Empreendedorismo
Uma luta! Conheça a vida real dos vendedores de quentinha no Rio
Atividade vem sendo representada na novela 'Vai na Fé', da Globo
Acordar cedo, escolher os melhores ingredientes do mercado, preparar todo o cozimento, colocar em uma embalagem que mantenha a temperatura quente e comercializar os pratos prontos pelas ruas do Rio. Esse é o trabalho de muitos vendedores de quentinha que atuam no ramo e tentam conquistar cada vez mais seus espaços.
Recentemente, a novela "Vai na Fé", da Rede Globo, representou a profissão com a personagem Solange, interpretada pela atriz Sheron Menezzes. Na trama, a protagonista trabalha vendendo quentinha no Centro do Rio, e como estratégia de marketing faz paródias com o cardápio do dia.
Uma parte do que acontece na novela é a realidade de Wallace Hiltom, de 32 anos, vendedor de quentinha há cinco anos. O autônomo começou a trabalhar ainda muito jovem, para ajudar nas tarefas de casa. Ao longo dos anos, ele descobriu sua verdadeira vocação no ramo culinário.
"Eu trabalhava na praia, atendendo a orla, os barraqueiros, mas veio a pandemia. Foi então que comecei a inovar, peguei o carro e usava ele para vender nas ruas. Assim eu fui construindo meus clientes", conta.
A rotina do vendedor é cansativa, na cozinha, ele conta com ajuda de outros funcionários que começam os trabalhos brutos de madrugada, descascando e fatiando alimentos, deixando tudo no esquema para o preparo e montagem dos pratos, próximo da hora de venda.
"Por volta de 00h, chegam duas pessoas para descascar as batatas, cortar os filés de frango, coxa, sobrecoxa, fazer todo o material. Logo pela manhã chega mais gente para preparar a comida, montar as quentinhas e preparar para a venda. A gente começa meia noite e só para as 11h da manhã", pontua.
Uma rede de funcionários
As vendas foram crescendo e Wallace começou a expandir os negócios. Atualmente, o autônomo atua com ajuda de 10 funcionários que ficam espalhados em diferentes zonas do Rio e Região Metropolitana.
"A gente conseguiu manter um padrão melhor, porque na pandemia foi difícil, eu tinha restaurante e não consegui manter, precisei fechar. Hoje, tenho dez funcionários fixos, uns trabalham na cozinha e outros em pontos diferentes", relatou.
Segundo Wallace, cerca de 400 marmitas são vendidas por dia, no valor de R$10,00
E quanto mais ajuda, melhor! Isso porque a rotina do Wallace é puxada, todos os dias, ele encerra as vendas do almoço e já corre ao mercado para escolher os melhores produtos que serão preparados para as vendas do dia seguinte..
Todo dia é material fresco! Eu compro feijão, arroz, alho, complementos, já que tem dia que é batata cozida, cenoura, batata frita, ovo... Caixa fechada de filé de frango, carne moída é processada na hora, nada reaproveitado. Todo dia eu to no mercado, minha rotina é essa, eu chego aqui para trabalhar, quando saio daqui já vou direto para o mercado preparar tudo de novo
E a comida fresquinha, por preço acessível, é aprovada pelo público, que chega em massa para garantir o prato próximo das 11h. E é tanta gente aprovando o tempero do vendedor, que chega a formar fila.
O valor fixo da quentinha é de R$10 e quem compra ainda leva uma bebida. Os sabores variam entre frango a parmegiana, peito de frango empanado, calabresa acebolada, panqueca de carne, almôndega, isca de frango, pernil, entre outros. Segundo Wallace, cerca de 400 marmitas são vendidas por dia em sua rede.
Perseguidos
Nas telinhas, a representação da profissão não apresenta os problemas. Segundo Wallace, os vendedores de quentinhas ainda são muito importunados e estão lutando, cada vez mais, para conquistar um espaço nos ramos alimentícios.
"Hoje em dia nós somos muito perseguidos, a gente não tem um espaço, uma porta aberta, para poder trabalhar tranquilo, dependendo do local que trabalha", lamenta.
Mas, a aprovação dos clientes faz com que o vendedor queira, cada vez mais, procurar regulamentar a profissão e viver tranquilo fazendo o que ama.
"Os clientes ficam muito satisfeitos com a nossa comida. O trabalhador depende da nossa refeição, porque, às vezes, não tem um espaço onde comprar, a dificuldade devido ao horário. Essa rede de quentinhas já montadas faz o trabalhador ganhar tempo, agilidade total, a vida é muito corrida", diz Wallace.
Diferencial
O Wallace não lança as paródias que a Sol improvisa nas telinhas, mas ele garante que tem um diferencial no seu negócio.
"O atendimento! Nosso atendimento é excelente. E a qualidade dos produtos, trabalhar com tudo fresquinho, não reaproveitar nada, embalagem nova, descartável novo, nisso você passa confiança para o cliente", promete.
Para o autônomo, as vendas de comida já se consolidaram parte da sua vida: "Eu comecei a trabalhar muito cedo, conforme o tempo foi passando, eu tive que parar de estudar para trabalhar. Isso veio da minha mãe para mim, e assim eu estou lidando, mantendo meus negócios. Isso hoje é meu ganha pão, foi meu crescimento e de todos que estão em volta de mim. Isso tudo é para dar um futuro melhor para o meu filho, poder pagar uma escola boa para ele, hoje eu dependo dessa quentinha, é o que eu sei fazer".
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