Saúde
Mudanças de tempo agravam doenças respiratórias, dizem médicos
Alterações bruscas podem representar sérios riscos
O mês de setembro de 2024 foi marcado por frentes frias e ondas de calor. Na última semana, por exemplo, os termômetros chegaram a quase 40° C na Região Metropolitana do Rio, ao mesmo tempo em que alertas de tempestades de ventos e chuvas foram previstos para cair em parte do estado. Em meio às mudanças bruscas no tempo, o comprometimento da saúde é um risco que deve ser calculado.
Chuva hoje e calor amanhã. É com esta rotina que os brasileiros têm se acostumado, principalmente com o agravamento das mudanças climáticas, influenciado por fenômenos e pela queima de combustíveis fósseis. Conforme o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), a tendência de continuidade de aquecimento indica que eventos extremos se tornarão mais frequentes e destrutivos.
As mudanças bruscas de tempo conhecidas como ‘’variabilidade térmica’’ oferecem riscos e agravamento ao aparelho respiratório. É o que diz a pesquisadora da Fiocruz e pneumologista Margareth Pretti Dalcolmo.
‘’A mudança de fenômenos climáticos da atualidade sem dúvida tem tido uma repercussão importante sobre as doenças respiratórias. As consequências sobre o aparelho respiratório são conhecidas, seja sobre as doenças respiratórias agudas, seja sobre exacerbações de doenças crônicas como por exemplo, asma e DPOC - doença pulmonar obstrutiva crônica’’, explicou Dalcolmo.
Ainda conforme uma pesquisa coordenada pela Universidade de Queensland, na Austrália, exposição a temperaturas instáveis afeta os batimentos cardíacos, a pressão arterial, os níveis de colesterol no sangue, a vasoconstrição periférica (quando os vasos sanguíneos se estreitam em resposta à diminuição da temperatura) e a capacidade do sistema imunológico de combater a invasão de agentes infecciosos.
Quando somadas aos períodos em que há sazonalidade de vírus, os fenômenos oferecem ainda a exposição a diferentes tipos de vírus, explica a especialista.
‘’Há um aumento de demanda, as emergências estão lotadas, consultórios médicos, clínicas da família. Lembrando que nós estamos num período em que a sazonalidade se modificou também, então há muitos vírus circulando, portanto, isso causa uma demanda de assistência médica muito grande’’, destaca.
Como manter a saúde
O infectologista pediátrico e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal Fluminense (UFF), André Ricardo Araújo, disse que a pessoa que tem um problema de saúde crônica normalmente já conhece o corpo e deve tomar medidas importantes.
Os que já usam medicamentos têm que manter o uso, manter uma boa hidratação, que é fundamental nesse período, principalmente quando está muito seco. A pessoa tem que ter o equilíbrio alimentar, o equilíbrio de sono, de repouso, para fazer com que isso seja minimizado, ou essas crises sejam minimizadas com essas variações de temperatura
O médico ainda deu dicas de cuidados de forma geral. "Procurar manter um ambiente arejado e ter o menor exposição a temperaturas que sejam agressivas. Mas as pessoas que, por função da profissão, acabam ficando expostas, como trabalhadores que trabalham em rua, em obras, enfim, aí essas pessoas precisam de medidas adicionais, além de manter nutrição, sono, repouso, exercício físico, no horário que isso seja possível fazer. A pessoa não pode também fazer exercício em horários que ela vai ficar estenuada fisicamente, desidratada rapidamente e, por fim, manter a vacinação em dia também é medida adjuvante", detalhou.
Previsão para outubro
Conforme o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), as capitais Curitiba (PR), São Paulo (SP) e Rio de Janeiro (RJ) devem registrar quedas bruscas nas temperaturas neste mês de outubro.
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