Alerta
Conheça o 'cruzamento da morte', o terror dos motoristas em Niterói
Avenida na Região Oceânica coleciona acidentes

Moradores de Itaipu, na Região Oceânica de Niterói, solicitam imediata intervenção da prefeitura na Avenida Professora Romanda Gonçalves com a esquina da Rua Doutor Pálvaro da Silva. Isso por conta de acidentes que já se tornaram frequentes no trecho. Segundo denúncias, colisões e pedidos de socorro se tornaram comuns. O local já foi apelidado, inclusive, de “cruzamento da morte”. Ao longo dos anos, inúmeros acidentes já foram registrados, alguns deles fatais.
O acidente mais recente que acendeu novamente o alerta ocorreu em 4 de dezembro, quando um carro colidiu com uma motocicleta, deixando duas pessoas feridas e um policial militar morto.

“Venho catalogando os acidentes há anos e já protocolei várias reclamações junto à prefeitura. Inclusive, em junho deste ano, enviei um documento ao Colab relatando um acidente e perguntei: ‘Vocês vão esperar acontecer alguma morte para tomar providências?’”, desabafa a vendedora, Glace de Oliveira.
Segundo a nutricionista Lísia Alves, dois dias depois do acidente fatal, houve outro registro no mesmo local. “O acidente aconteceu às três da manhã. Acordei com o barulho do carro. Sempre acordo com acidentes durante a madrugada”, explica.
De acordo com relatos dos moradores, não são apenas eles que conhecem o local como "cruzamento da morte"; até as equipes do Corpo de Bombeiros, que são sempre acionadas para a área, também usam o apelido.
Mais veículos, mais acidentes
Segundo Glace, os problemas aumentaram após obras no cruzamento, que elevaram o fluxo de veículos. Para Nilza Bohrer, moradora há 12 anos, o cenário é crítico:
Teve dias com cinco acidentes, e dificilmente passa um dia sem ocorrência.
Acidentes no local, no entanto, não são apenas consequência da falta de sinalização, mas também de imprudência e da visibilidade comprometida. Em certo trecho, motoristas precisam avançar sobre a sinalização no chão para enxergar o outro lado da via, devido a um muro alto que impede a visão adequada e aumenta o risco de colisões. Veja a imagem abaixo:

Além disso, muitos motoristas trafegam em alta velocidade, desrespeitando pedestres e outros condutores. Márcio Corrêa, DJ, relata situações de perigo:
"Eu já quase atropelei um motoqueiro vindo na via na mesma direção, e eles acham que a Avenida Sete é a principal, então atravessam direto. Eu já quase bati com o carro, já quase joguei um motoqueiro para o alto. Teve uma vez que um motoqueiro veio, também vinha um caminhão e eu vinha na mesma direção; o motoqueiro passou direto, faltou pouco para o caminhão pegá-lo na pista. Aqui é um cruzamento que tem acidentes direto."
Estragos frequentes e medidas improvisadas
Moradores afirmam que muros, postes e calçadas precisam de reparos constantes devido às colisões. Um muro atingido no acidente de 4 de dezembro já foi reconstruído quatro vezes em 2025. Outro imóvel construiu um muro longo para proteger o quintal de impactos diretos de veículos.
Um condomínio de casas que está sendo construído precisou recuar e reforçar o muro para evitar que carros invadissem as casas.
A estudante de biomedicina Karolina Bohrer lembra que uma amiga foi atropelada no ano passado e ficou cinco meses sem andar. Ela destaca o medo que o local causa: “Foi muto triste e muito complicado. Depois do acidente, ela nunca mais passou por aqui. Se fosse comigo, eu também evitaria essa rua”, explicou.
Dados sobre acidentes
Segundo o Corpo de Bombeiros, de janeiro a dezembro foram registrados quatro acionamentos no cruzamento envolvendo motocicletas, bicicletas, carros e capotagens. No mesmo período do ano passado foram cinco.
No entanto, moradores afirmam que em muitos acidentes o Corpo de Bombeiros não é acionado, especialmente aqueles que ocorrem sem vítimas graves. Lísia Alves explica: “Acidentes menores acontecem toda hora, mas ninguém chama bombeiros ou polícia. Cada um arca com seus prejuízos”.
A vendedora Glace detalha um acidente que presenciou e não que também não teve acionamento: “Uma menina de bicicleta elétrica foi atropelada porque não viu um carro vindo. Acidentes assim muitas vezes não tem acionamento para atendimento”.
Protesto
Cansados da situação, moradores realizaram um protesto no último dia 8, pedindo mais sinalização e medidas de segurança.
Após as reclamações, a Prefeitura de Niterói determinou uma equipe fixa da NitTrans para orientar o trânsito, mas os moradores dizem que ainda é insuficiente.
“Precisamos urgentemente de sinais, lombadas, travessias para pedestres… tudo para reduzir os acidentes, que são constantes”, afirma Glace.
O que diz a prefeitura?
A Prefeitura de Niterói, por meio Niterói Transporte e Trânsito (NitTrans) informou em nota que há um estudo em andamento para modernização, substituição e ampliação do parque semafórico da cidade:
A licitação para execução desse trabalho deve ser publicada em breve com previsão de contratação da empresa para o primeiro semestre de 2026.
A NitTrans também explicou que possui projetos para a implantação de traffic calming, que são as travessias elevadas e ondulações aplicadas na pista para redução de velocidade com a finalidade de contribuir na redução de acidentes.
'A Avenida Professora Romanda Gonçalves, em Itaipu, é uma das vias contempladas no estudo para receber melhorias com o objetivo de reduzir os sinistros e melhorar a segurança', finaliza a nota.

Tayná Ferreira
Repórter
Apaixonada pela comunicação e amante da Língua Brasileira de Sinais (Libras), também adora fotografia, boas conversas e filmes

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