Último adeus
Renatinho BokaLoka é velado na Zona Oeste do Rio
Ele morreu de infarto nesta semana
Renatinho BokaLoka, cujo nome de batismo é Renato Cesar Alves, já vinha demonstrando um cansaço nos palcos, mas ele não falava para os amigos que estava se sentindo mal e decidia continuar os shows para não desapontar os fãs. Ele vinha tratando há anos um problema do coração. Nesta quinta-feira (5), Renatinho morreu enquanto estava no hospital para se recuperar de um infarto. Ele foi sepultado por amigos e familiares no Jardim da Saudade, em Sulacap, neste sábado (7).
A informação foi confirmada pelo amigo e produtor da banda BokaLoka, Toninho Branco, que toca cavaquinho. Ele contou ao ENFOCO os detalhes do dia em que Renato passou mal, na quarta-feira (4). “Ele era como um filho mais novo, já que nossa diferença de idade é grande. Na quarta-feira, ele subiu ao palco normal, aparentemente normal, mas já sabíamos dos problemas de saúde dele. Em 2014, ele teve o primeiro infarto, teve outro episódio na turnê na Europa, mas ele era um cara que o remédio dele era o palco. Não adiantava limitar ele em 10 shows, por exemplo, se tinham 20 shows. Ele queria fazer todos. Ele amava o palco, pensava na banda que tinha que trabalhar. Ele, às vezes, ficava cansado, mas não falava, colocava um colaborador para cantar junto, dava uma segurada e a gente não sabia, achávamos que era para curtir com um instrumento. Ele estava cansado, mas não deixava transparecer”, disse ele que tinha uma amizade com Renato desde 1995.
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Na quarta-feira, ele subiu ao palco normal, aparentemente normal, mas já sabíamos dos problemas de saúde dele.
Isso pode ter ocorrido na quarta. “Ele pode ter subido ao palco já com essa preocupação de se conseguiria terminar o show ou não. Quando ele saiu do palco e deixou o Arlindinho, achamos que era para beber água. Foi quando ele não voltou mais, falou com o Maurício, nosso produtor, pedindo para levá-lo ao hospital que ele já não se sentia bem. Aí o Arlindinho ficou até o final e só quando acabou o show que soubemos o que rolou, mas aparentemente estava tudo bem até anteontem, na quinta. Tinha falado para a gente que estava tudo bem, eu avisando a todo mundo que me mandava mensagem preocupado e eu dizendo que ele estava bem, foi quando eu recebi a ligação que disse que ele morreu, fico até arrepiado quando lembro, e todo mundo me respondendo “graças a Deus que ele está bem””, disse Toninho.
Quando ele saiu do palco e deixou o Arlindinho, achamos que era para beber água. Foi quando ele não voltou mais
Renatinho deixou um legado enorme para a música. Ele buscava ser conhecido pelos pais e agora buscava atrair também os filhos. “O Arlindinho se empolgou e contou, nesse mesmo show, que era fã do Renatinho e da banda. A Juliana Diniz, neta do Monarco e filha do Mauro Diniz, também fez sua declaração para a gente no Bar do Zeca, disse que era fã, curtiu o BokaLoka. A gente ouvia muito esse tipo de coisa de filhos de sambistas de raiz e deixava o Renato muito feliz”, disse ele.
O Renato viveu bem e, segundo os amigos, sempre agradecia a Deus por todo o sucesso da banda. “Ele morreu de forma tranquila, pelo que eu acredito, até o semblante dele está tranquilo”, disse Toninho.
O cantor Leandro Sapucahy também esteve no velório de Renatinho. Ele falou sobre como conheceu o amigo antes dos anos 2000 e como eles pensaram no surgimento do BokaLoka. “Conheci o Renato pelo Dartagnan, um grande personagem de torcidas organizadas, ele chamou para fazermos um trabalho na Liga Mundial de Vôlei na Itália. Eu era o percussionista na arquibancada e o Renato fazia o canto. No hotel, fazíamos momentos de descontração da seleção antes dos jogos, isso perto de 1998. Depois, voltamos, o Axé Music estava em alta e fizemos uma banda de axé em casas menores sem esse sonho de ser artista, tocamos, a coisa foi fluindo. O Renato sempre contido, humilde, sem saber se estava preparado e depois dizemos o Água na Boca, que depois virou BokaLoka”, disse ele.
Segundo Sapucahy, na amizade deles os dois conversavam sobre a saúde. “Mas, as coisas são escritas e não podemos questionar. Ele fez o possível e o impossível pela música e pelas outras pessoas e deixa um legado maravilhoso, fazendo parte da história do samba”, disse ele que soube da morte de Renatinho durante um show.
Renatinho deixa um filho de 23 anos. No enterro dele, Waguinho estava presente. Ainda tinham coroas de flores de Dudu Nobre, do Grupo Imaginasamba e do Zeca Pagodinho.
Sobre Renatinho
Renatinho Bokaloka era uma das principais vozes do pagode dos anos 90. Emplacou sucessos que falavam de amor e embalou fãs do pagode romântico. Alguns sucessos da banda foram "Que situação", Shortinho Saint-Tropez", além do clássico "Duas Paixões", eternizada pela banda e "Melhor amiga da minha namorada".
Carioca e vascaíno, entrou para o grupo em 1995, ainda com o nome de "Água na boca", que era formado Toninho Branco (cavaco), Leandro (pandeiro), Layse (percussão), Robinho (bateria), Pedro Py (teclado), Marcelo (baixo) e Bidú (surdo). Em 1997 lançou o seu primeiro CD "Você vai se amarrar" (Indie Records) sendo, "mais uma chance", a primeira música de trabalho.
Ele a banda estavam no Bar do Zeca Pagodinho, na Zona Oeste do Rio, quando o cantor teve um mal súbito faltando cerca de 20 minutos para o término do show.
Renatinho foi socorrido por produtores e amigos até o Hospital Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, onde recebeu os primeiros atendimentos. Ele foi transferido para o Instituto do Coração, em Laranjeiras, nesta quinta (5), mas morreu na unidade.
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