Luto
Amigos de igreja fazem culto em despedida de major dos Bombeiros
Corpo de Wagner Bonin, de 42 anos, foi enterrado neste sábado
Centenas de familiares, colegas de farda e amigos particulares do major do Corpo de Bombeiros Wagner Luiz Melo Bonin, de 42 anos, se reuniram no Cemitério Parque Jardim de Mesquita, na Baixada Fluminense, nesta manhã de sábado (19) para a despedida do militar.
Ele foi morto e teve o corpo carbonizado por traficantes após ser flagrado tirando fotos de uma barricada em São João de Meriti, onde morava. Wagner deixa uma filha de dois anos e uma esposa.
No velório, muita emoção tomou conta daqueles que prestaram suas últimas homenagens ao major.
Na cerimônia, foram ditas diversas palavras e salmos de fé. Um dos colegas que discursou também disse que a corporação está de luto e que o sentimento é o desejo de protestar. O corpo de Wagner chegou por volta das 8h45 em um caminhão da corporação.
Muito religioso, Bonin fazia parte da Primeira Igreja Batista em Éden, localizada em São João de Meriti. Por causa disso, cânticos e palavras de louvor foram ditas no funeral, em uma espécie de culto.
Ainda no velório, os colegas e amigos de Wagner prestaram uma salva de palmas e muitos se emocionaram. A esposa de Wagner estava muito abalada e não conseguiu falar com a imprensa.
Dentre os cortejos, houveram salvas de tiros e de palmas. Colegas se ajoelharam durante o sepultamento do militar, que ocorreu por volta das 10h30. Pétalas de rosa caíram de um helicóptero da corporação enquanto o major Wagner era enterrado.
O tenente-coronel Mario Verdini, comandante do Grupamento de Operações Aéreas do Corpo de Bombeiros, onde Wagner era lotado, falou que o colega era atencioso e deixará saudades.
“O major Wagner Bonin foi um excelente militar, ele estava há oito anos na fileira do Grupamento de Operações Aéreas. É uma perda irreparável para a nossa corporação e a nossa sociedade. O major foi um bombeiro militar exemplar. Sempre atencioso, sincero, estudioso, honesto. Isso para a gente vale demais. É o que fica do nosso amigo”, afirmou ele, que disse que a corporação segue prestando apoio para a família.
“O major Wagner Bonin jamais será esquecido. Toda a tropa está de luto. Nossa eterna continência a este eterno herói por todo o trabalho realizado em prol da sociedade, no cumprimento do juramento, e honrando a missão de Vida Alheia e Riquezas Salvar”, afirmou o secretário de Estado de Defesa Civil e comandante-geral do CBMERJ, coronel Leandro Sampaio Monteiro.
O caso
O major foi morto após fotografar, de dentro de seu carro, barricadas montadas por bandidos na tarde de quarta-feira (16), em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, onde morava. Ele foi descoberto e traficantes o sequestraram.
Wagner ficou desaparecido por poucas horas e seu corpo foi encontrado carbonizado no Parque Columbia, na Pavuna, Zona Norte do Rio. Ele era lotado no Grupamento de Operações Aéreas (GOA) desde 2014. Bonin estava desde 2002 na corporação.
Formado em enfermagem, ele também atuava transportando órgãos para aqueles que estavam nas filas de transplante. Ele fazia as viagens nos helicópteros da corporação. Em 2019, o militar chegou a receber uma condecoração por sua atuação na tragédia de Brumadinho.
Prisão
Washington Rogério Magalhães Braga, de 20 anos, foi preso por policiais do Batalhão de Policiamento em Vias Especiais na noite de quinta-feira (17) na Avenida Brasil. Com ele, foram detidos mais dois homens. Todos foram levados para a Delegacia de Homicídios da Capital.
Na delegacia, Washington confessou ser um dos sequestradores e também ter assassinado o major do Corpo de Bombeiros. Ele também falou que estava fugindo de Campo Grande depois que agentes estavam na região e encontraram pertences do major em sua casa.
Washington segue na delegacia desde então. Ele será transferido para o presídio em Benfica neste sábado (19). Os outros dois homens que estavam com ele foram liberados.
Nota de pesar
O Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro manifestou seu mais profundo pesar pelo falecimento do major Wagner Bonin, de 42 anos, brutalmente assassinado, na noite de quarta-feira (16), em São João de Meriti.
"A corporação se solidariza e deseja as mais sinceras condolências a parentes e amigos do militar, que desde 2002 integrava as fileiras da corporação. Psicólogos e assistentes sociais estão à disposição para dar todo o suporte para a família, neste momento de dor. Nossa eterna continência a este eterno herói por todo o trabalho realizado em prol da sociedade, no cumprimento do juramento, honrando a missão de Vida Alheia e Riquezas Salvar. O Major Wagner Bonin jamais será esquecido. Toda a tropa está de luto. O CBMERJ confia na Polícia Militar e na Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro para esclarecer as circunstâncias do crime e prender os responsáveis", finalizou.
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