Explicação
MPF cobra do Flamengo paradeiro de homenagem a morto na ditadura
Placa que homenageava Stuart Angel desapareceu em 2016
O Flamengo tem até esta quinta-feira (18) para prestar esclarecimento ao Ministério Público Federal (MPF) a respeito do desaparecimento de uma placa em homenagem ao estudante Stuart Angel, assassinado sob tortura na Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro, em 1971. O objeto estava em um memorial na sede de Remo do Flamengo, na Lagoa, clube no qual Stuart era atleta, e de lá foi retirada durante a Olimpíada do Rio, em 2016.
Para os procuradores regionais dos Direitos do Cidadão, Jaime Mitropoulos, Julio José Araujo Junior e Aline Caixeta, o resgate e a preservação da história de mortos e desaparecidos durante a ditadura militar, incluindo a conservação e restauração de monumentos alusivos à ela, constitui obrigação do Estado e um direito de toda a sociedade.
Ainda de acordo com os procuradores da República, “trata-se de uma forma de garantir às gerações futuras o direito de conhecer as violações sistemáticas dos Direitos Humanos praticados pelo Estado, de modo a prevenir, inibir ou, pelo menos, mitigar as chances de que voltemos a repetir no futuro as violações já cometidas no passado”. Sob esse aspecto, cabe aos agentes públicos e particulares responsáveis por esses bens prestarem informações que possam auxiliar na sua localização.
A placa desaparecida havia sido instalada em 2010 e não foi mais vista depois dos Jogos Olímpicos de 2016. Agora, o Ministério dos Direitos Humanos tem um projeto para reinaugurar a placa e não se tem informações sobre o local onde ela está.
O Flamengo não enviou resposta ao ENFOCO sobre o assunto até a publicação desta reportagem.
Stuart Angel
Stuart era filho da estilista Zuleika Angel Jones, mais conhecida como Zuzu Angel, e de Norman Angel Jones, de nacionalidade inglesa e norte-americana. Ele cresceu no Rio de Janeiro, onde cursava Economia na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Sua militância política foi iniciada quando entrou na Dissidência Estudantil do PCB da Guanabara, que depois passou a se chamar MR-8.
Segundo informações do Memorial da Resistência de São Paulo, o desaparecimento de Stuart é um dos mais conhecidos da ditadura militar, tanto no Brasil quanto no exterior, em virtude das denúncias de sua mãe, Zuzu Angel. Em depoimentos prestados À Comissão Nacional da Verdade, em 2014, testemunhas afirmaram que Stuart foi barbaramente torturado até a morte para que revelasse o paradeiro de Carlos Lamarca, um dos líderes da luta armada conta a ditadura.
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