Às escuras
Sem luz, jovem com paralisia cerebral luta pela vida em SG
Caso acontece no Jóquei, já são mais de 120 horas sem energia
Embora a Enel afirme que já restabeleceu a energia elétrica em bairros do Rio e Região Metropolitana, afetados pelo temporal do último sábado (18), a luz ainda não chegou na casa da dona Vanusa dos Santos, de 47 anos. Mãe de um filho com diagnóstico de paralisia cerebral grave, os dias acabaram se tornado verdadeiras batalhas, após mais de 120 horas no apagão.
Moradores do bairro Jóquei, em São Gonçalo, a dona de casa e o filho Lucas dos Santos, de 27 anos, estão a mais de cinco dias sem conseguirem uma noite tranquila de sono. Os problemas são ainda piores porque o rapaz, com dificuldade de locomoção, usa um colchão pneumático que, para funcionar, precisa de energia.
"Meu filho não consegue sair de casa, eu tenho um protocolo da Justiça de que ele só pode sair de casa de ambulância. Eu to com a cama desligada, não consigo mexer, o colchão pneumático dele, a essa altura já deve ter ido para o saco, ele não pode ficar inclinado. Meu filho não pode ficar deitado, tem que ficar com a cabeceira elevada", detalha Vanusa.
Pelo diagnóstico, o Lucas se enquadra como 'Cliente Vital' da Enel. Isso significa que ele utiliza equipamentos elétricos essenciais à sobrevivência humana. Por isso, a Vanusa achou estranho tamanha demora para restabelecer a luz na residência, problema esse que nunca enfrentou antes.
"A Enel sempre atendeu o Lucas, ele é cliente vital, eles tem um protocolo. Eles vêm aqui em casa, tiram foto dele na cama, de seis em seis meses mandam um profissional de surpresa, para saber se a pessoa está se beneficiando, então eles tem todas as provas que o Lucas é cliente vital", explica.
Alimentos e medicamentos estragados
O Lucas precisa se alimentar através de uma sonda, com comidas líquidas. Toda a dieta do paciente ficava reservada na geladeira de dona Vanusa. Com a falta de luz, os alimentos estragaram. Além disso, a medicação do rapaz também estava armazenada no resfriador, a mãe conta que os remédios estão inutilizados.
"A gente não consegue ligar o aspirador, nebulizador, a medicação que estava na geladeira já foi para o saco. A dieta dele, que estava na geladeira, também. Ele não come comida normal, é uma específica para ele, estamos tendo que ir no vizinho fazer", lamenta.
Os prejuízos também chegaram nos eletrodomésticos. Segundo a dona de casa, o ar condicionado e o umidificador, instalados no quarto do Lucas, queimaram.
O que diz a Enel?
"A Enel Distribuição Rio informa que normalizou o fornecimento de energia para os clientes que tiveram o fornecimento afetado no último sábado (18), quando uma tempestade atingiu a área de concessão da empresa.
O trabalho continua nos atendimentos a casos específicos de ocorrências originadas nos dias seguintes à chuva.
O evento climático, com chuva, fortes rajadas de vento e descargas atmosféricas, causou danos severos à rede elétrica de várias cidades fluminenses, interrompendo o fornecimento de energia.
Cerca de 900 equipes seguirão atuando na área de concessão ao longo desta semana para acelerar o atendimento.
Como as emergências foram espalhadas em diferentes pontos específicos e a destruição da rede afetou vários locais ao mesmo tempo, o restabelecimento do serviço ocorreu de forma gradativa, apesar de todo o adicional de técnicos atuando nas ruas."
Segundo a família do Lucas, a luz foi restabelecida às 12h50, minutos após a publicação desta reportagem.
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