Chegada
'Morreram muitas pessoas', diz pastor no Rio ao chegar de Israel
Avião da FAB trouxe 104 passageiros ao Rio nesta quarta
A chegada de brasileiros vindo de Israel em aviões da FAB na manhã desta quarta (11), no aeroporto do Galeão, na Ilha do Governador, na Zona Norte do Rio, trouxe alívio e lembranças de um período doloroso. Muitos faziam turismo religioso no país e foram surpreendidos por bombardeios ocasionados pelo grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza.
Foi o caso do pastor paranaense Egon Laufer, de 59 anos, que estava em sua primeira viagem à Terra Santa. O religioso estava com um grupo de 60 pessoas quando os bombardeiros começaram no último sábado (7).
Ouvimos as sirenes serem tocadas por duas vezes antes de sermos resgatados pela Força Aérea. Estávamos em uma excursão religiosa, visitando cidades. Era a minha primeira vez em Israel. Estar aqui no Brasil novamente faz meu coração ficar repleto de alegria e de dor porque morreram muitas pessoas. Cheguei a ver os tanques de guerra e os aviões. Vi muito pânico nas pessoas. Atacaram um país, Israel é muito abençoado, mas agora está em momento de guerra. Desejo que haja paz em Israel, como há no Brasil
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A carioca Jaqueline Kajishima estava com o marido Aurélio Kajishima em Jerusalém quando ocorreram os ataques terroristas. Ela disse que a insegurança era frequente e que dormia com medo, já que os bombardeios poderiam acontecer a qualquer momento.
“Estávamos em uma caravana de 23 pessoas com destino a Israel, desde adolescentes até idosos. A gente queria conhecer todo o centro histórico de Israel, porém, depois que passamos pela travessia, estávamos no norte indo pro sul, quando chegamos no hotel em Jerusalém, começaram as bombas e tudo tremia muito. Íamos para o banker que ficava abaixo do solo. Tinham crianças e tudo, não estamos acostumados a viver num cenário como esse de guerra. É difícil. A gente não sabe o que pode acontecer, é barulho de tiro. A gente dorme sem saber o que vai acontecer”, afirmou ela. Ela ficaria na cidade até o dia 13 deste mês, se a viagem corresse normalmente.
Objetivo é repatriar pelo menos 900 brasileiros até o final de semana
A jornalista Darleide Alves estava no país a trabalho. “É muita alegria retornar. Eu estava a trabalho, atuo com mídia, ia gravar uma série de TV. Chegamos lá na sexta pela manhã e no sábado pela manhã fomos surpreendidos pelo bombardeio. Em Jerusalém, o tempo todo foi mais seguro, no sábado pela manhã, as sirenes começaram a tocar muito cedo, muitas vezes, alertando sobre o bombardeio. Logo depois, de noite, resolvemos sair de Jerusalém e tomar um voo para a Romênia, mas não foi possível, tentamos fugir do bombardeio, mas quando chegamos na aeroporto, voltaram. Agora vou correr para casa e abraçar toda a minha família”, contou a jornalista que disse que foi um alívio receber a mensagem da embaixada falando sobre o voo para ir embora. Nem todos os brasileiros conseguiram falar com a família em Israel.
Lanier de Moraes, representante do Itamaraty no Rio, afirmou que a missão de resgatar brasileiros em Israel foi exitosa. “Esses são os primeiros brasileiros que retornaram, agora terão outros voos com brasileiros retornando para o Galeão. O Itamaraty lamenta o nível de proporções grandes em que a comunidade internacional, nesse momento, tende a se unir para evitar qualquer escalada. O Itamaraty repudia também esses atos de violência”, afirmou. Um terceiro voo está programado para chegar ainda nesta terça-feira (11), por volta das 23h.
O voo
A aeronave KC-30 da Força Aérea Brasileira (FAB), com 211 passageiros, decolou de Tel Aviv às 14h12 (horário de Brasília) de ontem (10) e fez voo de cerca de 14 horas direto para a capital federal.
Do total, 107 passageiros desembarcaram em Brasília e 104 seguiram para o Rio de Janeiro em dois aviões da FAB.
O governo federal mobilizou a repatriação dos brasileiros devido ao confronto iniciado no último fim de semana entre Israel e o grupo Hamas, no Oriente Médio. Estão previstos mais quatro voos até domingo (15) na chamada Operação Voltando em Paz, coordenada pelos ministérios da Defesa e das Relações Exteriores. Neste primeiro momento, a estimativa é retirar 900 brasileiros que estão em Israel e na Palestina.
As próximas aeronaves com repatriados pousarão no Rio de Janeiro, no Recife, em São Paulo e as duas últimas no Rio de Janeiro. Para o deslocamento até o destino final de cada um as passagens serão custeadas pela empresa aérea Azul. A parceria é uma articulação da Presidência da República com a companhia.
O Itamaraty já colheu os dados de pelo menos 2,7 mil brasileiros interessados em deixar a região e voltar ao Brasil. A maioria é de turistas que visitavam Tel Aviv e Jerusalém quando, no último sábado (7), o Hamas, que governa a Faixa de Gaza, deflagrou um ataque contra o território israelense. Seguiu-se, então, forte reação militar de Israel, que passou a bombardear a Faixa de Gaza.
Outras pessoas irão retornar de Israel em voos comerciais e irão desembarcar no Galeão, como, por exemplo, membros da Igreja Lagoinha, de Niterói, incluindo Felippe Valadão. O voo deles está previsto para chegar ao Rio por volta das 15h.
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