Redes sociais
Dicas para proteger o seu filho dos perigos da internet
Diálogo é a principal arma, dizem especialistas
O Brasil ficou chocado com o caso da menina, de 12 anos que foi sequestrada na porta da escola e levada para o Maranhão por Eduardo da Silva Noronha, de 25 anos, com quem manteve contato nas redes sociais por dois anos. Mas o que fazer para evitar que outros menores sejam vítimas de abusadores na internet? Especialistas em Segurança Pública e Psicologia ouvidos pelo ENFOCO foram unânimes: o diálogo é a base para proteger crianças e adolescentes de crimes no mundo virtual.
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"Eu também sou pai de um adolescente e sei que não é fácil, mas é o que tem ser feito é conversar sempre com seu filho e, se achar que não está conseguindo controlar a situação, buscar ajuda de um profissional", disse o titular da Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (DCAV), o delegado Luiz Henrique Marques.
Avaliação semelhante é da psicóloga Camila Donnola. "No momento que as crianças criam uma curiosidade sexual, os pais precisam buscar falar sem rodeios, entendendo que tem uma linguagem adaptada para elas sobre o que é uma relação sexual. Se os pais têm dificuldade, podem procurar ajuda da escola. Se a relação de confiança foi construída ao longo dos anos, isso não vai ter a característica de um monitoramento, mas de um cuidado”, explica a especialista.
O delegado Luiz Henrique Marques ainda orientou que a primeira atitude que os pais devem ter em casos de qualquer desconfiança é ir até uma delegacia. Segundo ele, não é recomendado que os pais tenham nenhum contato com o possível abusador, até para que haja uma preservação de provas.
Eu acho que qualquer pai e mãe que perceber que seu filho está sendo abusado por algum tipo de crime, ele tem que comparecer a delegacia especializada mais próxima, no caso da DCAV ou até mesmo a delegacia de informática, e procurar auxílio profissional da polícia. O ideal é procurar a delegacia para preservar a prova.
Já a psicóloga explicou que a forma mais eficaz de ilustrar para as crianças que casos de abusos sexuais nas redes sociais existem e podem acontecer com qualquer uma é assistindo a filmes.
“Esta é uma uma forma de conscientizar aquela criança ou adolescente sobre os riscos e ainda criar um vínculo entre pais e filhos. Desta forma, os menores não vão se sentir com medo de contar aos seus responsáveis se estão sofrendo ou já sofreram algum assédio”, recomenda a especialista.
SEM PERFIL DEFINIDO
O delegado Luis Henrique Marques aponta que 90% dos crimes investigados na DCAV do Rio são crimes de abuso sexual mas mediante as investigações não é possível traçar um perfil dos pedófilos e nem das vítimas.
Pedófilos entram nas redes sociais para tirar proveito de menores, seja tirando uma foto ou iludindo com palavras de consolo. Estas pessoas usam a sua maturidade para desrespeitar a infância. Além de filmes, também existem novelas que abordam o assunto para conscientizar as pessoas sobre crimes, que vêm se tornando cada vez mais comuns.
Como é o caso que vem sendo retratado na novela "Travessia", da TV Globo, na qual uma adolescente está sendo vítima de um homem que usa um aplicativo para se passar por uma influenciadora famosa que tenta ensinar como crescer no mundo das redes sociais. O abusador ainda incentiva a jovem a tirar a roupa na frente das câmeras. A menina acredita que está sendo ajudada, mas, no fim, está sendo enganada.
Neste sentido, Camila Donnola também ressalta sobre a forma que os adultos devem conversar com uma menina, para que não a coloque em uma posição na qual as ações dela que levaram ela a passar por essa situação, pois qualquer menina pode passar por esse risco. “É muito importante dizer aos pais que não existe padrão de beleza para pedófilo”, afirmou.
NÚMEROS CRESCENTES
De acordo com o Safernet, uma associação civil de direito privado com atuação nacional sem fins lucrativos, em 2022, as denúncias de imagens de abuso sexual contra crianças e adolescentes teve um aumento de 9%, comparado a 2020 e 2021 quando foram realizadas mais de 98 mil denúncias e 101 mil, respectivamente.
Com os casos de aliciamento infantil aumentando, a Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados aprovou, em novembro de 2022, o projeto de lei que altera o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) para aumentar em 1/3 a pena imposta a quem praticar o crime de aliciamento de crianças e adolescentes por meio de aplicativos de comunicação via internet. Com a mudança, a pena de reclusão passou para oito anos, mais uma multa.
DICAS para ORIENTAR CRIANÇAS E ADOLESCNTES
- Não compartilhar informações pessoais como endereço, nome completo e outros, com pessoas desconhecidas, seja de forma online ou presencial;
- Definir o momento adequado para o uso de celular e computador;
- Conversar com a criança ou adolescente para que estejam sempre contando para os pais em casos de conversas suspeitas;
- Ensinar as crianças a como se atentar a um diálogo com um suspeito, por exemplo: se atentar às contradições que o abusador fala, pois existem perguntas que os pedófilos não sabem responder ou mudam várias vezes a mesma resposta.
