O adeus a Anderson Leonardo: Molejo faz homenagem

Fãs, amigos e familiares se reuniram, neste domingo (28), para se despedir de Anderson Leonardo, cantor do Grupo Molejo, que morreu, na última sexta-feira (26), vítima de um câncer na região inguinal, aos 51 anos. O corpo do artista está sendo velado no Cemitério Jardim da Saudades, em Sulacap, na Zona Oeste do Rio.

Carioca e flamenguista de coração, Anderson foi um dos fundadores do Grupo Molejo, junto com Robson Calazans, Andrezinho, Claumirzinho, Jimmy Batera e Lúcio Nascimento.

Muito emocionado e de cadeira de rodas, Ubiraja de Souza, mais conhecido com Bira Haway, pai de Anderson, compareceu ao cemitério no início da tarde afirmou que que seu filho foi um dos maiores artistas do Brasil.

“Eu e a família molejo agradecemos a todos que estão presentes aqui. Meu filho foi um dos maiores artistas que o Brasil já viu, muito talentoso, deixou seu legado aqui. Espero que meu filho não caia no esquecimento. Eu tô muito triste. É uma perda muito grande. Que Deus receba meu filho de braços abertos no céu, ao lado Dele. Filho, sua alma foi recolhida com nobreza, me sinto triste por não mais te abraçar; mais meu conforto e meu orgulho é ter sido seu pai e ter te tornado um ícone, um profissional completo, um pai maravilhoso para os seus, um filho sensacional, um amigo extraordinário e principalmente pelo ser humano iluminado e inesquecível”, disse o pai emocionado.

Andrezinho e todos os integrantes do grupo estiveram no velório para dar o último adeus ao Anderson e fizeram um pronunciamento sobre o momento com a perda do sambista. Eles relembraram a trajetória da banda e todos os momentos em que estiveram juntos.

“Começamos lá no final dos anos 1980, gravamos nosso primeiro disco, foi um sucesso. O Anderson foi um pilar para todos nós. Ele era inteligentíssimo, nasceu para o samba. O Molejo é sinônimo de alegria, principalmente representado pelo Anderson. A situação é realmente muito difícil, mas, mesmo nas adversidades, temos que continuar para lembrar que o Molejo é um grupo que leva alegria as pessoas, para o público que gosta das nossas músicas. Todos nós estamos tristes e com o coração apertado”, disse Andrezinho.

“Não podemos esquecer que o Anderson é sinônimo de alegria. Ele transmitiu isso durante todos os anos em que esteve aqui presente. Sentiremos muita falta do nosso amigo”

Outro que esteve presente foi Jorge Perlingeiro, ex-presidente da Liesa. Ele lamentou a morte e comentou sobre o legado do artista.

“Anderson era um cara do bem, sempre fez bem para as crianças, que adorava as músicas dele. Espero que a imagem dele perdure por muitos e muitos anos. Nosso amigo vai descansar em paz porque ele merece. Sofreu muito. Eu acho que o sofrimento não é justo, principalmente para os que ficam. Ele já estava sofrendo demais e a gente já esperava que isso poderia acontecer um dia. Mas é a vida. Ele era a alegria em pessoa. O Anderson e o grupo Molejo deixaram o seu legado por onde passaram”, comentou Perlingeiro.

Diversos artistas deixaram suas homenagens ao sambista, como Xande de Pilares, Zeca Pagodinho, Dudu Nobre, os grupos Clareou e Balacobaco, e a escola de samba Portela, que mandaram coroas de flores. Assim como os fãs, que compareceram com camisas e cartazes com frases marcantes.

O fã Antônio da Paz, de 56 anos, viajou de Santo André, em São Paulo, para poder acompanhar o velório do cantor no Rio. O autônomo expressou seu amor através de um cartaz escrito: “Anderson Molejão, você para o povo brasileiro sempre deixará saudades para a Dança da Vassoura”.

“Já dancei muita música do Molejo, principalmente aquela ‘vai varrendo, vai!’. Ele foi embora, mas vai deixar saudades não só para o Brasil, mas para o mundo inteiro. Ele foi uma marca registrada em nosso país”, disse o fã.

Assim como Antônio, a fã Alessandra Ribas, de 44 anos, também veio de outro estado para se despedir do seu ídolo. Ela veio de Curitiba direto para o Rio quando soube da morte do cantor.

“É um domingo de muita tristeza. Vai ficar marcado pra mim. A gente não imaginava usar uma camiseta dessa, se despedindo do Anderson. A gente andou o Brasil todo para acompanhar os shows, fiz muita viagem. Quando soubemos da morte dele, pegamos o primeiro voo pro Rio de Janeiro”, contou.

Muito abalada, a fã descreveu Anderson como uma pessoa “inexplicável e sem comparações”. Ela também relatou que chegou a visitar o sambista no hospital enquanto ele estava internado.

“O Anderson é inexplicável, né? Eu não sei se nem sei se eu consigo falar alguma coisa. São 28 anos acompanhando o grupo Molejo. Mais de 300 shows. Eu escolhi ele como meu ídolo. Escolhi idolatrar ele. Enquanto ele estava internado, eu consegui visitá-lo, consegui falar com ele. Ter que se despedir cedo do Anderson me dói muito”, desabafou Alessandra.

Querido por muitos, Anderson do Molejão, como era conhecido, deixou um legado no samba e na música brasileira. Autor de sucessos como "Dança da vassoura", "Garoto Zona Sul”, “Brincadeira de Criança” e “Paparico”, músicas animadas e bem-humoradas, o cantor embalou gerações até os dias de hoje.

Apesar de estarem sem lançar um álbum há oito anos e da morte de Anderson, o Grupo Molejo segue em atividade nos palcos. Mesmo quando ainda estava em tratamento contra câncer, o integrante participou de boa parte da agenda durante esse período.

Complicações e internações

Anderson foi diagnosticado com um câncer na região inguinal, que atinge quase toda a parte da virilha, em 2022. Desde lá, o cantor passou por diversas complicações e teve que ser internado algumas vezes.

Entre idas e vindas, Anderson foi internado novamente em março, quando permaneceu por quatro dias na UTI devido a um quadro de insuficiência renal.

Após receber alta, o cantor voltou a ser internado no início de abril, desta vez para dar continuidade ao tratamento de imunoterapia e medicamentos para dores.

Ele chegou a ser transferido para o quarto no Hospital da Unimed Rio, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, onde ficou por 11 dias, mas retornou para a Unidade de Terapia Intensiva na última segunda-feira (22) após seu estado de saúde piorar consideravelmente.

Anderson não resistiu e acabou falecendo na tarde da última sexta. Ele era casado com Paula Cardoso e deixa 4 filhos. Dois seguiram o caminho do pai e são músicos. Leozinho Braddock, de 29 anos, é cantor e multi-instrumental, enquanto Rafael "Molejinn", de 28, que integra o Grupo Surpreender.

Anderson também é pai de Alessa Cristyne, de 30 anos, e Alice, de 3.

Carreira

Anderson teve mais de 30 anos de carreira e começou a fazer sucesso no início da década de 1980, quando integrava o Molejo. O grupo virou uma grande referência do pagode no Brasil e rapidamente conquistou o público.

Além de ser o vocalista do grupo, Anderson também era compositor e responsável pelo cavaquinho.

Anderson Leonardo fez diversas participações com artistas renomados, como Belo, Xande de Pilares, Thiaguinho, entre outros.