Tragédia
'Acabaram com minha família', diz viúva de trabalhador morto no Rio
Bombeiro hidráulico foi alvo de bala perdida na ida ao trabalho
Parentes do bombeiro hidráulico Reginaldo Nogueira, de 46 anos, estiveram no Instituto Médico-Legal (IML) Afrânio Peixoto, no Centro do Rio, na manhã desta segunda (26), para liberar o corpo do trabalhador. Ele foi morto neste domingo (25) na Comunidade do Arará, em Benfica, na Zona Norte do Rio, depois de ser atingido por uma bala perdida quando seguia para o trabalho.
A empregada doméstica Cristiane Ramos Nunes, de 46 anos, esteve na unidade para reconhecer o corpo do marido. Segundo ela, Reginaldo costumava avisar quando chegava no trabalho, rotina que não aconteceu dessa vez.
A minha família era pequena e mesmo assim conseguiram acabar com ela
“Ele saiu de casa para o trabalho às 5h e deu bom dia nos grupos da família. Para mim, ele manda mensagem quando chega no trabalho e fala. Isso sempre ocorre e não foi o que aconteceu dessa vez, nem de manhã, nem de tarde e nem de noite. Aí estranhei e mandei mensagem para os amigos do trabalho, que falaram que ele não tinha chegado para trabalhar. O carro estava desde 6h da manhã na entrada da Comunidade do Arará, em Benfica. Isso já era 22h", contou a viúva.
A família mora em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio, e Reginaldo trabalhava no Rocha, na Zona Norte do Rio, na empresa Águas do Rio. Ela perguntou aos amigos do bombeiro hidráulico sobre ele, mas foi avisada que ele não chegara ao trabalho. Cristiane foi até aonde o carro estava e lá soube de um homem baleado.
“Aí eu fui lá também para tentar entender o que ocorreu e vi nosso carro aberto. Não levaram nada. O celular dele estava com ele, as chaves, tudo. No carro só tinha a marmita. E aí falaram que tinha um baleado no Hospital Federal de Bonsucesso. Eu já tinha ligado para lá de casa e falaram que ele não tinha dado entrada. Só que ele já chegou lá na unidade de saúde sem vida e me mandaram vir para cá para o IML hoje [segunda]”, relatou.
A doméstica disse ainda que o marido não trabalharia neste domingo, mas que foi a pedido do chefe para fazer um turno extra.
“Ele voltou para casa no sábado, mas não voltou para casa no domingo. Ele nem estava de plantão no domingo, ele foi a pedido do chefe e estava fazendo um extra porque ele era muito trabalhador. E é isso, mais um guerreiro perdi para essa violência que a gente vive”, contou.
Procurada, a Polícia Militar informou que “na manhã deste domingo (25/9), de acordo com os policiais envolvidos na ocorrência, uma equipe da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) Arará/Mandela foi atacada a tiros por criminosos em duas motocicletas na esquina da Rua Célio Nascimento com Rua Carlos Matoso Corrêa, em Benfica. Os policiais reagiram e os criminosos fugiram. Em seguida, a equipe visualizou um homem ferido e o socorreu ao Hospital Federal de Bonsucesso, onde a vítima não resistiu aos ferimentos.”
O caso foi registrado na Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), onde os familiares já foram ouvidos nesta segunda-feira (26). A PM também disse que a pistola do militar que efetuou os disparos já foi entregue à perícia. A Corregedoria-Geral da Corporação também acompanha diretamente o caso.
Conforme a Polícia Civil, os policiais militares envolvidos na ação prestaram depoimento e outras testemunhas também devem ser ouvidas. Os agentes estão em diligências para elucidar os fatos.
Pedido de casamento
Reginaldo pediu Cristiane em casamento no último dia 14 de setembro. Eles estão há 19 anos juntos e possuem uma filha de 17 anos.
“A gente ia se casar no ano que vem, em março, comemorando nossos 20 anos juntos. Ele me pediu em casamento nesse mês quando fizemos 19 anos. Estávamos felizes e isso aconteceu”, disse ela.
A concessionária Águas do Rio foi procurada e informou, em nota, que lamenta o falecimento de Reginaldo Nogueira. A empresa disse que se solidariza e está prestando toda assistência à família. Reginaldo era agente de saneamento e trabalhava desde o início das operações da concessionária.
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