Destruição
'Veio quebrando tudo', encosta desaba e invade casa em Niterói
Moradores acionaram a Defesa Civil um dia antes, sem resposta
As chuvas que atingiram Niterói desde a noite deste sábado (13) deixou um rastro de destruição na cidade. No bairro Largo do Barradas, uma encosta desabou e invadiu duas casas na Travessa George Allan.
O caso aconteceu por volta das 19h do sábado, eles contam que, ainda na sexta-feira (12), após o temporal, chegaram a acionar a Defesa Civil de Niterói devido ao medo de que algo pior acontecesse. Mas, nenhuma equipe foi até o local.
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"Na sexta já estava entrando água dentro de casa e, enquanto a gente abria uma vala para escoar, um pedaço de um muro e uma árvore caiu e veio trazendo muita lama. A gente correu, não sabíamos o que estava acontecendo. Eu liguei para a Defesa Civil, eles falaram que estavam com muita demanda e iam mandar uma equipe entre sexta e sábado de manhã, mas não mandaram. Ontem, com aquela chuva forte, veio uma árvore maior", detalha o auxiliar de serviços gerais Erick Douglas Oliveira, de 26 anos.
Até às 9h30 da manhã, a Defesa Civil ainda não havia chegado no local
No quintal de Erick são duas casas, a dele e a da mãe, a diarista Adriana Alves, de 49 anos. Segundo o rapaz, o que protegeu o imóvel dele foi um muro de contenção construído na parte de trás. Ele conta que quando tudo desabou, ainda limpava os estragos da sexta.
"Veio quebrando tudo, quebrou a casa da minha mãe, meu muro de contenção está em risco! A gente ficou do lado de fora, não podia sair porque estava chovendo e não podia entrar porque tinha risco da casa cair. A gente está esperando a Defesa Civil. Eu estava limpando quando ouvi o barulho e corri, foi quando a chuva ficou bem forte", relata.
A lama invadiu todos os cômodos da casa da dona Adriana. Moradora do local há 13 anos, ela conta que com muito suor conseguiu adquirir a casa própria e que o sonho, da noite para o dia, foi destruído.
Você trabalha a vida toda e vê suas coisas indo embora assim. Eu to chamando as pessoas para me ajudar, mas eu mesma não estou conseguindo fazer nada, estou totalmente perdida
"Você pede ajuda e esse negócio de dizer que aciona a Defesa Civil e eles vêm é mentira! A gente fica na vontade de Deus, aqui tem três crianças, e ainda bem que está todo mundo vivo", desabafa.
Até às 9h30 da manhã, a Defesa Civil ainda não havia chegado no local.
Outro caso
No bairro Ititioca, moradores relatam que durante a noite, outra encosta desabou na Rua D. Eles afirmam que acionaram os bombeiros e a Defesa Civil, mas ainda não há ninguém no local.
"Foi essa madrugada, desde antes da chuva a Defesa Civil foi acionada e os bombeiros também. Mas esperou cair. Se continuar desabando, vai ser uma tragédia", disse a cabeleireira Mereida Badini, de 32 anos, que mora no local.
A Prefeitura de Niterói disse que todas as ocorrências de deslizamentos estão sendo registradas e que as equipes técnicas fazem análise de todos os locais. Em caso de interdições, funcionários da Secretaria de Assistência Social dão apoio aos moradores.
Chuvas
Niterói segue em estágio de alerta máximo desde às 2h15 deste domingo devido à previsão de chuvas moderadas a fortes. Na noite de sábado, a cidade atingiu o maior registro de chuva em uma hora desde que a medição é feita pelo município.
O temporal chegou a 120,2 milímetros no período de uma hora, o que representa mais de 80% do volume esperado para todo o mês de janeiro. A Defesa Civil da Prefeitura de Niterói foi acionada até o momento para 14 ocorrências de deslizamentos. Não há registro de mortes nem de feridos graves.
No momento, há 21 pessoas desabrigadas e 43 desalojadas. Todas estão sendo atendidas por equipes da Secretaria Municipal de Assistência Social.
Há registros de deslizamentos de encosta e de desabamento de casas nas regiões do Boa Vista, Bonfim, Cavalão, São Francisco e Morro da Penha.
Desde a noite de sábado foram acionadas oito sirenes: as do Morro do Estado, Morro da Penha, Boa Vista, Jurujuba, Cavalão, Preventório, Travessa Beltrão e Morro do Palácio. Moradores dessas áreas foram orientados a se deslocarem para pontos de apoio com ajuda de voluntários e lideranças dos Núcleos Comunitários de Defesa Civil (Nudecs).
Ainda foram registrados 12 casos de queda de árvores, todas atendidas pelo Corpo de Bombeiros e por equipes da Secretaria Municipal de Conservação e Serviços Públicos (Seconser).
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