Mandado
Caso Marielle: carro e outros objetos apreendidos na casa de Suel
A mulher do ex-bombeiro também prestou depoimento nesta sexta
Aline Siqueira, esposa do ex-bombeiro Maxwell Simões, o Suel, esteve na Superintendência da Polícia Federal nesta manhã de sexta-feira (4) para prestar esclarecimentos. A advogada Fabíola Garcia, que defende Aline e Suel, explicou que houve um mandado de busca e apreensão que foi cumprido na residência do casal no Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste do Rio, também nesta manhã. No local, foram apreendidos um carro, um celular e um caderno com anotações de telefone.
A advogada de Aline afirmou que sua cliente se dirigiu até a PF, no entanto, após um pedido da defesa.
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"Aline foi trazida a pedido da defesa. A defesa da Aline, no caso eu, entrou em contato com o delegado Guilhermo Catramby essa semana para que ela fosse ouvida. Foi quando chegamos nesse acordo, que culminou em mais uma fase da operação. O delegado marcou um horário com ela e nós viemos. Ela veio prestar esclarecimentos quanto ao que eles precisavam saber”, afirmou.
Sobre a operação contra o esquema de gatonet de Suel, a advogada afirmou que foi gerado um novo número de processo com essa nova fase.
“Corre em sigilo e ainda não tive acesso a esse novo processo para saber do que se trata. Vou juntar a procuração ainda hoje (sexta) para ter acesso. Com relação à prova e materialidade, eu ainda não tive ciência”, contou.
O veículo apreendido é do modelo Land Rover Discovery. “O veículo já estava apreendido desde o dia em que o Maxwell foi preso, mas a Aline tinha ficado como fiel depositária. É até melhor que esse carro tenha sido levado. O carro é da Aline”, disse.
Indagada se Aline era uma “laranja” do Suel, já que ela era vendedora, mas não trabalhava na área há algum tempo, Fabíola disse que a vida financeira de Aline começou a ser esclarecida. “Mas, laranja não”, ressaltou. No entanto, ela não explicou com o que sua cliente trabalha.
Aline esteve na casa de Ronnie Lessa após a morte de Marielle e Anderson. “Não tem conexão com a morte de Marielle. No dia, Aline não fez contagem que Marielle tinha morrido. Não tem conexão nenhuma aos fatos e isso já foi esclarecido com a Polícia Civil e Federal”, afirmou.
Participação negada
Sobre o depoimento desta sexta, Fabíola afirmou que não poderia contar o que foi dito por sua cliente já que o processo corre em segredo de Justiça. Fabíola ressaltou, no entanto, que Aline não teme ser presa.
“Ela não tem a mínima participação (no crime). A vida da Aline é da Aline e do Maxwell é do Maxwell e são duas pessoas distintas, apesar de casadas, mas ela não teme (ser presa)”, contou.
Fabíola ressalta também que seu cliente, Maxwell, não tem participação no crime.
“Como defesa dele também, a gente continua negando qualquer participação (dele no crime). E a Aline chegou a falar (em outra entrevista) que se ela soubesse que ele estava no crime, ela não ficaria com ele, mas isso é uma questão deles como casal, ela estava de cabeça quente”, contou.
Mandados
Sete mandados de busca e apreensão foram cumpridos pela Polícia Federal e pelo Ministério Público do Rio, nesta sexta, em endereços no Complexo do Lins, no Méier, e em Rocha Miranda, todos na Zona Norte do Rio.
Esse é mais um desdobramento do inquérito que apura os assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. A Polícia Federal confirmou que realizará outras operações para buscar prender os mandantes do crime.
Até o momento, um homem foi conduzido pelos agentes ao local. Além de malas com objetos apreendidos, ainda não informados.
Segundo os investigadores, os endereços que foram alvos nesta sexta estão ligados a uma empresa de gatonet que possui relação com o ex-bombeiro Maxwell Simões, conhecido como Suel. Também foram expedidos mandados de prisão contra pessoas ligadas à empresa.
Maxwell foi preso no dia 24 de julho durante a primeira fase da Operação Élpis. A prisão foi feita pela PF junto com o MPRJ. Ele foi preso em sua casa no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio.
Suel foi apontado por Élcio de Queiroz, em uma delação premiada, como sendo responsável por realizar vigílias para fiscalizar Marielle.
No dia do crime, seria Maxwell quem dirigiria o carro enquanto Ronnie Lessa atiraria contra a vereadora, no entanto, após problemas em uma das vigílias com o carro, Lessa sentiu que a culpa era de Maxwell pelo fato do veículo ter dado problema, e chamou Élcio para ser seu motorista no dia do crime, conforme as denúncias.
As investigações também indicam que Suel é o dono do carro onde Lessa escondeu as armas e ajudou a jogar as armas do homicídio das vítimas no mar.
Maxwell já havia sido preso pelo caso em 2020 por atrapalhar as investigações e foi condenado a quatro anos de prisão em 2021. Ele estava em regime aberto.
O caso
Marielle e o motorista Anderson Gomes foram mortos na noite de 14 de março de 2018, quando o carro em que estavam foi atingido por 13 disparos, feitos de um outro carro que os seguia desde a Lapa, onde a vereadora havia participado de um encontro político.
Os ex-PMs Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz foram presos, quase um ano depois, em 12 de março de 2019, como executores do assassinato e continuam presos à espera de julgamento. Ambos negam participação nos crimes.
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