Gurufim
Corpo do intérprete Quinho é velado ao som de sambas-enredo
Velório aconteceu na quadra do Salgueiro, na tarde desta quinta
Ao som de sambas-enredo que ficaram marcados na história, o corpo do intérprete Melquisedeque Marins Marques, o Quinho do Salgueiro, de 66 anos, foi velado na tarde desta quinta-feira (4), na quadra do Acadêmicos do Salgueiro, no Andaraí, Zona Norte do Rio. Dezenas de amigos, familiares e famosos estiveram no local para dar o último adeus ao intérprete da Vermelho e Branco da Tijuca.
Quinho morreu no Hospital Evandro Freire, na Ilha do Governador, também na Zona Norte, na noite de quarta (3), vítima de insuficiência respiratória, segundo os familiares. Quinho foi um dos maiores ícones do Carnaval carioca e tratava um câncer na uretra desde 2022.
Leia +: Corpo de Quinho do Salgueiro será sepultado nesta sexta-feira
Leia +: Morre intérprete Quinho, ícone do Salgueiro, aos 66-anos
Durante o velório, houve muitas homenagens ao intérprete. Além disso, teve também um Gurufim, uma cerimônia marcada por celebrações, com músicas e danças para espantar a tristeza durante sua partida, uma tradição entre os sambistas.
Mais tarde, haverá uma apresentação da bateria da Salgueiro, apelidada de Furiosa, e também uma oração com os principais segmentos da escola, conduzida pelo padre Wagner Toledo.
No início do velório, a Velha Guarda da agremiação se reuniu em volta do caixão de Quinho para rezar, entoar cânticos de sucesso, como “Explode o Coração” e finalizaram com uma grande salva de palmas.
Muito emocionado, Wilker Oliveira Marques, filho do Quinho, descreveu seu pai como um “homem correto” e que vai “fazer muita falta”.
Meu pai foi um grande homem, correto, de um coração enorme. Ele era isso que vocês viam, sempre alegre, feliz, um cara de família. Vai fazer muita falta.
Viviane Araújo, rainha de bateria do Salgueiro, também foi se despedir de Quinho e destacou o talento e a alegria do artista.
"É difícil, né? Porque não combina, essa alegria do Carnaval, com a partida do Quinho. Ele era muita alegria, com muito alto astral, brincava com todo mundo, sempre muito respeitoso e carinhoso, era pura alegria. Viver isso tudo hoje é muito triste. Ele deixa pro Carnaval e para a Salgueiro, a alegria. O jeito único dele, as palavras deles que ficam marcadas para sempre. Ele deixa um legado, de ser diferente, como é nossa escola", disse Viviane.
Sambar ao som da sua voz sempre foi uma alegria porque ele era diferente, dava um toque especial na escola com sua voz marcante. Ele vai ficar eternizado.
André Vaz, presidente do Salgueiro, explicou que, mesmo com a morte de Quinho, vai manter o contrato dele com a família até o fim do seu mandado, em 2026.
“Nós vamos estar juntos com a família nesse momento difícil. Temos um contrato com ele até o final do meu mandato e vamos ajudar a família com o que precisar no dia a dia, além de continuar o projeto que temos”, enfatizou Vaz.
Famosos enviam coroas
Famosos como Eri Johnson, Dudu Nobre, Neguinho da Beija-Flor e outras escolas de samba, como Mocidade Independente de Padre Miguel, Acadêmicos do Grande Rio, Paraiso do Tuiuti, mandaram coroas de flores.
Quinho foi velado com as bandeiras do Salgueiro e do Botafogo, seu clube do coração, que também lamentou a partida do intérprete.
“Neste momento de luto, o Botafogo se solidariza com a família, amigos e admiradores de Quinho do Salgueiro. Sua partida deixa uma lacuna irreparável no mundo do carnaval, mas sua arte e legado serão eternamente celebrados.”, escreveu o Botafogo nas redes sociais.
Quinho deixou três filhos. O corpo do cantor será sepultado na tarde desta sexta-feira (5), na Capela C do Cemitério da Cacuia, na Ilha do Governador, na Zona Norte do Rio.
Carreira marcante
Quinho iniciou sua carreira no Carnaval cantando no bloco Boi da Freguesia, até chegar a União da Ilha do Governador, em 1988. Mas foi somente em 1991 que chegou a Salgueiro e começou a ter mais destaque.
Em 1993, o cantor marcou seu nome na história da agremiação após conquistar o título com o samba o samba "Peguei um ita no Norte". Durante sua carreira, Quinho embalou gritos de guerra que ficaram marcados na Sapucaí, como o “Ai que lindo! Que lindo!’, “Pimba, pimba” “Futuca, futica”, e “Arrepia, Salgueiro”.
Além do Salgueiro, Quinho também passou pela Grande Rio e até pelo Carnaval de São Paulo. Em 2018 retornou para a Vermelho e Branco da Tijuca e precisou se afastar em 2022 para tratar do câncer na uretra.
Por conta da tratamento do câncer, Quinho não esteve presencialmente no Carnaval de 2023 na Sapucaí. No entanto, a escola o homenageou batizando o carro de som da agremiação em seu nome.
Perdeu documentos, objetos ou achou e deseja devolver? Clique aqui e participe do grupo do Enfoco no Facebook. Tá tudo lá!