- Também é importante que as crianças conversem e se sintam seguras para compartilhar com os pais sobre possíveis abusos.
MOMENTO DE PEDIR AJUDA PROFISSIONAL
Os pais ou responsáveis devem recorrer à ajuda profissional quando já tentaram o diálogo de todas as formas, mas a criança ou o adolescente se mantém com comportamento introspectivo.
"Se eles tentaram conversar e não deu certo, se eles tentam fazer atividades juntos e as crianças são resistentes, se eles procuram fazer coisas para ficar no computador ou celular, é sinal de que talvez precise uma mediação e uma conversa para tentar entender o que está acontecendo com essa criança ou adolescente. Pode ser feito com o psicólogo da escola, e este profissional vai orientar qual é a melhor forma de agir" salientou Camila Donnola.
Camila alerta ainda que os pais devem se atentar quando os menores escondem o telefone na presença dos responsáveis, pois pode ser um sinal de abuso ou de algo errado.
“O principal comportamento que os pais devem se atentar é se a criança e o adolescente está escondendo o celular quando os pais ou responsáveis chegam perto. Além disso, são os comportamentos de qualquer abuso, as crianças ficam mais introspectivas, elas vão mudar o comportamento com frequência, mas principalmente no colégio".
Caso os pais não sintam que principalmente o adolescente tenha liberdade com eles, é válido apostar em quem da família esses jovens têm mais vínculo de confiança. Também é importante os pais se atentarem às próprias atitudes, pois se existir muita repressão é difícil uma comunicação de liberdade.
"Se os pais estão o tempo todo dizendo não, dizendo que não pode, limitando, restringindo ou proibindo, não dá pra esperar que. Esses adolescentes confiam neles. É preciso encontrar um equilíbrio entre o que dá pra fazer e o que não dá pra fazer. Se não dá pra fazer nada, qualquer coisa pode".
aplicativos para monitoramento
A intenção da orientação é tornar a internet um lugar seguro, uma vez que as novas gerações estão cada vez mais focados na vida cibernética, tanto para o uso educativo quanto para recreação. Pensando nisso, o ENFOCO selecionou cinco aplicativos gratuitos para que os pais monitorem seus filhos. Entretanto é válido ressaltar que, em caso de adolescentes, os pais falem sobre a instalação dos apps.
1 - Google Family Link
O aplicativo gera um relatório sobre o período de uso e também possibilita controlar o que pode ser comprado na Google Play Store, rastrear a localização, ocultar apps, bloquear o dispositivo e limitar o tempo de uso. Os relatórios sobre as ações do filho no celular podem ser gerados mensalmente ou semanalmente. Para cada criança, até cinco monitores podem ser adicionados. O aplicativo está disponível para iOS e Android.
2. AppBlock
Necessário somente no celular da criança, o AppBlock tem diversas ferramentas que servem para bloquear o uso chamadas, vídeos, fotos, aplicativos e downloads. Na lista de aplicativos instalados, os pais podem bloquear os que preferirem.
Outro recurso que o aplicativo possibilita é o bloqueio da desinstalação do AppBlock, basta habilitar essa funcionalidade no aplicativo.
3. Life360
O compartilhamento da localização dos usuários é um recurso utilizado pelo Life360 de forma eficiente, pois os pais podem acompanhar o percurso de cada filho recebendo informações de onde seu filho está ou por onde passou. Quando o filho chega em um local, um alerta é enviado para as pessoas adicionadas dentro de um círculo de monitoramento.
Caso aconteça alguma situação de emergência, o aplicativo faz uma chamada automática para os perfis selecionados. Se o telefone for perdido ou roubado, ele pode ser rastreado com o recurso da localização precisa do Life360.
4. GPS Rastreador de familia KidsControl
O monitoramento da localização do filho pode ser realizado mesmo sem Internet utilizando coordenadas específicas do GPS Rastreador da família KidsControl. Quando existe conexão, a precisão se torna de 10 a 40 metros maior, mesmo em lugares fechados como estacionamentos subterrâneos, por exemplo. No app, diversos locais como casa ou escola podem ser definidos para que alertas automáticos sejam enviados quando os filhos chegarem. Se o celular de quem é monitorado estiver quase sem bateria, é possível enviar uma mensagem para lembrar do carregamento.
5. Controle Parental Screen Time
Os assuntos que são visualizados em sites, redes sociais e demais conteúdos podem ser monitorados pelo app. As palavras digitadas nos buscadores do navegador do celular são vistas dando maior controle aos pais sobre o que os filhos veem na Internet. Além disso, é possível controlar o tempo que o filho passa no celular.
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