Caos
Passageiros vandalizam estação da SuperVia em Deodoro; vídeo
Houve quebra-quebra e interrupção de algumas estações
A manhã caótica vivida por passageiros da Supervia na estação de Deodoro e Quintino parece não ter fim. Por volta das 10h40 da manhã desta quinta (10), mais de 100 pessoas continuavam aguardando por transporte na frente da estação de trem de Deodoro, na Zona Oeste do Rio.
Elas tiveram suas rotinas interrompidas depois que os trens ficaram parados por causa de um ato que teve início na estação de Quintino, que fica próxima. O ato ocorreu porque um trem ficou mais de 30 minutos parado e, segundo testemunhas, a Supervia não deu nenhuma informação sobre o ocorrido.
As pessoas se revoltaram, desceram do transporte público e começaram a queimar galhos e outros itens para interditar a linha-férrea. Até as 11h30, os trens ainda não estavam funcionando de maneira regular e muita gente seguia na estação sem conseguir ir pro trabalho.
Algumas pessoas que estavam no trem em Quintino passaram mal. Jandira Hortêncio, de 65 anos, explica que não conseguia andar e teve que ser retirada do trem com ajuda de outros passageiros. Ela foi levada pelo marido. Ela estava agendada para ser internada no Hospital Pedro Ernesto, em Vila Isabel, mas não conseguiu chegar a tempo.
“Eu peguei o trem em Santa Cruz às 05h13, porém, agora parou, mas não deram uma posição, tivemos que descer, só que estou com dificuldades, tenho problema nas pernas, tenho um dedo amputado e estou a caminho do hospital para fazer um cateterismo, para fazer uma outra cirurgia na perna. Então, quer dizer, não consegui andar, tentei, mas doeu muito e tive ajuda das pessoas me carregando na linha porque não consigo apoiar o pé. Eu iria até a Central para o hospital onde estava previsto para eu internar às 8h. Ainda bem que tem pessoas boas que me ajudaram. Isso ocorre, pelo menos, uma vez por semana”, contou ela.
Eu iria até a Central para o hospital onde estava previsto para eu internar às 8h. Ainda bem que tem pessoas boas que me ajudaram. Isso ocorre, pelo menos, uma vez por semana
A cerimonialista Adriana Mota foi um das pessoas que ajudou Jandira. “A gente tem muitas ocorrências de trens parados com o tempo de espera surreal. Se você precisar usar o trem no sentido Santa Cruz antes das 7h, você não chega, só chega depois das 8h”, disse ela.
Quebra-quebra
A passadeira Maria José Pádua contou o que ocorreu. “O trem vinha vindo muito bem quando no meio do caminho parou, o maquinista não avisou nada, o pessoal desceu na via e começou a protestar. Em Santa Cruz, é sempre isso. Eles dizem para a imprensa que tem expresso, mas não tem. Eles não avisam nada. Todo dia é isso e tem que avisar patrão e tudo mais”, disse ela que seguia de Sepetiba para a Central do Brasil trabalhar.
Em protesto, alguns passageiros quebraram placas e bancos dos trens, além de televisões. Até as 11h da manhã, os trens na estação continuavam parados e tickets de restituição da passagem foram entregues aos passageiros afetados.
A doméstica Camila dos Santos, de 33 anos, que seguia de Santa Cruz com destino a Tijuca foi uma das beneficiadas com esse Ticket. “Era o mínimo, né? O meu trem parou na estação de Deodoro por causa dos trilhos queimando em Quintino. Eu estava indo para ajudar na mudança da minha patroa e agora tive que descer e ela chamou um Uber para eu continuar o caminho porque os trens estão parados”, disse ela.
Mas nem todos gostaram da solução dada pela Supervia. A faxineira Cassandra de Souza, de 20 anos, foi uma das pessoas indignadas.
“Paguei em dinheiro minha passagem e recebi esse ticket de restituição. Eu quero o meu dinheiro de volta e não isso. Eu levo duas passagens para chegar em casa, eu nem sei sair daqui de Deodoro e chegar em casa. O que farei com bilhete? Como vou chegar em casa? Já perdi minha faxina, deixei meus filhos, um de 2 anos e outro de 4 anos que deixou com minha mãe em casa para trabalhar e perdi minha faxina de hoje já no Méier. Quero saber como vou resolver isso. Chega de Supervia, estou cansada”, afirmou ela.
Ao final, a Supervia pagou em dinheiro a passagem dos afetados. O Grupamento de Policiamento Ferroviário foi acionado e segue atuando na região para controlar qualquer problema.
Em nota, a Supervia informou que, por volta das 06h30 de hoje [quinta] (10/11), um dispositivo de segurança de um trem foi acionado, paralisando a composição nas proximidades da estação Quintino. Após acionarem o alarme dentro do trem para abrir as portas, os passageiros desceram na linha-férrea. O Grupamento de Policiamento Ferroviário (GPFer) e a Polícia Militar foram acionados para as providências necessárias e o auxílio aos passageiros na via.
A Supervia ainda alerta que é extremamente importante que as pessoas respeitem as normas de segurança, não acionem os alarmes indevidamente para a abertura de portas e não transitem na via férrea para evitar acidentes. A linha-férrea é área exclusiva para a circulação dos trens.
A empresa ressalta que, no momento, em função de atos de vandalismo contra o sistema ferroviário, encontra-se suspensa a circulação de trens para os ramais Santa Cruz, Japeri e para extensão Paracambi. Toda a equipe técnica da concessionária está trabalhando para normalizar a operação.
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