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    Pastor Felippe Valadão ataca religiões africanas em Itaboraí

    Discurso aconteceu durante show de aniversário da cidade

    Publicado 20/05/2022 às 14:55 | Atualizado em 20/05/2022 às 17:12 | Autor: Rômulo Cunha
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    Felippe Valadão participou de show gospel em Itaboraí.
    Felippe Valadão participou de show gospel em Itaboraí. |  Foto: Divulgação Ascom Itaboraí

    O pastor Felippe Valadão, da Igreja Lagoinha, foi acusado de intolerância religiosa após falas contra as religiões de matriz africana como Candomblé e Umbanda durante o show de abertura dos eventos de aniversário da cidade de Itaboraí, na Região Metropolitana do Rio, nesta quinta-feira (19).

    Em seu discurso, o pastor falou ao público que a cidade está "endemoniada" e que os centros de Umbanda do município serão fechados.

    "Avisa aí que o tempo desses endemoniados de Itaboraí da bagunça espiritual acabou. A igreja está na rua! A igreja está de pé! Pode matar galinha, pode fazer farofa, pode fazer o que você quiser. E ainda digo mais: prepara para ver muito Centro de Umbanda fechado na cidade."

    Aspas da citação
    Deus vai começar a salvar esses pais de santo da cidade.
    Felippe Valadão Pastor
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    A fala trouxe revolta para membros das religiões de matriz africanas. A Comissão de Povos Tradicionais de Terreiro de Itaboraí emitiu uma nota repudiando o discurso do pastor. A instituição questionou o motivo de uma manifestação festiva, popular e laica, ter apenas representantes de uma religião.

    "Em sua fala, o Pastor agride de maneira vil, desrespeitosa e ameaçadora a comunidade religiosa do Candomblé e da Umbanda nesta cidade. O Deus com maiúsculo que conhecemos não compactua com sua megalomania, loucura e arrogância", diz o texto.

    Através das redes sociais, a Prefeitura da cidade informou que as declarações dos convidados são de inteira responsabilidade dos próprios. 

    "Destacamos ainda que o governo é para todos, que repudia qualquer manifestação de intolerância religiosa e ressalta que o Estado é laico", complementa o órgão.

      

    Crime

    A Comissão de Combate às Discriminações e Preconceitos de Raça, Cor, Etnia, Religião e Procedência Nacional da Assembleia Legislativa do Rio (AlerJ) entrou com um ofício no Ministério Público e na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decrad) sobre o caso.

    Ao ENFOCO, o deputado estadual Carlos Minc (PSB), presidente da comissão, reclamou do discurso do pastor e considerou o ato como um crime de intolerância religiosa.

    "Oficiamos o Ministério Público e o Decrad. Aquela pedra que fere e aquele fogo que incendeia um Centro de Umbanda tem por trás disso uma pregação. As palavras matam porque elas impulsionam a pedra e o fogo. É um absurdo e uma tristeza. Um crime de intolerância muito grave", disse.

    Procurada, a Polícia Civil informou que o fato foi comunicado na Delegacia de Itaboraí (71ª DP). Os envolvidos serão chamados para prestar depoimento na delegacia. Os investigadores vão analisar as imagens para elucidar o caso.

    A reportagem tentou contato com o Pastor Felippe Valadão, mas não conseguiu retorno. 

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