Acessibilidade
Projeto inclusivo leva pessoas com deficiência ao mar em Niterói
Atividades gratuitas acontecem de forma quinzenal
"Ela nasceu com paralisia cerebral, talvez não pudesse andar. Desde então ela faz esportes. Quando ela teve o diagnóstico a gente procurou um projeto gratuito, não tínhamos condições. Isso aqui é uma coisa que ajuda todo mundo". Essas são as falas de Ioneise Fernanda, mãe autônoma, de 30 anos, que levou a pequena Giovana, de 9, para participar da ação social do projeto 'Ao Mar', no último sábado (20), na Praia de Itaipu, em Niterói.
A mãe da pequena Giovana relatou ainda que, quando recebeu o diagnóstico da filha, as chances de que ela poderia andar não eram grandes. Mas, ela e o marido não se deixaram abater. Filha de capoeirista, a pequena Giovana sempre teve o esporte e a praia muito presentes em sua vida.
"Quando o médico disse que ela não podia andar, a gente a trazia para areia da praia, sem saber de nada. Começamos a conhecer projetos como esse [Ao Mar]. As pessoas precisam vir e divulgar, eles vêm aqui por amor. O esporte tem muito projeto que as pessoas não conhecem, preferem deixar os filhos em casa, no videogame, então incentiva, porque amanhã ou depois essas crianças aqui vão estar ajudando outras crianças ", diz.
As ações do Projeto Ao Mar acontecem a cada 15 dias, nas manhãs de sábado, dependendo das condições climáticas
Comandada pelo fisioterapeuta Daniel Cavalcanti Hatherly, de 46 anos, a iniciativa tem como objetivo proporcionar a pessoas com deficiência (PcDs) de todas as idades, além de pessoas com mobilidade reduzida e idosos, integrando-os com seus familiares, amigos e cuidadores ao banho de mar, lazer e esportes.
"Muitas dessas pessoas ficam limitadas a, muitas vezes, um quarto, uma sala, dentro de sua própria residência, sem o direito à acessibilidade nos locais. Isso sempre me incomodou muito, por que eles não podem remar? Pegar uma onda? Fazer as mesmas coisas que eu faço. Só faltava uma ajuda, um empurrãozinho, então estamos aqui para isso, dar esse 'empurrãozinho'", conta o fisioterapeuta.
Regina Landia, de 56 anos, mãe do Maicon, de 25, paralítico cerebral com quadro leve de epilepsia, sempre leva o filho nos encontros marcados pelo grupo. Segundo ela, o rapaz gosta tanto de participar, que fica até zangado nos dias em que não pode ir.
Esse projeto traz independência e a segurança de estar na água para o meu filho, ele vai sem medo, demonstra muita felicidade. Quando eu não venho e ele vê as fotos, ele me cobra. Não há dinheiro que pague isso
"Essa já é a terceira vez que a gente vem. Não há dinheiro que pague isso, a gente chega aqui e é quase carregado no colo, tanto a mãe quanto o filho, é um carinho incondicional, todos eles tem um carinho muito grande", comemora.
Pedido de ajuda
Para manter o projeto de pé, Daniel conta com, além da ajuda voluntária, o apoio de empresários. Atualmente, um dos maiores pedidos do grupo é o de ajuda para continuar mantendo as atividades.
Queríamos apoio e patrocínio do poder público. A gente aceita ajuda seja da esfera federal, estadual, municipal, privada. Precisamos de patrocínio e apoio para conseguir comprar equipamentos, uniformes, os alimentos, tendas, precisamos desse apoio
As ações do Projeto Ao Mar acontecem a cada 15 dias, nas manhãs de sábado, dependendo das condições climáticas, sempre na praia de Itaipu. Elas são previamente agendadas e divulgadas aos seguidores do Instagram do projeto. Mas, conforme o organizador, os que estiverem caminhando pela praia e se interessarem, também podem participar. Ao todo são 20 voluntários.
"Nós gostaríamos que ocorresse todos os dias, mas por enquanto é isso que conseguimos fazer. Divulgamos nas nossas redes sociais, as inscrições começam dois dias antes do evento. Mas também pode se inscrever aqui, quem chegar. É para pessoas com deficiência e também sem, é um projeto inclusivo", explica.
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