Polícia
'Debocham da minha dor', morte de atleta lota cemitério em SG
Tristeza, comoção e grito por justiça marcaram o sepultamento do jovem Vitor Reis de Amorim, de 19 anos, realizado na tarde desta quarta-feira (29), no Cemitério Municipal São Miguel, em São Gonçalo. Centenas de pessoas, entre familiares e amigos se reuniram às portas da Capela Nossa Senhora de Santanna, para o velório.
Vitor morreu após uma ação da Polícia Militar na comunidade da Jaqueira, no bairro Patronato, também em São Gonçalo, na noite de terça-feira (28). A família garante que o jovem não tinha qualquer envolvimento com o tráfico de drogas, enquanto a PM sustenta a versão de que o rapaz estava armado e teria sido atingido durante confronto.
"O legado do meu filho é maravilhoso. Se meu filho fosse bandido eu não estaria aqui. A polícia falou que ele trocou tiros com os policiais. Meu filho não sabe nem atirar! Eu trouxe as medalhas que ele conquistou com muita luta. Todo mundo gostava dele. Se o policial abordasse ele ia pedir desculpas pela educação. Mas atirou primeiro... Minha mulher tentou socorrer ele e sabe o que falaram? 'Se quiser faz outro filho'. Meu filho nunca perdeu uma luta, a única que ele perdeu na vida foi para a polícia. E eles ganharam um troféu, tiraram a vida do meu filho. Agora meu filho vai lutar lá no céu."
Valneci Ferreira, pai de Vitor
Esporte
Segundo a família, o jovem praticava artes marciais e tinha o sonho de seguir para o Ultimate Fighting Championship (UFC), principal evento da modalidade. Durante o cortejo, a doméstica Viviane dos Santos Reis, mãe de Vitor, precisou de atendimento médico. Ela ainda ressaltou o sonho do filho em seguir competindo.
"Tiraram tudo que eu tinha. Sempre foi um garoto trabalhador, tinha o sonho de virar lutador de UFC. Agora a polícia vem e faz isso. Uma covardia. Ainda debocham da minha dor. Quero que a justiça seja feita e que os responsáveis apodreçam na cadeia."
Viviane Reis, mãe de Vitor
O velório contou com orações e uma salva de palmas. Membros da equipe Paraná Vale Tudo (PRVT), em que Vitor fazia parte, estiveram presentes para prestar as últimas homenagens. As crianças incentivadas por Vitor a lutar carregaram, durante o cortejo, as medalhas adquiridas em competições. A equipe homenageou o companheiro com o grito de guerra oficial: "O que nós somos? PRVT!".
No caminho da capela até o cemitério, familiares e amigos ainda pediram uma investigação sobre os policiais militares do Batalhão de São Gonçalo (7° BPM). Membros da Corregedoria da Polícia Militar estiveram no local e se solidariezaram com a família. Eles foram até o velório para intimar o pai de Vitor a depor.
7º BPM
De acordo com a Polícia Militar, uma equipe do Batalhão de São Gonçalo (7º BPM) realizava patrulhamento pela Rua Mendes Ribeiro, quando se deparou com alguns elementos que, segundo a polícia, 'ao avistarem a viatura operacional fizeram saque de armas de fogo e efetuaram alguns disparos'.
Ainda segundo versão dos policiais, após o ataque os PMs revidaram de forma proporcional e técnica, 'onde um dos elementos foi alvejado'.
Por fim, a PM acrescenta que próximo ao corpo de Vítor, os policiais militares envolvidos na ação teriam encontrado uma pistola calibre 9mm com seis munições intactas e um rádio transmissor. De acordo com policiais 'os demais criminosos fugiram e se esconderam em residências não identificadas'.
O caso foi registrado na Delegacia de Neves (73ªDP), mas deverá ser investigado pela Divisão de Homícidios de Niterói e São Gonçalo (DHNSG).
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