Famosos e muito samba no adeus a Sérgio Cabral: 'Paizão'

O velório do jornalista Sérgio Cabral, de 87 anos, foi marcado pelo samba da Mangueira, na manhã desta segunda-feira (15). Centenas de amigos, familiares e artistas compareceram ao salão nobre da sede náutica Vasco da Gama, na Lagoa Rodrigo de Freitas, na Zona Sul do Rio, para dar o último adeus.

Ele faleceu em decorrência de complicações de um enfisema pulmonar, no último domingo (14). Cabral estava debilitado da saúde e ficou internado os últimos três meses na Clínica São Vicente, na Gávea, também na Zona Sul da cidade. O jornalista também sofria de alzheimer.

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No caixão, estavam as bandeiras de suas grandes paixões: o clube do coração, o Vasco, e as escolas de samba Portela e a Estação Primeira de Mangueira.

Durante o velório, todos os presentes se reuniram e entoaram um samba da Mangueira e a música “Sassaricando", composta por ele. Depois, o hino do Vasco com o famoso grito de “Casaca”. No fim, entoaram uma longa salva de palmas.

O ex-governador Sérgio Cabral Filho falou rapidamente com a imprensa assim que chegou à sede náutica do Vasco. Ele relembrou alguns momentos do pai e como ele era carinhoso com a família.

“Meu pai era uma pessoa muito boa. Ele como pai, como chefe de família, foi o melhor ser humano. Aprendi muito com ele sobre amor, humildade e fraternidade. Ele foi um ser humano múltiplo. Agora fica a saudade de um paizão”, destacou o ex-governador.

Cabral também aproveitou para comentar sobre a paixão do seu pai pelo Vasco da Gama.

“Eu lembro que eu pulava em cima da barriga dele quando era menino, brincava, e ia para o jogo do Vasco de mãos dadas. Ele era fanático pelo Vasco. Aqui (sede Náutica do Vasco) é um lugar muito significativo para a gente. Ele fez aniversário, lançou livro, tivemos muitos momentos bons. Agora vamos nos despedir e celebrar o grande serviço que ele prestou ao Rio de Janeiro, ao Brasil e à cultura brasileira", completou.

Na saída da sede náutica, Paulinho da Viola falou brevemente sobre a sua amizade com Sérgio Cabral e a sua partida.

“Uma perda lastimável. Ele era um grande amigo e uma figura emblemática para o Rio de Janeiro. Agora vai ficar a saudades”, relembrou.

No salão, estava Jorge Salgado, ex-presidente do Vasco da Gama, que comentou sobre a relação com Cabral e a paixão pelo Vasco.

“Fiquei sabendo da morte pelo Sérgio Cabral Filho. Ele era um apaixonado pelo futebol e pelo Vasco, ia aos jogos sempre que podia. Ele me ligou e perguntou se poderia ceder o espaço pra realizar o velório em homenagem ao pai. Não tinha como recusar. Ele era muito querido, uma figura importante para o Rio de Janeiro. Todos os amavam”, disse Salgado.

Último adeus

Além do ex-presidente do Vasco, outras figuras importantes compareceram para prestar suas última homenagens a Sérgio Cabral, como Paulinho da Viola, a deputada federal Benedita da Silva (PT), o ex-presidente da Assembleia Legislativa do Rio, Paulo Mello, além de seus filhos, netos e esposa.

A cerimônia começou por volta das 8h e se estendeu até às 12h. Após o velório, o corpo do jornalista será cremado no Cemitério Memorial do Carmo, no Caju, na Zona Norte do Rio. Diversas coroas de flores foram enviadas por artistas que não puderam comparecer, como Diogo Nogueira e Zeca Pagodinho.

Trajetória

Natural de Cascadura, bairro da Zona Norte do Rio, Cabral era conhecido por sua paixão pelo samba e pelo Vasco da Gama. Um dos fundadores do icônico jornal "O Pasquim", teve uma carreira marcada por sua coragem jornalística durante a Ditadura Militar, período no qual foi preso por sua atuação no veículo. Além do jornalismo, dedicou-se à escrita de biografias, incluindo personalidades como Tom Jobim, Pixinguinha e Nara Leão.

Na política, Cabral também deixou sua marca como vereador do Rio de Janeiro por três mandatos consecutivos, além de sua atuação como conselheiro do Tribunal de Contas do Município. Sua influência se estendeu também ao campo musical, onde foi produtor e compositor, colaborando com artistas como Rildo Hora e escrevendo letras que se tornaram clássicos do samba.

Ao longo de sua vida, Sérgio Cabral pai foi uma figura de destaque nos julgamentos das escolas de samba cariocas, atuando como jurado rigoroso e crítico, cuja nota máxima era reservada para apresentações verdadeiramente memoráveis. Sua contribuição para o Carnaval carioca foi reconhecida em diversos veículos de comunicação, incluindo passagens pela TV Globo e TV Manchete como comentarista e jurado.