Fraude
Crivella tem R$ 320 milhões em bens bloqueados pela Justiça
Denúncia aponta atos lesivos à administração pública

A Justiça do Rio determinou o bloqueio de R$ 320 milhões em bens do ex-prefeito Marcelo Crivella, de ex-integrantes do governo, empresários e empresas. A decisão atende a um pedido do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) e tem como base suspeitas de irregularidades na compra de equipamentos hospitalares durante a pandemia de covid-19.
A medida foi tomada na segunda-feira (12) e atinge nove réus. O maior valor bloqueado por pessoa é de R$ 50,5 milhões. Estão entre os alvos, a ex-secretária de Saúde Ana Beatriz Busch, o ex-subsecretário Ivo Remuszka Junior e a empresa chinesa China Meheco Corporation, que teria sido beneficiada com contratos direcionados. Também tiveram bens bloqueados os empresários Bruno Cavalcanti e Bing Changbao e as empresas Z Fu Consultoria Empresarial, Mayers Participações e Marzuk Projetos Especiais.
Segundo o Ministério Público, os contratos com a empresa chinesa foram fechados com favorecimento e sem atender à real necessidade da rede municipal de saúde. Houve compras acima da demanda, prejuízos com a variação cambial e preços considerados altos demais em aquisições feitas sem licitação. A estimativa do prejuízo aos cofres públicos chega a R$ 68 milhões, de acordo com auditorias do Tribunal de Contas do Município.
A promotoria ainda afirma que parte do dinheiro envolvido nos contratos teria sido usado para pagar uma espécie de comissão irregular. A empresa Z Fu, ligada a Bruno Cavalcanti, teria fechado um acordo com um fornecedor da China prevendo o recebimento de 11% sobre os valores pagos pela prefeitura. O objetivo, segundo o MPRJ, era repassar uma vantagem indevida para garantir que a China Meheco fosse contratada.
Bruno Cavalcanti é apontado como arrecadador de caixa dois da campanha de Crivella em 2016. Ele também teria tido acesso a documentos internos da Secretaria de Saúde e ajudado a estruturar os contratos mesmo sem cargo público. Para os promotores, as ações dos envolvidos indicam intenção clara de beneficiar a empresa chinesa em troca de vantagens para empresários ligados à campanha do então prefeito.
O Ministério Público também pediu à Justiça que todos os envolvidos sejam responsabilizados com base na Lei de Improbidade Administrativa e na Lei Anticorrupção. A ação exige o ressarcimento completo do valor desviado e a devolução do que foi obtido de forma ilegal.
O ENFOCO não conseguiu localizar as defesas dos acusados.


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