Violência
Crimes de estelionato contra idosos cresceram em 55% em um ano
Somente em 2021, quase 20 mil pessoas foram vítimas
Quase 20 mil idosos foram vítimas de estelionato no estado do Rio, em 2021, segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP). A informação mostra como a faixa etária vem se tornando alvo crescente de criminosos, principalmente quando se fala em redes sociais. O número de casos no ano passado cresceu 55% comparado a 2020, quando foram registrados 12.383 vítimas no Rio, estatística também maior que 2019, com 11,2 mil ocorrências do tipo.
Segundo dados da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), o isolamento social causado pela quarentena na pandemia resultou em um aumento de 60% nas tentativas de golpes financeiros contra os idosos. Neste sábado 1º, é comemorado o Dia Internacional do Idoso e o ENFOCO reuniu dicas e informações para ajudar e se proteger de possíveis ataques.
Somente no ano passado, 19.292 pessoas na terceira idade sofreram o crime, que pode ocorrer de diversas formas, como, por exemplo, com o envolvimento do próprio familiar, como foi o caso da mulher que roubou obras de arte da mãe na Zona Sul do Rio após fingir, com o uso de falsas videntes, que iria morrer. O prejuízo, ao todo, chegou perto de R$ 700 milhões.
Outra forma bastante comum dos ataques acontece pela internet. De acordo com dados do ISP, o alvo preferencial dos criminosos tem sido, principalmente, as mulheres. Das mais de 19 mil vítimas no ano passado, 10,5 mil, ou 54,9%, eram do sexo feminino, frente a pouco mais de 8 mil homens que sofreram com a ação criminosa.
Especialista em segurança pública, Paulo Storani dá dicas de como se proteger das investidas mal intencionadas. Ele explica que é preciso que haja desconfiança e que os cuidados com aplicativos de mensagens devem ser redobrados.
Os idosos devem tomar cuidado com mensagens de Whatsapp ou alguém que chega oferecendo algo. Mesmo sendo de empresas que estejam se identificando ou representantes de telefonia pedindo para digitar algum número, a orientação é não fazer
''É necessário tomar cuidado com qualquer tipo de solicitação que é feita pela internet, por mensagem de e-mail, SMS ou mensagem telefônica via Whatsapp. Sempre desconfie e busque esclarecer se há alguma necessidade de alguma medida relacionada, por exemplo, à atualização de dados, de concessionárias, de fornecedores de serviço tipo telefonia ou tipo internet, essa é a melhor recomendação", finalizou.
Segundo a Febraban, os tipos de golpes cometidos contra idosos são:
Delivery/maquininha quebrada
Funciona quando a pessoa faz um pedido por aplicativo e, no momento da entrega, é apresentada uma maquininha com o visor danificado ou é colocada de uma forma que a vítima não veja o preço cobrado na tela. O valor inserido é superior ao pedido e a vítima só percebe que fez um pagamento maior depois de um tempo. Pode ocorrer também um formato que a compra já paga pelo aplicativo, mas a vítima é convencida que ocorreu um problema e é cobrada novamente ou cobrado algum frete adicional, normalmente também colocam um valor maior. Também podem simular uma ligação de uma falsa central informando problemas na cobrança no cartão e solicita os dados de cobrança da vítima.
A federação esclarece que a pessoa não aceite maquininhas quebradas e sempre confira o valor que aparece no visor. Peça para que o entregador digite o preço na sua frente, e fique atento se ele está apertando as teclas certas. Prefira pagar diretamente no aplicativo de compra ou para o vendedor e se já pagou antecipadamente não aceite novas cobranças e desconfie sempre de ligações pedindo os seus dados. Importante: Se a maquinha do entregador for um celular, ao fazer pagamento nesse tipo de tecnologia confira o valor somente na tela da parte de traz do aparelho.
Consignado
Nesta situação, o fraudador se passa por um funcionário de instituições financeiras e oferece empréstimos com condições vantajosas. Para que garanta a oferta, pede ao consumidor que faça um depósito bancário referente a taxas de cadastro ou pede antecipação de alguma parcela para que possa liberar o dinheiro às vítimas. Outra tática usada pelo fraudador é solicitar dados pessoais e financeiros da vítima e, com os dados em mãos, ele realiza transações fraudulentas em nome do cliente.
A Febraban alerta que não existe nenhum empréstimo em que a pessoa precise fazer qualquer tipo de pagamento antecipado, seja de IOF, taxas falsas de cadastros ou antecipação de parcela. E os bancos nunca ligam para o cliente pedindo senha, número do cartão ou transferência. Ao receber uma ligação suspeita, o cliente deve desligar, pegar o número de telefone que está no cartão bancário e ligar de outro telefone para tirar a limpo a história. Outra recomendação é desconfiar de promessas de vantagens exageradas. E jamais depositar dinheiro na conta de quem quer que seja com a finalidade de garantir o negócio.
Falso link
Outro golpe bastante comum acontece normalmente com ofertas muito atrativas que chegam por e-mail ou redes sociais como iscas para que os usuários informem seus dados como número de CPF, conta, cartões e senhas. Essas mensagens também podem instalar vírus e aplicativos que roubam seus dados por meio de links maliciosos, permitindo os golpistas acessarem todas as suas contas.
