se cansava de dizer que me ama e o xodó dele era a mãe. Ele era que nem eu, trabalhador e guerreiro. Agora deixa dois filhos, uma menina de seis anos e um menino de sete meses”, afirmou o pai do rapaz. 

O corpo do Renan ainda está no Hospital Getúlio Vargas, na Penha, mas será levado para o Instituto Médico Legal (IML) do Centro do Rio nesta sexta-feira (25). Ainda não há informações sobre o enterro e o sepultamento.  

Ação da PM 

A Operação Integrada é realizada por policiais do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) e da Coordenadoria de Operações e Recursos Especiais (Core) nas comunidades Nova Holanda e Parque União, dentro do Complexo da Maré.

Além do Complexo da Maré, a Polícia Militar realiza operações em comunidades da Zona Oeste, sendo Vila Aliança e em Senador Camará, onde o subtenente da PM Luís Carlos da Silva, de 52 anos, foi morto por traficantes, na noite de quarta-feira (23).

Ainda de acordo com a PM, a ação é realizada por policiais do 14º BPM (Bangu) e de batalhões subordinados ao 2º Comando de Policiamento de Área. Eles atuam também no Batan e na comunidade da 48. O objetivo é coibir movimentações criminosas relacionadas a roubos de cargas, de transeuntes e de veículos.

O Disque-Denúncia oferece recompensa de R$ 5 mil com informações que ajudem a prender os autores da morte do militar. O caso segue sob investigação da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC).

A PM confirmou que, no Morro do Juramento, um homem morreu após confronto com policiais. Posteriormente, mais seis ficaram feridos após atacarem os militares e foram levados para o Hospital Getúlio Vargas, na Penha, onde cinco morreram e um segue sob custódia. Armas foram apreendidas. No confronto, um policial militar foi ferido por um tiro em uma das mãos. A ocorrência foi encaminhada para a 27 ª DP (Vicente de Carvalho). A operação ainda está em andamento.

Investigação

Segundo a Polícia Civil, a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) instaurou inquérito para apurar a morte de Renan Souza de Lemos, de 24 anos. Diligências então em andamento para esclarecer o caso.

Capitão da PM ferido 

O capitão do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) José Eduardo, que foi baleado na manhã desta sexta-feira (25) durante operação policial no Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio, perdeu um dos rins.

O militar foi socorrido para o Hospital Federal de Bonsucesso. Ele foi submetido a cirurgia no fígado e precisou retirar o rim direito. O estado de saúde é estável, segundo a unidade médica.

Escolas fechadas

Ao todo, 40 escolas municipais tiveram as aulas suspensas por conta da operação, segundo a Secretaria Municipal de Educação (SME). Já a Secretaria Estadual de Educação (Seeduc) informou que quatro unidades de ensino também tiveram as atividades suspensas.

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