Crime
Pastor Felippe Valadão ataca religiões africanas em Itaboraí
Discurso aconteceu durante show de aniversário da cidade
O pastor Felippe Valadão, da Igreja Lagoinha, foi acusado de intolerância religiosa após falas contra as religiões de matriz africana como Candomblé e Umbanda durante o show de abertura dos eventos de aniversário da cidade de Itaboraí, na Região Metropolitana do Rio, nesta quinta-feira (19).
Em seu discurso, o pastor falou ao público que a cidade está "endemoniada" e que os centros de Umbanda do município serão fechados.
"Avisa aí que o tempo desses endemoniados de Itaboraí da bagunça espiritual acabou. A igreja está na rua! A igreja está de pé! Pode matar galinha, pode fazer farofa, pode fazer o que você quiser. E ainda digo mais: prepara para ver muito Centro de Umbanda fechado na cidade."
Deus vai começar a salvar esses pais de santo da cidade.
A fala trouxe revolta para membros das religiões de matriz africanas. A Comissão de Povos Tradicionais de Terreiro de Itaboraí emitiu uma nota repudiando o discurso do pastor. A instituição questionou o motivo de uma manifestação festiva, popular e laica, ter apenas representantes de uma religião.
"Em sua fala, o Pastor agride de maneira vil, desrespeitosa e ameaçadora a comunidade religiosa do Candomblé e da Umbanda nesta cidade. O Deus com maiúsculo que conhecemos não compactua com sua megalomania, loucura e arrogância", diz o texto.
Através das redes sociais, a Prefeitura da cidade informou que as declarações dos convidados são de inteira responsabilidade dos próprios.
"Destacamos ainda que o governo é para todos, que repudia qualquer manifestação de intolerância religiosa e ressalta que o Estado é laico", complementa o órgão.
Crime
A Comissão de Combate às Discriminações e Preconceitos de Raça, Cor, Etnia, Religião e Procedência Nacional da Assembleia Legislativa do Rio (AlerJ) entrou com um ofício no Ministério Público e na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decrad) sobre o caso.
Ao ENFOCO, o deputado estadual Carlos Minc (PSB), presidente da comissão, reclamou do discurso do pastor e considerou o ato como um crime de intolerância religiosa.
"Oficiamos o Ministério Público e o Decrad. Aquela pedra que fere e aquele fogo que incendeia um Centro de Umbanda tem por trás disso uma pregação. As palavras matam porque elas impulsionam a pedra e o fogo. É um absurdo e uma tristeza. Um crime de intolerância muito grave", disse.
Procurada, a Polícia Civil informou que o fato foi comunicado na Delegacia de Itaboraí (71ª DP). Os envolvidos serão chamados para prestar depoimento na delegacia. Os investigadores vão analisar as imagens para elucidar o caso.
A reportagem tentou contato com o Pastor Felippe Valadão, mas não conseguiu retorno.
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