Revolta
'Não somos bandidos', dizem camelôs durante protesto no Rio
Camelôs também denunciam violência por parte da Guarda Municipal
Acorrentados e em busca de promessas nunca concretizadas, ambulantes protestam, na manhã desta quinta-feira (27), na Cinelândia, contra a retirada dos camelôs do Centro do Rio e pedem um posicionamento da prefeitura sobre a abordagem da Guarda Municipal.
Segundo o Movimento Unido dos Camelôs (Muca), houve uma promessa por parte do prefeito Eduardo Paes (PSD), garantindo que haveria diálogo com a categoria, sem violência. Mas, conforme os ambulantes, isso nunca aconteceu.
"Ele tem que cumprir a promessa de campanha dele, ele prometeu que ia conversar com os camelôs e que não teria repressão dos camelôs nas ruas. E o que a gente vê hoje, ele não teve reunião nenhuma com a gente, é que os camelôs têm apanhado nas ruas direto. Queremos derrubar o decreto que o prefeito aprovou no qual permite que os subprefeitos possam apreender mercadorias", disse Maria de Lourdes, líder do movimento.
Trabalhando como ambulante há 28 anos, o que Maria mais vem buscando é que a categoria consiga fazer o seu trabalho em paz. Segundo a líder, a Guarda Municipal tem atuado de formas suspeitas, principalmente na Zona Sul da cidade.
"Em Copacabana é o lugar em que os camelôs estão apanhando muito, estamos tendo mercadorias apreendidas, os guardas não estão dando auto de apreensão, quando vamos buscar nossa mercadoria no depósito, a metade desapareceu ou não aparece mercadoria nenhuma", denuncia.
Além disso, conforme os relatos, os guardas não estão usando uniformes quando abordam os ambulantes.
"A gente quer o fim da violência. A fiscalização está fazendo apreensão à paisana, sem uniforme, sem identificação, a gente não vai aceitar isso. O tempo todo ele [Eduardo Paes] quer criminalizar a gente, tornar a gente bandido, mas a gente não vai deixar. Vamos estar nas ruas lutando pelos nossos diretos", pontua.
Reconhecimento
Um dos pedidos dos ambulantes é que eles sejam reconhecidos como trabalhadores, e o Muca vem buscando isso há 20 anos. Segundo Maria de Lourdes, há uma marginalização da profissão que não deveria existir.
"Uma das coisas que o prefeito sempre acusa é que o camelô que não tem autorização é bandido. Então, o que tira a gente da marginalidade é a autorização. Quem autoriza a gente é ele! Se a gente é marginal, a culpa é dele. A gente quer ser autorizado, queremos trabalhar de forma organizada", afirma.
O simbolismo das correntes é explicado pela organizadora: "É para dizer que isso aqui é o que o prefeito vem fazendo com a gente. Ele acorrenta a gente quando não nos deixa trabalhar, quando pega nossa mercadoria, quando não deixa a gente levar comida para nossos filhos".
A Secretaria de Ordem Pública afirmou que tem mantido o diálogo com os representantes dos comerciantes ambulantes com o objetivo de ouvir as demandas da categoria e compartilhar com o grupo algumas iniciativas já tomadas pela SEOP.
"É importante destacar que a SEOP e a GM-Rio têm prerrogativa legal para realizar a apreensão das mercadorias de ambulantes ilegais. Muitas vezes, durante a abordagem, os ambulantes resistem à ação dos agentes, atacam as equipes e é necessário o uso diferenciado da força. A SEOP informa que há ocorrências em análise pela corregedoria da secretaria sobre eventuais excessos dos agentes", diz a nota.
Sobre as apreensões, eles irnformara que todas as mercadorias retidas recebem um lacre e o contra-lacre é entregue aos ambulantes, e que desde 2021, 500 novas licenças foram concedidas a ambulantes, além de mais de 1.000 estruturas para trabalho. A SEOP ressaltou que está em constante análise para novas possibilidades de licenças para comerciantes ambulantes.
Perdeu documentos, objetos ou achou e deseja devolver? Clique aqui e participe do grupo do Enfoco no Facebook. Tá tudo lá!