Devastada
‘Tirou meu coração’, diz mãe de menina morta durante confronto
Ester estava voltando para casa quando foi atingida por tiros
“Por que, meu Deus? Por que a minha menina? A mamãe nunca vai te abandonar, minha filha”. Esse era o grito da mãe de Ester de Assis Oliveira, de apenas 9 anos, enquanto se despedia de sua filha na manhã desta sexta-feira (7), no Cemitério de Irajá, na Zona Norte do Rio.
Durante o velório, a mãe, Thamires de Assis dos Santos, precisou ser amparada por familiares. Muito abalada, ela chorava sem parar e dizia: “Ela não merecia isso. Ela não merecia”.
Familiares se despediram com aplausos e cantaram uma música em homenagem à pequena. “Vou guardá-lo em meu coração, as lembranças jamais mudarão. Pois quando partir, e saudades sentir estarás sempre em meu coração”, dizia a letra.
A mãe relatou que a menina estava voltando da escola com um pedaço de bolo que ganhou de Páscoa. Ainda segundo Thamires, o que ela busca neste momento é justiça. “Tiraram um pedaço de mim, ela só tinha 9 aninhos, tinha muito pra viver ainda. Arrancaram a vida da minha filha. Ela estava vindo da escola, com um pedaço de bolo que ganhou de Páscoa, estava no caminho certo de casa. Eu só quero justiça pelo o que aconteceu com a minha filha pra que nenhuma mãe sentir a dor que eu estou sentindo hoje.”
A mãe contou da dor que sentiu ao dar a notícia da morte da filha para o pai da criança. “Arrancaram meu coração, arrancaram. Eu tive que dar pra ele [o pai] a notícia de que ela nasceu, e de que ela morreu. Isso dói. Ela era muito boa e não merecia isso”, falou emocionada.
Thamires ainda falou que a filha estava querendo fazer aulas de judô, mas que com a tragédia, isso não chegou a acontecer.
O pai, Dilson Moreira, descreveu a dor e exaltou a filha. “Me mataram, me mataram. Tiraram a minha vida. Ela era muito forte, muito forte”.
Ester foi atingida na cabeça durante um confronto entre traficantes em Madureira, também na Zona Norte.
Dor irreparável
Nesta quinta (6), Thamires esteve no Instituto Médico Legal (IML) para reconhecer o corpo da filha. Agarrada ao urso de pelúcia de Ester, ela chorava incessantemente e dizia: “Meu Deus, por que isso? A minha menininha, a minha menininha. Eu perdi a minha menininha. Ôh, meu Deus, eu perdi a minha menininha”.
No momento em que foi baleada, a criança voltava da Escola Municipal Astolfo Rezende, e ia para casa acompanhada de uma tia. No percurso, na Rua Piraquê, ela foi atingida.
Ester foi levada pela mãe para a UPA de Irajá, de onde foi transferida para o Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha, mas não resistiu.
O tiroteio deixou ainda outras três pessoas feridas. Glaucy Custódio Vieira, de 48 anos, foi encaminhada ao Hospital Getúlio Vargas. Não há informações sobre seu estado de saúde. Na mesma noite, dois homens, que deram entrada na unidade de saúde vindos de Madureira, receberam alta.
Os feridos seriam moradores da Comunidade do Cajueiro, em Madureira, e teriam sido atingidos durante um confronto entre criminosos.
No momento dos incidentes, não havia ação da Polícia Militar na localidade. Equipes do 9° BPM (Rocha Miranda) reforçam o policiamento na região e atuam para estabilizar o perímetro. O caso foi encaminhado para a 29ª DP (Madureira).
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