Polícia
Caso Ana Clara: 'Quero saber se ele vai conseguir viver com isso'
Foi enterrada no Cemitério São Francisco Xavier, no bairro de Charitas, em Niterói, na tarde desta quarta-feira (3), a pequena Ana Clara Gomes Machado, de 5 anos, morta nesta terça na comunidade do Monan Pequeno, em Pendotiba.
Emocionada, Cristiane Gomes, mãe da criança, diz não acreditar na Justiça:
"Daqui a pouco o policial que atirou estará na rua e de farda novamente. Minha filha morreu na covardia com tiros de fuzil na porta de casa"
Amigos e familiares da vítima desembarcaram de dois ônibus na porta do cemitério. Na camisa de cada um estava estampada a foto da Ana Clara, como forma de homenagem à criança. O velório teve gritos por justiça.
O enterro estava programado para ocorrer às 14h, mas sofreu atraso e foi realizado uma hora depois.
"Eles chegam no morro dando tiro e não tem tráfico lá. Eu quero que a morte da minha sobrinha tenha justiça", lamentou a tia da pequena.
De acordo com a Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSG), um inquérito foi instaurado para apurar a morte de Ana Clara Machado. Um policial militar, lotado no 12º Batalhão, é acusado de efetuar o disparo que matou a menina. Ele está preso desde a tarde desta terça (2).
As armas dos policiais militares que participaram da ação foram apreendidas para confronto balístico. Os agentes realizam diligências em busca de evidenciais que ajudem a identificar a origem do disparo que atingiu a vítima e que comprovem se houve confronto no local e quaisquer outros que sirvam para esclarecimento dos fatos.
Segundo a Polícia Civil, dando continuidade às investigações, houve a comprovação de contradições nas declarações dos policiais militares que, comparando com as declarações das demais testemunhas e da perícia realizada no local, resultaram na prisão em flagrante do PM que efetuou os disparos.
A Secretaria de Estado de Polícia Militar informa que o PM preso já foi conduzido à Unidade Prisional da Polícia Militar, em Niterói.
Manifestação
"Ele estava com medo de sujar a farda dele", disse a mãe de criança, durante o protesto realizado após o enterro.
Amigos e familiares da pequena Ana Clara saíram do enterro e fizeram uma manifestação na Estrada Francisco da Cruz Nunes, na tarde desta quarta-feira (3), no Largo da Batalha.
Aos gritos de "Ana Clara" e "Justiça", cerca de 50 pessoas caminharam pela via, que precisou ser fechada. Equipes do 12° Batalhão de Polícia Militar de Niterói acompanharam o ato.
A mãe da criança, Cristiane Gomes, participou pintada de vermelho, representando o sangue da menina. De acordo com ela, a filha tinha o sonho de salvar vidas.
"Ana Clara era uma menina amada por todos, companheira do irmão de dois anos. Ela disse que queria salvar vidas e morreu salvando a vida do irmão"
De acordo com Cristiane, a criança foi socorrida e levada para o hospital ao lado do autor do disparo.
"Ele estava com medo de sujar a farda com o sangue dela. Eles mataram minha filha, ela morreu no meu colo, do lado do assassino. Eu quero saber se ele vai conseguir deitar, encostar a cabeça no travesseiro e viver com isso", disse emocionada.
Na manhã desta quarta-feira, uma outra manifestação fechou a via e impediu a circulação dos ônibus, que permanece suspensa.
Com Layane Ramos
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