Cidades
Moradores relatam surto de Cinomose em Maricá
Moradores de Maricá estão preocupados com casos de Cinomose na cidade, principalmente donos de animais de estimação, em especial de cães. A doença canina infectocontagiosa causada pelo vírus da família Paramyxovirus foi confirmada em diferentes casos animais, de acordo com a Prefeitura.
O aumento repentino no número de casos aparece principalmente no distrito de Itaipuaçu, com relatos dos donos. Entretanto, a doença não é uma zoonose - ou seja, não é transmitida para seres humanos - prevista na lista de enfermidades com notificação obrigatória à administração pública.
Apesar dos moradores relatarem o surto da doença e a própria Prefeitura confirmar, posteriormente a assessoria de comunicação voltou atrás e relatou que embora existam casos, ainda não há confirmação oficial de surto.
De acordo com o vice-presidente estadual da Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais (Anclivepa) e secretário-geral do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado do Rio (CRMV-RJ), Diogo Alves da Conceição, os primeiros sintomas são vômito, apatia, corrimento nasal e perda de apetite.
"Esses sinais podem aparecer isolados ou em conjunto. Não há uma regra. Com o passar dos dias, o vírus vai agindo no organismo e o quadro fica ainda mais grave. O animal poderá apresentar também: febre, falhas na coordenação motora, espasmos (tremores) musculares, dificuldade de locomoção e dificuldade para respirar", explica o veterinário.
Apesar de não se tratar de uma zoonose, para o veterinário é importante que casos como os de Cinomose sejam relatados às autoridades para que tomem as medidas pertinentes.
"Como todas as doenças, quanto antes for diagnosticada e tratada, maiores são as chances de cura. Por isso, sempre que se perceber qualquer alteração no comportamento, na pele ou em qualquer parte do corpo do animal, é preciso levar veterinário. Não há um remédio específico para tratar a doença. O tratamento é longo, complicado e nem sempre atinge resultados positivos. Muitos cãezinhos acometidos morrem", esclarece.
A advogada e protetora de animais, Deborah Ribeiro, de 54 anos, é uma das que viveu a experiência dolorosa de acompanhar e tratar de seus pets que contraíram a doença.
A moradora do distrito de Itaipuaçu costuma resgatar cães e outros bichos em situação de rua. Dos pouco mais de 20 cachorros dos quais toma conta, quatro já foram diagnosticados com a doença e foram tratados. Já outros três não tiveram a mesma sorte e faleceram.
"É um tratamento que exige muita paciência do dono, porque é muito penoso para o animal. Fiquei noites e noites sem dormir para aplicar o medicamento na hora correta e para dar comida, porque é preciso forçar", explicou a advogada.
No ano passado, Deborah travou uma luta dolorosa pela vida do cão Boy. O filhote foi diagnosticado com a doença e não resistiu.
"Só quem tem amor é que cuida. O animal sofre muito com a doença. O Boy começou a perder os movimentos, a ficar sem comer. Fizemos alguns tratamentos para ele voltar a andar, mas ele não resistiu", lamenta.
A dona de casa Claudia Alarcon, de 52 anos, também passou pela experiência com seus dois pets. A moradora de Inoã resgatou três cães na rua de casa, mas apenas um do trio conseguiu sobreviver a Cinomose.
"Eu não sabia que eles já estavam doentes. Quando foi aplicada as primeiras vacinas, foi ativado o vírus. Eles não tiveram muito tempo para continuar o tratamento. Começa como se fosse um resfriado, lacrimejando os olhos e ficam quentes", contou.
Doença
A Cinomose é uma doença que, geralmente, acomete cães mais jovens em seu primeiro ano de vida. No entanto, também pode infectar animais mais velhos que por alguma razão não tenham sido imunizados anteriormente com vacinas próprias, ou que por alguma doença seu sistema imunológico se encontra debilitado. Para impedir que o cão adoeça a melhor forma é a imunização. Além das vacinas que foram aplicadas enquanto ele era filhote, é possível fazer o reforço em veterinárias e campanhas adotadas pelo município.
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