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    Folia na pandemia

    Olha o bloco da festa paga aí, gente! Carnaval privatizado é criticado

    Com a proibição dos blocos de rua, é a vez dos eventos privados

    Publicado 27/02/2022 às 16:54 | Atualizado em 27/02/2022 às 17:12 | Autor: Ezequiel Manhães
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    Foliões devem ter cuidados relacionados à saúde.
    Foliões devem ter cuidados relacionados à saúde. |  Foto: Tânia Rêgo - Agência Brasil

    O carnaval 2022 é marcado por grandes festas particulares no Rio de Janeiro, sem uso de máscaras, apesar da Covid-19. Desde a última sexta-feira (24) artistas de renome arrastam multidões em diversas áreas fechadas da cidade, com aval da prefeitura.

    Apesar da proibição de concentrações e desfiles de agremiações e blocos carnavalescos nas ruas, inclusive atividades recreativas que apresentem características comuns a blocos, não é o que se vê na prática, nas ruas e bares do Centro a Zona Oeste.

    Festas, bailes e shows privados ganham a programação para os dias de carnaval. São diversos anúncios nas redes sociais. Circulam, inclusive, listas com programações para todos os dias de folia. 

    Locais como Lapa, Praça XV e Arco do Teles são algumas áreas que têm sido palcos para pequenos encontros com clássicos do carnaval, marchinhas e sambas-enredo históricos.

    A Prefeitura do Rio disse ao Enfoco que oito blocos já foram desmobilizados pela Secretaria de Ordem Pública e a Guarda Municipal, desde o último sábado (26).

    "A Seop monitora, por meio do setor de inteligência, eventos irregulares para que não haja transtornos na cidade e a GM-Rio atua na desmobilização desses eventos", continua.

    Os órgãos destacam, ainda, que contam com a conscientização e a colaboração da população para evitar participar de eventos do tipo.

    O governo municipal afirma que as fiscalizações são realizadas por meio do efetivo da Guarda Municipal de forma destacada e pelos comboios da Secretaria de Ordem Pública (três no sábado e cinco no domingo).

    Já as fiscalizações de festas são realizadas pela secretaria de saúde.

    O festival Só Track Boa, por exemplo, acontece a partir das 22h deste domingo (27), na Barra da Tijuca, e traz Vintage Culture como atração principal.  Os ingressos custam, em média, R$ 500, segundo o site oficial. A previsão de término é lá para as 10h desta segunda (28).

    O Bloco da Pocah arrastou multidão ao Nau Cidades, no Santo Cristo, neste sábado (26). Atrações como Pabllo Vittar, Rennan da Penha e Flay marcaram presença.

    Para o presidente da Comissão Especial do Carnaval da Câmara do Rio, Tarcísio Motta (Psol), há discriminação da prefeitura com o carnaval popular nas ruas.

    "Hoje, a única aglomeração que não pode ocorrer na cidade é a festa momesca do povo. A tsunami de festas privadas que tomou conta da cidade desde janeiro escancarou a hipocrisia do poder público", frisou.

    O parlamentar continua dizendo que não há parâmetro de razoabilidade em permitir determinados eventos em detrimento de outros.

    "Não ter tomado qualquer medida que diminuísse aglomerações quando a disseminação do vírus estava alta e manter a proibição de eventos carnavalescos, enquanto até festivais de rua apoiados pela prefeitura e sem qualquer protocolo sanitário rolam soltos, não tem parâmetro de razoabilidade", disse no Twitter.

    Entre os eventos previstos para os próximos dias estava o Encontro de Blocos de Rua RJ, que contaria com os tradicionais Cordão da Bola Preta, Suvaco do Cristo, Empolga às 9, Desliga da Justiça, Toca Rauuul!, Céu na Terra, Vagalume o Verde, Multibloco, Bangalafumenga e Afroreggae. Blocos que, em carnavais passados, foram responsáveis por reunir milhares de pessoas. 

    O evento, que custa de R$ 20 a R$ 150, aconteceria neste fim de semana no estacionamento da Feira de São Cristóvão, zona norte do Rio. Mas teve que ser adiado de última hora. A organização disse que seriam obrigatórios o uso de máscara e a apresentação da carteira de vacinação. 

    Escolas de samba também organizam festas fechadas. A Mangueira, por exemplo, vendeu ingressos para ensaios na quadra da escola de samba na última sexta (25) e sábado (26). Os preços variavam de R$ 40 a R$ 1,2 mil - camarote para dez pessoas. 

    Festas que já são tradicionais neste ano voltaram a ocorrer. É o caso do Bloco do Sai, Hétero. Antes da pandemia, ele reunia 30 mil pessoas. Agora, o público foi limitado a 15 mil. O bloco pode ser visto nas imediações do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM). Preços: de R$ 40 a R$ 80. 

    No início do ano, a Prefeitura do Rio suspendeu o carnaval de rua na cidade. Também adiou o desfile das escolas de samba para o dia 21 de abril, o feriado de Tiradentes, sob justificativa de aumento de casos da Covid-19 por conta da variante Ômicron.

    No entanto, as festas pagas estão sendo permitidas, já que podem exigir o comprovante da vacina. O internauta Alan Lopes criticou o cenário e fez alusão às medidas estabelecidas nas escolas. 

    "O carnaval tá rolando solto no Rio de Janeiro e ninguém exige passaporte sanitário. Mas para frequentar a escola o aluno é obrigado a apresentar essa aberração. Para não ser demitido do trabalho por justa causa, também. Nunca foi pela saúde. Sempre foi pelo controle!", publicou.

    Para Orlando Calheiros, doutor em Antropologia Social (UFRJ), o adiamento dos desfiles na Sapucaí serviu para deixar os trabalhadores desamparados.

    "Sempre avisamos, cancelaram o carnaval mas mantiveram os festivais privados, deixaram os trabalhadores do samba para morrer a míngua enquanto os blocos descolados se articulavam para lucrar com o cancelamento da festa", contou.

    Com Agência Brasil

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