Guerra de versões
Rio deixou de usar R$ 700 milhões para conter chuvas, diz vereadora
Prefeitura revela que parlamentar induziu a conclusão equivocada
Um levantamento feito pelo gabinete técnico da vereadora Teresa Bergher (Cidadania) mostrou que, em 2023, a Prefeitura do Rio teria gastado menos de 50% do previsto com as ações de prevenção a enchentes. O orçamento de ações preventivas contra as chuvas também sofreu corte de R$ 601 milhões para 2024, segundo o mesmo levantamento. O governo Eduardo Paes questiona o documento.
De acordo com o levantamento, em 2023, a Prefeitura projetou gasto de R$ 1,2 bilhão para a prevenção aos efeitos das chuvas mas terminou o ano com R$ 1,4 bilhão disponíveis e, apesar disso, só executou R$ 675 milhões, ou seja, 48% do que tinha nos cofres públicos. Em 2024, o orçamento total está 43% menor do que o orçamento de 2023.
“O prefeito misturou alhos com bugalhos, como lhe foi conveniente. Acredita quem quer, mas os números não mentem”, disse a vereadora.
Após a divulgação dos dados, Eduardo Paes usou as redes sociais para se pronunciar sobre o assunto e chamou os vereadores da Câmara do Rio de oportunistas e disse que estão divulgando dados falsos.
“Obviamente alguns vereadores que só aparecem em áreas de enchentes e deslizamentos em época de eleição, já começaram a divulgar dados falsos de execução orçamentária da Prefeitura. Já estamos enviando relatório detalhado da execução orçamentária de 2023 mostrando que a Prefeitura do Rio gastou, em recursos próprios da Georio, Rio Águas e Secretaria de Conservação, R$ 228 milhões a mais do que estava previsto no orçamento aprovado pela Câmara Municipal. Graças a Deus, alguns oposicionistas na Câmara são tão incompetentes que fica fácil desmascarar eles na imprensa. Pior que eu acho que nem é de maldade, é burrice mesmo”, escreveu o prefeito.
Segundo a equipe da vereadora, os dados são retirados do sistema de informações gerenciais da Prefeitura, disponibilizado à Câmara Municipal e ao Tribunal de Contas do Município (TCM) para acompanhamento da execução orçamentária e dos contratos.
Depois do pronunciamento de Paes, Teresa Bergher emitiu uma nota à imprensa.
“O prefeito deveria concentrar as energias em resolver os problemas da cidade, e não em tentar explicar o inexplicável. Que ele amadureça e veja que os gastos com a prevenção não devem ser negligenciados. É muito feio tentar desqualificar quem fala a verdade. Burrice é repetir o mesmo erro todos os anos e negligenciar ações de combate às enchentes, botando em risco a vida da população. O resultado é este: mortes”, rebateu a vereadora.
A Prefeitura do Rio disse, em nota extensa, que a vereadora teria fonte de recursos diferentes e, por isso, teria induzido a conclusões equivocadas.
Nota na íntegra
"Antes de mais nada, a vereadora busca ludibriar a imprensa (caso não seja ignorância orçamentária) ao misturar fontes de recursos que são da prefeitura com fontes de recursos previstas no orçamento, que podem vir de financiamentos federais ou de empréstimos e que, portanto, não têm sua aplicação garantida.
Por isso, o que deve ser levado em consideração é o comprometimento de recursos da própria prefeitura com essas intervenções.
Um outro dado importante é que o município ainda nem fechou seu balanço do ano de 2023. É impossível até mesmo para o tesouro municipal ter informações de tudo aquilo que foi liquidado no ano de 2023.
A melhor informação que se pode ter nesse momento é o da dotação final disponibilizada aos órgãos municipais. Vejamos os exemplos das três principais áreas da prefeitura que lidam com enchentes.
E, ao final, a verdade dos fatos é: a Prefeitura do Rio gastou R$ 248.959.667 a mais do que o previsto com os recursos do município".
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