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    Niterói alerta não ter sido informada sobre estudo do vírus Mayaro

    Publicado 16/05/2019 às 18:27 | Autor: Plantão Enfoco
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    Mayaro, Virus, Dengue
    Sintomas são similares ao da Chikungunya. Foto: Divulgação

    Um estudo do Laboratório de Virologia Molecular, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) alerta para a circulação de um novo vírus no Estado e que três casos teriam sido diagnosticados em Niterói. Entretanto a Fundação Municipal de Saúde, responsável pela notificação de casos relacionados, informa não ter recebido qualquer informação a respeito do estudo da universidade, portanto não considerando registros da patologia referente ao vírus Mayaro.

    A febre de Mayaro já é observada de forma endêmica na região Norte do país. A infecção pelo vírus, pertencente à família Togaviridae e ao gênero Alphavirus, causa febre alta e dores articulares crônicas, sintomas similares a Chikungunya, o que provoca confusão na tentativa de diagnóstico clínico, se baseado apenas nas características sintomatológicas das infecções.

    Em 2016, o Laboratório fez diagnóstico molecular de arboviroses na região Sudeste (dengue, zika, entre outros), incluindo o vírus da Chikungunya, que ocasionou, em 2016, um surto na região Sudeste, persistindo com seu maior índice agora em 2019.

    Sob coordenação dos pesquisadores Amilcar Tanuri e Rodrigo Brindeiro, foram estudadas 279 amostras indicativas de infecção pelo vírus da Chikungunya, seguindo o quadro sintomatológico.

    Do total, 57 amostras (duas em cada dez) não apresentaram diagnóstico molecular para o próprio vírus nem sorológico, sendo consideradas de análise indeterminada. Isso se deve, principalmente, ao tempo de coleta das amostras clínicas para diagnóstico (sangue e urina), que só possuem sensibilidade para detecção do vírus da Chikungunya numa janela de cinco e 21 dias pós-sintomas iniciais para sua detecção, respectivamente. Após esse período, é comum haver uma limpeza do vírus nos fluidos corporais, mesmo com a permanência dos sintomas clínicos.

    Na reanálise dos 57 casos indeterminados para Chikungunya sob PCR em Tempo Real, capaz de amplificar uma região de 107 pares de bases de genoma do gene NS1, específico do Mayaro, detectaram-se três casos retrospectivos de diagnóstico para esse vírus, endêmico da Amazônia. O PCR em Tempo Real é uma versão aperfeiçoada da PCR (Reação em Cadeia da Polimerase, em português). Seu princípio se embasa na duplicação de cadeias de DNA in vitro que pode ser reproduzida diversas vezes, originando quantidade de DNA suficiente para realizar várias análises.

    Com a detecção do Mayaro nas três amostras, os cientistas comprovaram, portanto, que os vírus do Mayaro e da Chikungunya já circulam juntos no estado do Rio de Janeiro. Em diferentes proporções, provocam o mesmo quadro clínico de febre alta e dores articulares crônicas. A descoberta pode causar um desafio diagnóstico ainda maior, porque existe uma grande reatividade sorológica cruzada entre os vírus Mayaro e o da Chicungunha.

    Casos em Niterói

    Segundo a UFRJ, três casos possuem características epidêmicas comuns: todos são de Niterói, provavelmente de pessoas infectadas que não viajaram para regiões endêmicas e identificados no ano de 2016.

    Os pesquisadores agora realizam estudos para confirmar e aprofundar as características virais, epidêmicas e sorológicas das infecções. Será necessário também realizar estudos de xenovigilância epidemiológica, coletando mosquitos de diferentes espécies (Haemagogus, Sabethes, Aedes e Culex) na região afetada (Niterói, São Gonçalo, Maricá etc.) a fim de avaliar a existência desse vírus amazônico de forma ecotrópica, na região do Grande Rio.

    A população deve seguir os mesmos procedimentos já adotados para combater os mosquitos da dengue, entre eles evitar água parada e usar repelentes.

    A Fundação Municipal de Saúde (FMS) de Niterói informa que não foi comunicada oficialmente pelo Ministério da Saúde (MS) e Secretaria de Estado de Saúde (SES) sobre o resultado dessa pesquisa realizada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A FMS, por meio da Coordenação de Vigilância em Saúde do município, esclarece que atua de acordo com protocolos e diretrizes do MS e SES, portanto, aguarda comunicado formal e orientações dos órgãos.

    De acordo com acordo com o último Levantamento Rápido do Índice de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa) realizado em Niterói, a cidade possui 1.0% de infestação de criadouros, o que indica baixo risco de surto das doenças, patamar considerado satisfatório.

    Ainda de acordo com os dados da FMS, houve uma redução de 95% dos casos das arboviroses em relação ao mesmo período do ano passado. Nos 4 primeiros meses do ano de 2019 foram notificados 102 casos de chikungunya, 108 de dengue e 13 de Zika. Já no ano passado, foram 2272 casos de chikungunya, 1390 de dengue e 256 de Zika.

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