Que situação!
Torneiras secas em SG: famílias reaproveitam água do ar-condicionado
Moradores estão há mais de um mês sem abastecimento

Moradores da Rua Odila Gomes Barros, no bairro Rocha, em São Gonçalo, denunciam estar sem fornecimento de água há mais de um mês. O ENFOCO esteve no local, nesta terça-feira (18), e constatou que as famílias estão recorrendo à água de aparelhos de ar-condicionado para realizar tarefas diárias.
Segundo os relatos, a Águas do Rio, concessionária responsável pelo abastecimento, tem adotado apenas soluções paliativas, como o envio de caminhões-pipa, sem resolver a causa do problema, que já se estende desde setembro do ano passado. A moradora Priscilla Pires Nunes, de 46 anos, já abriu mais de 25 protocolos na concessionária e procurou diversas instâncias, como ouvidorias e a Defensoria Pública.

"A gente não tem que viver de pipa d'água, tem que viver com água encanada. A pipa d'água é o último recurso. Até porque a gente paga", argumenta.
Segundo Priscilla, técnicos da concessionária já identificaram baixa pressão na rede como a causa do problema, mas nenhuma solução definitiva foi implementada.
Na semana em que o estado do Rio vive uma onda de calor, os moradores se veem num dilema: tomar banho ou cozinhar?

Temos que decidir todos os dias se vamos tomar banho, cozinhar ou lavar roupa. É humilhante. A gente paga as contas, mas se atrasar um pagamento, vem multa.
Na região, há casas com idosos acamados e recém-operados. A situação tem impactado diretamente a rotina e a saúde dos moradores. O autônomo Lauro Rodrigues da Silva, de 23 anos, relata a dificuldade de cuidar da mãe, que está em recuperação de uma cirurgia.

"Os reservatórios já estão no fim. Minha mãe está se recuperando de uma cirurgia e precisa limpar os ferimentos, fazer curativos, é muito arriscado reaproveitar água e infeccionar’’, preocupa-se.
A situação semelhante afeta a enfermeira sanitarista Fátima Moreira, de 63 anos. Ela relata dificuldades para manter a higiene da mãe de 88 anos, que recentemente teve uma internação por gastroenterite.
"Recebi apenas duas pipas d'água em seis meses. A água que pinga na minha cisterna pode vir limpa, mas depois de tantos dias com o cano seco, acumula vírus e bactérias. Minha preocupação é com a qualidade dessa água".

Ainda segundo a moradora, o jeito tem sido comprar garrafas de água mineral e usar toalhinhas higiênicas para reduzir o número de banhos.
‘’Em um verão desse, em que precisamos de água, precisamos nos hidratar, tomar mais banhos, como é que a gente fica? Com esses reservatórios de água que estão fazendo, vai aumentar mais a questão da dengue, porque muita gente não tem a mesma consciência que muitos de nós aqui da rua têm, de armazenar água tampada. Com esse armazenamento fajuto, você vai ver a proliferação do mosquito da dengue, as diarreias...’’, alertou.
Enquanto aguardam uma solução definitiva, os moradores continuam recorrendo a alternativas emergenciais, como o compartilhamento de água entre vizinhos e a compra de caminhões-pipa particulares, o que tem gerado custos adicionais e transtornos aos residentes.

Os moradores também relatam que outras ruas próximas têm abastecimento normal, o que levanta suspeitas de que a falta de água na Rua Odila Gomes Barros esteja relacionada a uma intervenção na distribuição. "A água não falta em toda a região, apenas aqui. Quando querem, abrem a manobra, e a água vem", diz Priscilla.
Além dos relatos de falta d'água, os moradores também criticam cobranças de valores exorbitantes nas contas, mesmo sem estarem consumindo. ‘’A gente não se nega a pagar. Mas a gente quer pagar aquilo que a gente consome, o que é justo’’, concluiu a moradora, Priscilla Pires.
Questionada pelo ENFOCO, a concessionária Águas do Rio informou que dará início, nesta quarta-feira (19) a uma obra de extensão de rede que vai melhorar o fornecimento de água para a região afetada.
"A concessionária esclarece que hoje (18) realizou o abastecimento alternativo dos clientes por meio de caminhão-pipa, que vai ser mantido até que o abastecimento seja normalizado. A empresa segue à disposição pelo 0800 195 0 195 para ligações gratuitas ou mensagens via Whatsapp", complementa a nota.


Perdeu documentos, objetos ou achou e deseja devolver? Clique aqui e participe do grupo do Enfoco no Facebook. Tá tudo lá!