Déficit
Pais reclamam da falta de professores em escola municipal do Rio
Crianças só ficam meio período nas escolas, segundo responsáveis
Com menos de uma semana de aula, os alunos da Escola Municipal Eusébio de Queiroz, em Padre Miguel, já sofrem com a falta de professores. O ENFOCO esteve na unidade e conversou com pais que estão inconformados com a situação. Segundo eles, seus filhos estão tendo um pouco mais de duas horas de aula todos dias, com a diretora e o coordenador do colégio.
Na porta da escola, os responsáveis deixam seus filhos e recebem o aviso: "A aula é só até as 15h30". Normalmente, o turno na tarde vai até as 17h.
Thaysa Goulart vê sua filha tendo seu ensino prejudicado em um ano importante de alfabetização. A mãe contou que precisa compensar em casa o que a filha não tem aprendido na escola.
"A minha filha está no primeiro ano, é um ano importante de alfabetização e já começou sem professor. Ela [a filha] está sendo bastante prejudicada. Ela está ansiosa pra conhecer a professora, e eu falei para ter paciência. Eu acho que esse ano não poderia ter acontecido isso, porque os alunos já foram muito prejudicados na pandemia", disse Thaya, que é professora.
Carla Cristina define a educação no Rio de Janeiro como precária e ainda lamenta a falta de professores na unidade.
"Já iniciou o ano letivo sem professor, e estamos aguardando porque a direção da escola disse que está procurando. O horário ficou reduzido, era de 13h às 17h30, mas agora está sendo de 13h às 15h30, e as crianças que vêm perdendo porque a educação, principalmente no Rio de janeiro, é precária", afirmou Carla.
Já a técnica de enfermagem Anna Karolina relata que a situação não é novidade. Alguns alunos já enfrentavam a falta de professores em 2022. Ainda segundo a mãe, a filha conta que apenas faz uma folha de exercício por dia.
"A falta de professores acaba prejudicando na educação porque atrasa as crianças. Eu falei com o secretário aqui da escola, e ele disse que não há previsão de chegada de professor. Eu descobri que o problema é persistente desde o ano passado, que há turmas sem professores. Eu vim no primeiro dia de aula e me informaram que não haveria. A minha filha fala que é com a diretora, que ela vem, distribui uma folhinha e depois as crianças não fazem mais nada até 15h30", revelou Anna.
O motorista Márcio dos Santos lembra da organização para a festa de Carnaval, enquanto as crianças têm o ensino prejudicado.
“E fica essa ausência aí de professor, quem sofre é a criança com falta de educação. Carnaval está aí, está tudo programado, o IPTU chegou, mas a educação, o futuro da nossa nação nada. Nem período sem aula, as crianças ficam fazendo educação física, ficam desenhando. A diretora que está ajudando, fica dando aula meio período”, relatou Márcio.
Segundo o Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe-RJ), a resposta que recebem da Prefeitura diante das reclamações é que estão fazendo o possível. E o problema ainda é maior. De acordo com o sindicato, os professores têm migrações de 40 horas de carga horária, duplas regências e complementações a serem atendidas enquanto não se faz uma chamada de professores para a rede municipal.
Além disso, argumenta o Sindicato, que as escolas da rede municipal de ensino têm déficit de outros profissionais, como secretários escolares, agente educadores, cozinheiras e agentes de apoio à Educação Especial.
Questionada sobre novos concursos e chamada de professores para escolas, a Prefeitura do Rio se limitou a responder que "quando há falta de professores, os alunos estão sendo atendidos pela direção ou pela Coordenadoria Regional de Educação".
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