Revolta
'Cadê a justiça?', cobra família de camareira morta em motel de SG
Soraia Mendonça, de 51 anos, foi atropelada por um cliente
A família da camareira Soraia Mendonça Castanheiro, de 51 anos, que morreu três dias após ser atropelada por um carro - no próprio local de trabalho, no bairro Arsenal, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, não se conforma com a condução do caso pelas autoridades.
Ela deixa dois filhos, de 18 e 29 anos, e um neto de 6. Soraia seria avó novamente, em outubro, com o nascimento de uma menina que vai se chamar Elisa. A vítima comemoraria o próprio aniversário no próximo dia 27.
"Ela estava muito feliz. Tinha comprado até as roupinhas", disse o sobrinho Lorhan Mendonça.
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Infelizmente, enquanto todo mundo chora, o motorista que matou está impune. Ele não prestou socorro. O filho dele chegou com a polícia para o pai poder sair ileso. Queremos Justiça!
Motorista liberado
O veículo que atropelou Soraia, era dirigido por um motorista de 74 anos, que prestou depoimento na Delegacia de Rio do Ouro (75ª DP) e foi liberado. Segundo informações preliminares, na ocasião, ele estava acompanhado de uma mulher.
Na distrital, o idoso informou que 'não se lembrar' do acidente. A Polícia Civil classifica o caso como lesão corporal culposa, ou seja, sem a intenção de matar.
O teste de alcoolemia realizado no condutor deu negativo para embriaguez, descartando a hipótese de consumo de álcool.
Dor
Dor e a indignação tomaram conta de amigos e familiares de Soraia, nesta terça-feira (2), durante o enterro no Cemitério São Miguel, também em São Gonçalo.
Ainda de acordo com a cunhada da vítima, após o atropelamento, o motorista foi trancado por amigos da vítima, em um dos quartos do motel, em uma tentativa de garantir Justiça.
"Cadê o socorro dos policiais que estavam o tempo todo preocupados com a pessoa que estava lá dentro, que nós resguardamos para que houvesse Justiça? A polícia transforma totalmente o cenário do crime, ao invés de levar para a delegacia, tenta levar o motorista para o hospital. Se ele não estava alcoolizado, que medicamento ele tomou? Tem que ser feito o exame, cadê a Justiça?", apontou a familiar.
Alta velocidade
O carro do idoso de 74 anos estaria em alta velocidade, segundo testemunhou a recepcionista do motel Hinária Magalhães.
"Ele entrou em alta velocidade, não deu tempo de parar e nem de dar boa tarde. Ele já entrou derrubando o portão. Só parou porque bateu na parede de um dos apartamentos. Alegou que estava passando mal, desceu do carro com a mão na cabeça", contou.
Amada
A camareira Soraia Mendonça, que trabalhava no motel Arsenal há cinco anos, era muito querida por seus colegas.
"Eu fazia parte do ciclo de amizade dela, costumava ir na casa dela. Ver aquela cena dela caída no chão, com sangue saindo pela boca, foi terrível. O motorista não socorreu, ele não tinha nem condições de socorrer. Nós chamamos o pessoal do posto de saúde. Ela estava com a mandíbula, a mão e os braços quebrados", contou Hinária Magalhães, que também trabalha no local.
'Falha na segurança', diz advogado
O advogado Petronilho Carneiro, que representa a família da vítima, afirmou que acompanhará todos os procedimentos legais para assegurar justiça.
"Vamos acompanhar toda a ação criminal e os procedimentos realizados pela polícia de modo a fundamentar uma Justiça criminal, civil e na parte trabalhista porque a empresa falhou com a segurança. A defesa entende que, a princípio, trata-se de um homicídio culposo sobre veículo automotor. No entanto, se for verificado durante a investigação que o agente do crime assumiu o risco de produzir o resultado morte, ele deve responder por homicídio doloso", explicou.
A investigação está a cargo da 75ª DP (Rio do Ouro). Imagens de câmeras de segurança do motel serão analisadas. O estabelecimento não quis se pronunciar sobre o caso, quando a reportagem esteve no local na segunda-feira (1º).
Embora tenha afirmado que não havia sido acionada para a ocorrência, a Polícia Militar informou nesta terça-feira ao ENFOCO que “equipes do 7º BPM estiveram no local, e a vítima já havia sido socorrida. O autor não se evadiu e foi conduzido à 75ª DP para apreciação dos fatos”.
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