Cidades
Ruas tomadas por protestos no Centro de Niterói
Milhares de alunos, profissionais da Universidade Federal Fluminense (UFF), além de movimentos sindicais e estudantis se reuniram na tarde desta quarta-feira (8), desde as 16h, em frente ao campus Gragoatá, em São Domingos na Zona Sul de Niterói, para uma manifestação contra o corte de verba determinado pelo Ministério da Educação que seria destinado as universidades. O protesto percorreu diferentes ruas do centro da cidade.
A manifestação começou por volta de 18h. Os estudantes saíram em direção ao Centro percorrendo parte da Avenida Visconde do Rio Branco até a Rua da Conceição, onde os manifestantes entraram pela Visconde de Sepetiba, descendo pela Amaral Peixoto até a Praça Arariboia. Agentes da NitTrans auxiliaram o trânsito que ficou complicado na região. Policiais militares do 12º Batalhão também prestaram auxílio na manifestação.
Trânsito
Por conta da manifestação o tráfego de veículos ficou comprometido e houve lentidão nas ruas do Centro. Vias importantes como as avenidas Amaral Peixoto e Visconde do Rio Branco ficaram completamente interditadas com reflexos em vias de chegado ao bairro, como a Alameda São Boaventura, no Fonseca, e Avenida do Contorno, no Barreto. Na Ponte Rio-Niterói, congestionamento foi registrado em quase toda a extensão do trecho no sentido Niterói com tempo de travessia em mais de meia hora.
O transporte público também sofreu alterações com a passagem da manifestação. Com a proximidade do Terminal Rodoviário João Goulart, usuários relataram atrasos nas chegadas e saídas de ônibus, deixando o terminal lotado na noite desta quarta.
Reivindicação
Ao longo do ato, os militantes fazem uso de bandeiras e cartazes em que estão contidas informações sobre as consequências que podem ocorrer em Niterói se a universidade não funcionar de forma adequada, após o anúncio do bloqueio de 30% do orçamento da UFF feito pelo MEC na última terça-feira (30). De acordo com manifestantes, a medida prejudica o pagamento de funcionários de limpeza, segurança, pagamento de bolsas e auxílios e outros serviços que são para manutenção da casa. Essas são as reivindicações feitas pelos grupos atuantes.
“A prestação de serviços gratuitos ofertados pela universidade nos mais variados setores, como no Hospital Universitário Antônio Pedro - que atende a dez municípios, o Centro de Assistência Jurídico, assim também como o Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental e os atendimentos odontológicos, por exemplo, todos serão muito atingidos. Os estudantes de licenciatura que auxiliam nos colégios com o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) também podem ser altamente prejudicados com esse corte absurdo”, desabafa a estudante de Letras que preferiu não ser identificada.
Para o aluno do curso de História, João Victor, que está à frente de um dos movimentos estudantis, o público em geral pode ter mais ciência do que de fato acontece na universidade. Ele ressalta que existe uma imagem errada para quem está de fora e que essa visão precisa ser consertada.
“Aqui tem todo o tipo de movimento, sejam eles partidários ou não. Pessoas que estão de fora, muitas das vezes criam ideias de que dentro da universidade só existe uma hegemonia de partido A ou B. Eu, por exemplo, não sou de partido algum. Nesse momento, as pessoas entendem que não tem como não construir com um amigo, só pelo fato de ele ser de um tal partido. Precisamos da ajuda de todo mundo. Aqui tem todo o tipo de pensamento. Quando a pauta se trata de afetar o nosso local de estudo, muita gente entende que esse momento é de união e com um único princípio: defender a educação”, disse.
Integrantes de diversos coletivos da Universidade Federal do Rio de Janeiro, também compareceram no protesto desta quarta (8), como foi o caso do estudante do curso de direito Theo Louzada.
“A situação da UFF não é uma questão isolada. Está relacionada com todas as universidades do país. A UFRJ sofreu recentemente um corte de 41% no orçamento para manutenção da casa. Isso pra gente é um ataque direto ao conceito de existir uma educação pública de qualidade no país. Pra gente, o apoio a essa causa é fundamental - assim como contamos com o apoio dos estudantes aqui de Niterói. O nosso coletivo é nacional. Aqui tem alunos de diversos cursos lutando por um objetivo.”
No próximo dia 15, haverá um novo encontro das categorias. Dessa vez, no Centro do Rio, durante a Paralisação Nacional pela Educação. A concentração será em frente à Praça Araribóia, na Região Central de Niterói. Com nome sugestivo, outros atos devem ocorrer em diversas capitais brasileiras. A convocação foi feita pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE).
Nessa mesma data, a administração da Universidade Federal Fluminense realizará um dia inteiro de atividades, na chamada “UFF de portas abertas”, em campus de variados cursos. O público em geral terá acesso aos laboratórios e demais espaços da faculdade e vivenciará o que de fato é produzido no espaço.
Cortes
Em contrapartida a toda essa situação, nesta terça-feira (7) o ministro da Educação, Abraham Weintraub, negou que tenha havido cortes na verba das universidades federais e declarou surpresa com a repercussão que a pauta tomou em todo o Brasil. Para ele, o que houve foi um contingenciamento.
“Não houve corte, não há corte. Há um contingenciamento. Se a economia tiver um crescimento com a aprovação da nova Previdência, e eu acredito nisso, isso vai retomar a economia. Retomando a dinâmica, aumenta a arrecadação e descontingência”, garantiu ao ser questionado na Comissão e Educação do Senado sobre o anúncio feito na semana passada de bloqueio de 30% da verba de instituições federais de ensino superior.
Questionada sobre as declarações feitas pelo ministro da Educação, a presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Marianna Dias, afirmou que o atual governo segue por caminhos que vão contra ao ensino de qualidade.
“Nos primeiros meses em que o governo Bolsonaro entrou em vigor, já propôs um corte que pode fazer com que as universidades não terminem o ano funcionando. Pra nós essa questão é inegociável. Se eles não entendem que a universidade como a UFF que tem creche, colégio de aplicação, pesquisa, extensão, que ajuda Niterói, o Estado do Rio e o Brasil a ser mais desenvolvido, sinto muito, mas balbúrdia é sim o governo. Essa manifestação aqui é só o início. A nossa perspectiva é manter a luta permanente até que qualquer outra medida contra a educação possa sair e tenhamos os nossos direitos assegurados”, disse indignada.
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