Denúncia
'Ele gritou que é morador', diz irmã de jovem morto pela PM
Caso aconteceu na Favela do Tirol, Jacarepaguá, no domingo
“Eles viram meu irmão, ele chegou a gritar que era morador, mas eles ignoraram". A denúncia é de Suelen Batista, irmã do comerciário Uesclei da Silva Estácio, de 29 anos, que foi morto com um tiro na cabeça disparado por policiais militares do 18º BPM, na Favela do Tirol, em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio, no último domingo (5). Suelen revelou a denúncia ao ENFOCO no enterro do corpo de Uesclei, na tarde desta terça (7), realizado no Cemitério de Inhaúma, na Zona Norte do Rio.
"Ele tentou se esconder atrás do carro mas não deu. Eles atiraram, viram meu irmão caído e ainda mexeram nos documentos e no celular dele, mas não socorreram. Deixaram ele lá agonizando. Não é só porque meu irmão é preto que ele é bandido”, completou Suelen revoltada.
Os familiares contaram ainda que chegaram a socorrer Uesclei por meios próprios, primeiro no Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, mas ele foi transferido para o Hospital Municipal Miguel Couto, na Gávea. Quando Uesclei chegou ao Miguel Couto ainda está vivo, entretanto, de acordo com a versão dos familiares, o jovem não entrou para sala de cirurgia como a unidade havia informado.
“Falaram que meu irmão tinha entrado pra sala de cirurgia, mas do jeito que ele chegou ele ficou. Ele não entrou pra cirurgia nenhuma. Não mexeram nele, só limparam o sangue no corpo. Foi descaso do hospital também porque só foram informar a morte horas depois dele já estar dentro do saco”, contou Suelen.
A mãe de Uesclei, Sueli Batista, muito abalada, contou que o jovem era trabalhador e não tinha envolvimento com o tráfico de drogas. Além disso, Sueli disse que foi desesperador ver seu filho baleado no chão.
“Meu filho era sorridente, trabalhador, brincava com todo mundo. Não tinha nenhum envolvimento com droga, nunca foi. Tanto que a patroa dele está aqui. Era um menino que Deus tirou de mim. Quero justiça. O tiro veio de baixo pra cima, não socorreram e deixaram ele lá caído igual cachorro no chão. Quando fui socorrer, ele estava colocando sangue pela boca, pelo nariz”, relatou a mãe que também acusou os bombeiros de terem se negado a prestar socorro.
"Foi muito difícil conseguir levar seu filho para o hospital, pois nenhum socorro aceitava entrar na comunidade. Bombeiro não subia, SAMU não subia. Com muito custo, conseguimos um carro e levamos ele pro hospital. Ele era novo, ia tirar carteira de motorista e também ia casar. Quero justiça porque isso não vai ficar impune não. Eu vou lutar até o final”, completou a mãe.
Em nota, a PM informou que "agentes do 18º BPM (Jacarepaguá) foram atacados por criminosos que estavam numa região de mata, quando faziam patrulhamento na comunidade. Houve confronto com criminosos. Após o tiroteio, policiais foram informados de que um homem baleado havia dado entrada no Hospital Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste, para onde inicialmente foi socorrido. Ele foi transferido, em seguida, para o Miguel Couto".
Contactados, o Corpo de Bombeiros informou que "foi acionado para uma ocorrência de agressão por arma de fogo na rua Tirol, em Jacarepaguá, na madrugada de domingo (05.03). Enquanto a viatura se encaminhava para o local, foi comunicado à central da corporação que a vítima havia sido removida por meios próprios, levando ao cancelamento do atendimento".
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