É preciso desconfiar de mensagens que não pediu ou aprovou, e de ofertas em que o desconto é tentador demais. Além disso, é importante ficar atento ao e-mail do remetente, empresas de grande porte não utilizam contas privadas como @gmail, @hotmail ou @terra e entidades públicas sempre usam @gov.br ou @org.br. Em caso de links, confira se o endereço da página corresponde ao correto. Em caso de dúvida, não clique.
Troca do cartão
Golpistas que simulam trabalho como vendedores prestam atenção quando a senha é digitada na máquina de compra e depois trocam o cartão na hora de devolvê-lo. Com o cartão e senha, eles fazem compras. O mesmo pode acontecer com desconhecidos oferecendo ajuda no caixa eletrônico. Eles se aproveitam de alguma dificuldade da pessoa no terminal eletrônico para pegar rapidamente o cartão e depois devolver um outro, ao mesmo tempo que percebem o código colocado.
Uma dica é sempre estar atento na hora das compras. Conferir se o nome está correto no cartão devolvido e, se possível, passar o cartão na maquininha em vez de entregá-lo para outra pessoa. Nos caixas eletrônicos, é importante procurar funcionários do banco devidamente uniformizados e não aceitar ajuda de desconhecidos.
Falso Motoboy
O golpe começa quando o cliente recebe uma ligação do golpista que se passa por funcionário do banco, dizendo que o cartão foi fraudado. O falso funcionário solicita a senha e pede que o cartão seja cortado, mas que o chip não seja danificado. Em seguida, diz que o cartão será retirado na casa do cliente. O outro golpista aparece onde a vítima está e retira o cartão. Mesmo com o cartão cortado, o chip está intacto e os fraudadores podem utilizá-lo para fazer transações e roubar o dinheiro da vítima.
Os bancos nunca pedem o cartão de volta nem mandam portadores para buscá-lo. Caso receba esse tipo de ligação ou visita, a recomendação é não entregar nada a ninguém e ligar imediatamente para o banco, de preferência de um celular, para saber se existe algum problema com a conta.
Bastante utilizado por criminosos devido à facilidade, os golpes por aplicativos de mensagens são feitos quando o golpista descobre o número do celular e o nome da vítima de quem pretendem clonar a conta. Com essas informações em mãos, os criminosos tentam cadastrar o WhatsApp da vítima nos aparelhos deles. Para concluir a operação, é preciso inserir o código de segurança que o aplicativo envia por SMS sempre que é instalado em um novo dispositivo.
Os fraudadores enviam ainda uma mensagem pelo WhatsApp fingindo ser do Serviço de Atendimento ao Cliente do site de vendas ou da empresa em que a vítima tem cadastro. Eles solicitam o código de segurança, que já foi enviado por SMS pelo aplicativo, afirmando se tratar de uma atualização, manutenção ou confirmação de cadastro. Com o código, os bandidos conseguem replicar a conta de WhatsApp em outro celular, têm acesso a todo o histórico de conversas e contatos. A partir daí, os criminosos enviam mensagens para os contatos, passando-se pela pessoa, pedindo dinheiro emprestado.
Desconfie de pessoas pedindo dinheiro ou dados por aplicativos de mensagem. Geralmente os golpistas apelam para alguma falsa urgência e pedem depósitos e transferências via Pix para contas de terceiros ou então para pagar alguma conta.
Nesse caso, o primeiro passo é proteger o WhatsApp de invasões e clonagens. Nas configurações do aplicativo, clique em “Conta”, depois em “Confirmação em Duas Etapas” e ative essa funcionalidade de segurança com uma senha. A ferramenta diminui a chance de golpistas roubarem o número. Nas configurações de privacidade, o ideal é deixar uma foto de perfil pública apenas para os seus contatos, assim ninguém a utiliza para golpes e nunca compartilhar o código de segurança. Caso haja pedido de parentes ou conhecidos pedindo dinheiro emprestado, é importante confirmar a identidade de quem está do outro lado.
Falsa Central de Atendimento
O fraudador entra em contato com a vítima se passando por um falso funcionário do banco ou empresa com a qual ela tem um relacionamento ativo. Ele então informa que a conta foi invadida, clonada ou outro problema e, a partir daí, solicita os dados pessoais e financeiros da vítima. Ele chega até a pedir para que ligue na central do banco, através do número que aparece atrás do cartão, mas o fraudador continua na linha para simular o atendimento da central e pedir os dados da sua conta, dos seus cartões e, principalmente, a senha quando a alguém a digita.
O ideal para estes tipo de golpes é desconfiar e desligar, entrando em contato com a instituição através dos canais oficiais, de preferência usando o celular ou aplicativos móveis, para saber se algo aconteceu de anormal na conta. O banco nunca liga para o cliente pedindo senha, número do cartão e nem para realizar transferência ou qualquer tipo de pagamento.
Caso a vítima caia nessas fraudes, ela deve reunir todas as provas possíveis para abrir um boletim de ocorrência para que a Polícia Civil inicie as investigações.
Campanha
Em setembro, a Febraban lançou a segunda fase da campanha de prevenção a fraudes "Pare e Pense: Pode ser Golpe". A primeira parte do projeto foi lançada no final de 2021. A ideia foi trazer vídeos, dicas e informações na mídia online aconselhando as vítimas para que elas não caíam nos golpes.
A federação disse também que os bancos investem cerca de R$ 3 bilhões por ano em sistemas de tecnologia da informação (TI) voltados para segurança. Essa ação é uma forma de garantir que o cliente realize transações financeiras cotidianas com segurança e de forma tranquila, sem golpes.
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