Cultura viva
Abram as cortinas! Teatro João Caetano será reaberto; veja atrações
Tradicional espaço no Rio será reinaugurado com musical
O icônico e histórico Teatro João Caetano, na Praça Tiradentes, no Centro do Rio, já tem data para a grande reinauguração: 4 de novembro deste ano, com o musical “Michael Jackson, por Rodrigo Teaser”. O anúncio foi feito por Jackson Emerick , presidente da Fundação Anita Mantuano de Artes do Estado do Rio (Funarj) durante uma visita guiada no local realizado nesta segunda-feira (14) e acompanhada por grandes artistas, como atores e cantores.
A casa de espetáculo mais antiga da cidade do Rio, com 211 anos, passou por uma revitalização, tanto na parte elétrica e como nos aparelhos de ar-condicionados, usados desde a década de 1970, para trazer mais conforto para os artistas e ao público. No total, foram investidos R$ 6 milhões, segundo a Funarj.
Além da reabertura, Jackson garantiu que os programas de espetáculos a preços populares das 18h30, conhecidos como “Fim de Tarde”, irão voltar. “É uma das coisas que mais me pediram durante esse período de revitalização. ‘Vai voltar com os shows de fim de tarde na saída do trabalho?’ Minha resposta é sim. Será todas as terças, às 18h30”, contou, mas sem revelar quando exatamente começa e qual será a primeira atração do programa, que em décadas anteriores se chamou "6 e meia".
O projeto “Fim de Tarde” consiste em shows com ingressos populares. Antes de fechar para as obras, o ingresso custava entre R$ 2,50 a R$5.
As obras do João Caetano foram divididas em três grandes transformações: troca de toda a rede elétrica, modernização do sistema de refrigeração e instalação de placas de energia solar, garantindo o uso de energia limpa e tornando o espaço ambientalmente correto. A gestão do espaço é realizada pela Funarj, vinculada à Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa.
Faltando poucos dias para a reinauguração, o local está em fase final das obras. Funcionários estão a todo vapor fazendo os últimos retoques para que tudo saia como o planejado.
Muito feliz de estar aqui. Posso dizer que é um dia histórico. Faz muitos anos que não fazemos uma reforma no teatro. A estrutura e a arquitetura histórica se mantêm. Gostaria de agradecer todos os funcionários durante todos esse tempo pela reforma. Tem sido dias de esforço e dedicação. O ar-condicionado aqui funcionava somente com 30%% da sua capacidade. Mexer em tudo isso foi um desafio para nós.
Ainda durante a visita guiada, Jackson fez uma revelação em relação a outro local marcante da cidade do Rio. “Estamos com um projeto de reformulação da Escola de Música Villa Lobos. Já temos a licitação e estamos esperando a verba para começar as obras. Em breve teremos mais novidades. É tudo o que posso dizer”, revelou.
Artistas acompanham visita
Também acompanharam a visita guiada, nesta segunda, artistas famosos e conhecidos do público, como os atores Stepan Nercessian, Diogo Vilela e Stella Maria Rodrigues e o cantor e compositor Geraldo Azevedo. Alguns deles estão agendados para apresentar espetáculos no espaço.
“Esse projeto era um sonho há mais de 20 anos. Digo que realmente foi um trabalho de salvação. Tenho que agradecer a todos que fizeram esse projeto, e essa reestruturação dar certo. É muito bom ver essa evolução para o teatro aqui no João Caetano e para a classe artística. Isso é muito significativo para a cidade do Rio num todo. Falar desse teatro é falar da arte do brasileiro como um todo”, destacou Stepan, que vai se apresentar no local com o espetáculo “O Rei do Rock”, entre 14 de novembro a 8 de dezembro.
Outro que destacou a volta do teatro foi o ator Diogo Vilela, que vai apresentar o espetáculo “O Bem Amado”, a partir do dia 9 de janeiro do ano que vem.
“Quando entrei aqui (Teatro João Caetano) pela primeira vez eu tinha uns 20 anos. Estar aqui me traz muitas recordações e memórias. Já fiz peças maravilhosas nesse palco. Me sinto validado com todo esse projeto que tem seio feito aqui. Nossa identidade está voltando. Queremos fazer um teatro e um espetáculo para todos. É a nossa profissão. É muito bom ter a reabertura desse teatro maravilhoso”, relatou o artista.
Emocionado, o cantor e compositor Geraldo Azevedo também destacou a importância do espaço cultural para a sua carreira.
“Eu fiz diversas apresentações aqui que foram importantes para a minha carreira. Já cantei com músicos famosos e importantes. Foi muito marcante pra mim. É importante a gente cuidar os passos da cultura e da arte do Brasil. Esse projeto de reestruturação do Teatro João Caetano me deixa muito orgulhoso. A cultura não para e não podemos deixar ela parar”, disse Geraldo Azevedo.
História do teatro
O Teatro João Caetando é um dos mais importantes palcos da história teatral brasileira. Inicialmente, o espaço foi inaugurado como Teatro de São João em 1813. Ao longo da sua história, ele teve diversos nomes: Imperial Teatro de São Pedro de Alcântara, em 1826; Teatro Constitucional Fluminense, em 1831; Teatro de São Pedro de Alcântara, em 1839; até finalmente ser nomeado Teatro João Caetano, em 1923.
Ele foi o primeiro teatro a ser construído especificamente para a representação de peças em português, marcando um importante passo na valorização da cultura nacional. O nome do teatro é uma homenagem ao ator e dramaturgo João Caetano, uma figura central na cena teatral do século XIX, que contribuiu significativamente para a profissionalização do teatro no Brasil.
O espaço cultural, que tem capacidade para mais de mil pessoas, passou por diversas reformas ao longo dos anos, adaptando-se às novas demandas estéticas e técnicas. Sua arquitetura é um reflexo dos estilos neoclássico e eclético, com elementos que remetem ao passado e à modernidade.
Durante o século XIX e início do XX, o Teatro João Caetano foi palco de grandes produções, incluindo peças de autores brasileiros e adaptações de obras estrangeiras, consolidando-se como um espaço de referência para o teatro carioca.
Nos anos 1930, o teatro enfrentou desafios financeiros e estruturais, mas conseguiu se recuperar e continuou a ser um espaço ativo para a cultura. Ao longo das décadas, o João Caetano tornou-se um local de resistência artística, abrigando produções que abordavam temas sociais e políticos relevantes. Ele foi fundamental na promoção de novos talentos e no fortalecimento do teatro como forma de arte no Brasil.
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