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    'Ele queria ficar comigo de qualquer forma', diz filha de Flordelis sobre Anderson

    Publicado 26/04/2021 às 16:32 | Autor: Enfoco
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    |  Foto: Foto: Reprodução/Youtube
    Em videoconferência, Simone Rodrigues afirmou ao Conselho de Ética que pagou ao irmão para matar Anderson do Carmo. Foto: Reprodução/Youtube

    A filha biológica da deputada Flordelis (PSD-RJ), Simone dos Santos Rodrigues, negou nesta segunda-feira (26) que a parlamentar soubesse do planejamento do assassinato de seu marido, o pastor Anderson do Carmo, em junho de 2019, em Niterói.

    O depoimento de Simone, que está presa, foi dado por videoconferência ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados. A deputada Flordelis é acusada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro de ser a mandante do crime. Ela nega e aponta Simone como responsável pelo assassinato.

    “[Flordelis] não sabia de nada, não tinha ciência de nada do que estava acontecendo”, disse Simone. Ela respondeu a perguntas do relator do caso, deputado Alexandre Leite (DEM-SP), e da advogada de Flordelis, Janira Rocha.

    Na videoconferência, Simone confirmou o que Flordelis já havia dito aos parlamentares: a filha sofreria assédio sexual do pastor. Por esse motivo, Simone teria dado R$ 5 mil a Marzy Teixeira, que os entregaria a Lucas dos Santos de Souza, para que "resolvesse a questão". Ambos são filhos adotivos da deputada.

    “Eu estava em desespero. Não aguentava mais as investidas dele [de Anderson do Carmo]. Ele queria ficar comigo de qualquer forma. Ele ameaçava cortar o dinheiro da minha medicação, do meu tratamento de câncer. Eu não conseguia falar com a minha mãe. No desespero, comecei a ter síndrome de pânico, ansiedade, infelizmente usei drogas por causa disso. Fiquei atordoada, desorientada”, relatou Simone, que foi arrolada como testemunha pela defesa de Flordelis.

    Segundo Simone, Anderson do Carmo “fazia bem” para Flordelis, mas a maior parte da família não gostava dele, nem de suas atitudes. A filha descreveu situações em que Anderson entrava em seu quarto, no banheiro quando ela tomava banho ou na lavanderia, para tentar agarrá-la e violentá-la.

    “Ele [Anderson do Carmo] me dava dinheiro. Ele me chamava muito de B, ‘fica com esse dinheiro aqui’, às vezes R$ 1 mil, às vezes R$ 500, eu ia guardando”, contou Simone. “Todas as vezes que ele me dava um dinheiro e pagava um tratamento, alguma medicação, ele mandava mensagem no meu telefone, ‘B, olha como estou sendo bom com você, como estou sendo legal, sua mãe não precisa saber. Se você me olhar diferente, você vai ter tudo a seu favor, você não vai precisar trabalhar nunca’. Eu aceitava o dinheiro, mas não aceitava as palhaçadas que ele fazia para mim.”

    Simone também contou que não tinha coragem de falar com Flordelis “por amor, respeito”. Segundo ela, sua mãe era “apaixonadíssima” pelo pastor e jamais acreditaria.

    Outros depoimentos

    Lucas dos Santos de Souza, o irmão adotivo que teria recebido dinheiro para matar Anderson do Carmo, já depôs ao Conselho de Ética e disse que, não havia como Flordelis não saber do assassinato.

    Por sua vez, a delegada Bárbara Lomba Bueno, que iniciou as investigações do assassinato e também falou ao conselho, declarou que a parlamentar exercia influência sobre os envolvidos no crime e apontou disputa de poder como a causa do assassinato.

    Simone dos Santos Rodrigues negou que houvesse disputa entre os filhos biológicos e adotivos de Flordelis. Segundo ela, havia tratamento igualitário para todos. Mesmo assim, ela acredita que por ingratidão alguns dos irmãos dizem que Flordelis sabia da trama. “Minha mãe pegou para criar com carinho, com amor. Infelizmente sangue conta muito. Eu tenho filhos adotivos, mas eu crio meus filhos sabendo que sangue pode falar mais alto," disse.

    Ao fim do processo, o Conselho de Ética da Câmara poderá propor o arquivamento ou punições, como advertência, suspensão ou cassação do mandato da deputada Flordelis. São necessários 257 votos favoráveis à cassação no Plenário para que a deputada perca o mandato.

    Agência Câmara de Notícias

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