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    Saúde

    Vacina contra dengue: saiba tudo sobre o imunizante contra a doença

    No estado do Rio, só 12 cidades vão receber as doses

    Publicado 09/02/2024 às 19:05 | Atualizado em 09/02/2024 às 19:19 | Autor: Manuela Carvalho
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    Imunizante será distribuido no SUS
    Imunizante será distribuido no SUS |  Foto: Divulgação/Agência Brasil

    Manchas vermelhas pelo corpo, dor ao redor dos olhos e febre alta. Esses são só alguns dos sintomas que fizeram a estudante universitária Monique Ferreira, de 24 anos, ter a certeza de que havia contraido dengue. 

    A doença, que fez a cidade do Rio entrar em estado de emergência em saúde pública na segunda-feira (5), chegou a 11 mil casos confirmados em janeiro, 360 internações e uma morte na capital. 

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    "Você começa com aquela dor chata no corpo, os olhos não conseguem nem ficar abertos sem doer, ai eu percebi que tinha alguma coisa errada. Logo as manchas vieram e tive certeza do que era", detalhou a moradora da Tijuca, Zona Norte do Rio. 

    Com o aumento desenfreado da doença, surge um alento de esperança: o Ministério da Saúde decidiu que vai começa a distribuir a vacina contra a dengue na rede pública de saúde. O imunizante já é aplicado na rede privada. 

    No estado do Rio, 12 cidades vão receber o imunizante

    A princípio serão selecionados 521 municípios do país escolhidos em razão da alta incidência da doença. No estado do Rio, 12 cidades vão receber o imunizante. O calendário de destribuição ainda não foi publicado pelo Ministério da Saúde.

    O ENFOCO reuniu uma série de dúvidas dos leitores para ajudar a esclarecer detalhes da vacinação e do imunizante.

    Vai ser para todas as idades?

    Inicialmente, o Ministério da Saúde informou que, pelo SUS, o grupo prioritário será composto por crianças e adolescentes de 10 a 14 anos. A iniciativa partiu após o número de hospitalizados serem maiores dentro desta faixa etária, depois das pessoas idosas - estas a vacina ainda não foi liberada pela Anvisa.

    Por que idosos não podem tomar a vacina?

    Claudia Lamarca Vitral, professora titular do departamento de Microbiologia e Parasitologia do instituto Biomédico da Universidade Federal Fluminense, explica o motivo do imunizante abranger pessoas até 60 anos somente. 

    "A Qdenga é uma vacina que usa vírus vivo e atenuado. E este tipo de vacina sempre tem contraindicação para indivíduos acima de 60 anos, assim como gestantes e indivíduos com alguma imunossupressão. Durante o ensaio clínico, ela foi testada em indivíduos dentro da faixa de 4-60 anos, não tendo contraindicação para esses indivíduos", esclarece.

    Quantas doses e com que intervalo deve ser aplicada a vacina?

    A QDenga é um imunizante fabricado pela farmacêutica Takeda e recebeu a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária em março do ano passado, para pessoas de 4 a 60 anos. Ela é aplicada em duas doses, com intervalos de três meses.

    • Por que os intervalos?

    "O esquema de aplicação de uma vacina é aquele que nos testes clínicos ofereceu a melhor eficácia, ou seja , maior grau de proteção de casos sintomáticos e menos número de hospitalizações", ressalta a especialista.

    Qual o valor da vacina no sistema particular?

    O preço médio dos imunizantes comercializados em algumas redes de drogarias sai a R$ 349,90 cada dose. 

    E quem não está no grupo prioritário?

    Lamarca salienta que os grupos que não estão dentro dos contemplados neste primeiro momento, devem seguir os cuidados para o controle da proliferação do mosquito vetor em suas residências e locais de trabalho.

    "A aplicação da vacina inicialmente apenas em adolescentes ocorreu por conta do número limitado de doses disponibilizado pelo fabricante (Takeda), e dos dados da vigilância epidemiológica terem mostrado que nesta faixa etária ocorreram o maior número de óbitos em anos anteriores. Mas certamente, à medida que a produção da vacina for incrementada, outras faixas etárias serão também contempladas com a vacinação", tranquiliza. 

    Tem efeito colateral?

    Conforme a especialista, em estudos clínicos, as reações relatadas com maior frequência entre os participantes de 4 a 60 anos de idade foram dor no local da injeção (50%), cefaleia (35%), mialgia (31%), eritema no local de injeção (27%), mal-estar (24%), astenia (20%) e febre (11%).

    "É importante ressaltar que essas reações não diferem daquelas apresentadas por outras vacinas atenuadas já em uso no SUS", destaca.  

    Qual a eficácia e em quais tipos de dengue a vacina protege?

    "A eficácia da vacina para prevenção de casos sintomáticos foi de 80,2%, e a hospitalização de 90,4% após 12 meses de acompanhamento. Após 54 meses (4,5 anos) de acompanhamento houve uma redução da eficácia para 61,2% para prevenir casos sintomáticos com manutenção da elevada eficácia para prevenir hospitalização (84,1%). Quanto aos sorotipos do vírus, os resultados foram mais expressivos em relação aos tipos 1 e 2. E embora apresente algumas limitações em relação aos sorotipos 3 e 4, a Qdenga oferece uma promessa de redução significativa no impacto da dengue na saúde pública", detalha.  

    Existem contraindicações?

    Por fim, a professora universitária explica que o imunizante não deve ser administrado em pessoas com alergia a algum componente da fórmula, dentre eles: trealose di-hidratada, poloxaleno, albumina sérica humana, fosfato de potássio monobásico, fosfato de sódio dibásico di-hidratado, cloreto de potássio e cloreto de sódio. 

    "A administração também é contraindicada para pacientes com imunodeficiência primária ou adquirida, incluindo aqueles em terapia imunossupressora, gestantes ou lactantes", finaliza.

    Mortes

    A cidade do Rio registrou a primeira morte por dengue do ano. A informação foi confirmada pela Secretaria Municipal de Saúde na manhã desta quarta-feira (7). 

    De acordo com informações, a vítima era um morador do Complexo da Maré, na Zona Norte, de 45 anos, encontrava-se internado em uma unidade de saúde da região.

    Já em Maricá, na Região Metropolitana do Rio, a estudante de Direito, Karolinne Mendes dos Santos, de 24 anos, morreu na última segunda-feira (5) após ser diagnosticada com dengue hemorrágica.

    A estudante começou a sentir dores abdominais fortes e, no domingo (4), deu entrada em um hospital particular de Niterói, onde precisou ficar internada na UTI.

    "Foi na hora que eles falaram que era necessário ela ficar internada, para ficar em observação. Infelizmente, na segunda-feira, após ser encaminhada para a UTI, veio a notícia da morte devido a complicações da dengue hemorrágica", lamentou o familiar.

    Cidades que vão receber a vacina

    No Rio, serão 12 cidades
    No Rio, serão 12 cidades |  Foto: Ministério da Saúde

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