Ameaça de fechamento da Imprensa Oficial desespera funcionários

O possível fechamento da Imprensa Oficial, cuja sede funciona no Centro de Niterói, mobiliza os cerca de 80 funcionários do órgão do Estado, que temem perder seus empregos caso a autarquia não siga operando. Os trabalhadores, contratados em regime de CLT, denunciam também que estão sem receber salários desde outubro do ano passado e sem respostas para resolver o problema. 

Para discutir a situação, uma assembleia será realizada nesta sexta-feira (31), no auditório da Federação dos Metalúrgicos, em Niterói, Região Metropolitana do Rio. No encontro, os funcionários avaliarão os próximos passos diante da crise financeira, o que está afetando trabalhadores e fornecedores da autarquia. 

Segundo o vice-presidente do Sindicato dos Gráficos de Niterói, João Luiz Soares, que trabalha na Imprensa Oficial há 52 anos como gráfico, a incerteza cresce à medida que a empresa acumula dívidas. A preocupação se intensificou após uma assembleia recente do Conselho de Administração da empresa, quando o tema foi discutido.

"Por enquanto, não há uma definição sobre o fechamento, mas sabemos que a empresa tem dificuldades para pagar funcionários e fornecedores", afirmou Soares informando ainda que a atual gestão tem buscado soluções, como parcelamento de débitos e pedidos de aporte financeiro ao governo estadual.

Ainda de acordo com Soares, a continuidade da empresa depende da liberação de recursos pelo governo do estado, estimados entre R$ 17 milhões e R$ 20 milhões.

Sem esse dinheiro, a Imprensa Oficial não terá condições de funcionar. A empresa foi usada ao longo dos anos para transferir milhões ao governo, e agora, que precisa de um valor relativamente pequeno, não pode ser simplesmente fechada

Ainda segundo Soares, um relatório foi elaborado pelo presidente da empresa e enviado ao Conselho de Administração, solicitando os recursos e demonstrando a viabilidade da Imprensa Oficial a médio e longo prazo. No entanto, a decisão final sobre o futuro da estatal depende do Governo do Estado. 

"O governador precisa avaliar a situação e decidir se fará o aporte necessário. Sem essa ajuda, a empresa pode não sobreviver", concluiu.

De acordo com João, a empresa emprega aproximadamente entre 80 e 100 funcionários, incluindo agentes administrativos, impressores, motoristas, contadores e profissionais de outras funções, atuando na produção de diversos serviços gráficos.

Estamos há quatro meses sem receber e não sabemos o que fazer. Nosso futuro é incerto

Angústia

"As contas continuam chegando, mas sem pagamento, não temos como quitá-las. A situação é desesperadora. Há colegas adoecendo, sofrendo com depressão e angústia. Nunca imaginamos que uma empresa como essa chegaria a esse ponto. Amanhã teremos uma reunião com o sindicato para entender quais medidas serão tomadas", relatou um funcionário que preferiu não se identificar.

De acordo com a queixa, os trabalhadores foram informados por meio de um comunicado no WhatsApp sobre a reunião desta sexta (31). Entre os temas em pauta estão a liquidação da Imprensa Oficial do Rio, as ações do Sindicato dos Gráficos de Niterói e os direitos trabalhistas dos funcionários.

O que diz o governo

Procurada pelo ENFOCO, a Secretaria da Casa Civil ainda não se manifestou sobre os apontamentos.

História da autarquia 

Criada há 93 anos, a Imprensa Oficial do Estado do Rio é responsável pela publicação de atos oficiais e documentos do governo estadual. Desde sua fundação, a empresa tem passado por transformações para se adaptar às mudanças tecnológicas e ampliar sua oferta de serviços.

Ao longo das décadas, a Imprensa Oficial modernizou seus processos e investiu em novas tecnologias para garantir eficiência e transparência na divulgação de informações públicas. Além da publicação do Diário Oficial do Estado, a empresa presta serviços gráficos e editoriais, sendo um importante suporte para a administração pública.

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Apesar das dificuldades financeiras, a estatal segue como peça fundamental na comunicação institucional do governo estadual, assegurando o acesso da população a decisões e normas que impactam a sociedade.