Polícia
Divina Flor: ex-deputada era venerada enquanto pastor era envenenado
O delegado Allan Duarte também foi ouvido no julgamento de Flávio dos Santos Rodrigues e Lucas Cézar dos Santos de Souza, filhos da ex-deputada Flordelis, na tarde desta terça-feira (23), no Tribunal do Júri, no Centro de Niterói. Segundo o delegado, o pastor Anderson do Carmo era odiado pela família, enquanto a pastora era tida como uma divindade que precisava ser liberta.
Segundo Duarte, que assumiu a investigação na Divisão de Homicídios de Niterói, com a saída de Bárbara Lomba, ele ficou responsável por desvendar a autoria imediata e participação material no crime.
"Minha antecessora [Barbara Lomba] chegou à conclusão de que quem efetuou os disparos foi Flávio, com auxílio do Lucas"
De acordo com ele, a arma usada no crime foi adquirida dois dias antes em uma favela. O delegado citou ainda o celular da vítima, que nunca foi localizado.
"Temos elementos técnicos que Flordelis utilizou para conversar com algumas pessoas, após o crime. Havia uma organização criminosa familiar dentro da família presidida por ela. Percebemos que havia um racha e que era nítida a diferença de tratamento entre os filhos biológicos e os afetivos"
Ainda de acordo com o delegado, o pastor Anderson funcionava como 'balança' e comandava de maneira rígida a família. E por isso os filhos que eram mais ligados a Flordelis fizeram as tentativas de matar o pastor.
"Percebemos que tentaram coptar o Lucas para praticar o crime para que fizesse parecer um latrocínio e que acontecesse em final de semana"
Puro veneno
No depoimento foi esclarecido que Flordelis preferia a morte do pastor do que 'envergonhar o nome de Deus'. Considerando a alternativa de separação, na visão da ex-deputada.
"Ficamos convencidos que a motivação financeira teve um papel principal. Após ser eleita, Flordelis falou com o filho André Bigode e se referiu à vítima como 'traste'. Todo o conjunto de testemunhas aponta que foram várias tentativas de envenamento, sendo o pastor atendido no Niterói Dor [hospital]".
Nos boletins de atendimento médico ficaram comprovados uso de cianeto e, a partir das investigações, foram realizadas buscas na internet por duas pessoas da família sobre nome deste veneno, além de duas mulheres da casa terem ingerido, por engano, bebidas direcionadas ao pastor.
Divina Flordelis
Segundo Allan Duarte, para a família Flordelis era uma espécie de figura divina. Quando os policiais foram na casa constataram que em uma geladeira havia somente água e salsicha, enquanto em outra havia fartura de produtos, mas que eram consumidos apenas pelos filhos biológicos ou os mais próximos a ela.
A maioria das testemunhas apontou Flordelis como sendo a única pessoa com condições financeiras para patrocinar a aquisição do armamento e que Flávio chegou a fazer curso de tiro. Diferente do depoimento de Bárbara Lomba, o delegado Allan Duarte foi ouvido por cerca de 40 minutos.
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