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    Diversão e Cultura

    Festa Literária de Maricá começa com música, debates e atividades

    Primeiro dia da 'Flim' reuniu literatura, arte, circo e teatro

    Publicado 02/11/2024 às 16:32 | Autor: Enfoco
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    Público lotou o evento em Maricá
    Público lotou o evento em Maricá |  Foto: Bernardo Gomes / Prefeitura de Maricá

    A 9ª Festa Literária Internacional de Maricá (Flim) foi oficialmente aberta pelo prefeito Fabiano Horta no início da noite de sexta-feira (1). Um cortejo cultural, formado por artistas de circo, do teatro e da música, grupos de capoeira e integrantes da Escola de Samba União de Maricá, do Bloco Terreirada e da banda Sinfônica Ambulante, percorreu a orla do Parque Nanci, dentro da área do evento, animando o público.

    A Sinfônica Ambulante liderou o cortejo ao som de “Maria, Maria”, canção de Milton Nascimento, seguida da União de Maricá com samba “O Esperançar do poeta” que foi apresentado na Marquês de Sapucaí este ano e exalta o amor por Maricá.

    Sinfônica Ambulante fez cortejo no festival
    Sinfônica Ambulante fez cortejo no festival |  Foto: Elsson Campos / Prefeitura de Maricá

    O prefeito destacou que a Flim, construída ao longo de nove anos, coloca o livro como instrumento fundamental na formação dos jovens da cidade, estimulando e sensibilizando a cidade para encontrar no mergulho literário o objeto do desenvolvimento humano.

    Aspas da citação
    A Flim ganhou uma dimensão de pertencimento coletivo do município. Vamos cultivar ao longo dos próximos dez dias a natureza da cultura como um valor central da formação dos encontros humanos. Viva a Flim, viva a cultura e que essa Maricá universal e das utopias seja muito vivida por cada um nesses dez dias que vão revelar eternidade do nosso sonho. Está aberta a Festa Literária Internacional de Maricá
    declarou o prefeito, durante o festival
    Aspas da citação

    O secretário de Educação, Marcio Jardim, que é responsável pela organização do evento, ressaltou a importância do cartunista Ziraldo, que faleceu em abril deste ano e é homenageado nesta edição da festa literária. Ele citou uma frase do escritor e disse que Maricá é a cidade das utopias e dos sonhos.

    “Ele criou um personagem que hoje está presente em cada um de nós, no nosso olhar, nos nossos passos, um personagem chamado Maluquinho. Ziraldo dizia que o homem e a mulher são a medida dos seus sonhos. É preciso sonhar alto para grandes voos. Maricá voa com Ziraldo, com Maluquinho. Viva Ziraldo, viva a Flim!”, afirmou Márcio.

    O secretário de Governo, João Maurício de Freitas, acrescentou que a Flim foi construída para levar oportunidades e incluir o diferente. “Essa é a maior festa literária do Brasil, um momento mágico para todas as famílias”, exaltou.

    O secretário executivo de Relações Internacionais da Presidência da República, Olavo Noleto, ressaltou que a Flim é a educação libertadora, em um lugar onde crianças e jovens têm acesso ao saber e a reflexão. “O legado de Fabiano Horta é apresentar para o Brasil inteiro que é possível construir uma cidade dos sonhos”, afirmou. A secretária de Ciência, Tecnologia e Formação, Adriana Luiza da Costa, também participou da solenidade de abertura junto aos demais secretários municipais e vereadores.

    Roda literária sobre territórios e ancestralidade

    Com mediação do professor de Literatura, João do Corujão, a primeira roda literária desta edição reuniu os escritores Itamar Vieira Jr e Jacques D’adesk, além da tapeceira de Maricá Ilma Macedo, para debater o tema “Territórios de resistência: histórias de luta e ancestralidade”, onde falaram sobre liberdade para escrever e referências do passado.

    Festival reuniu artistas, autores e diversos gêneros literários
    Festival reuniu artistas, autores e diversos gêneros literários |  Foto: Marcos Fabrício / Prefeitura de Maricá

    Autor de “Torto Arado”, o escritor baiano Itamar Vieira Júnior destacou que na literatura deve prevalecer o sentido de liberdade e é uma engrenagem onde só funciona porque tem o autor, a história e o leitor. Segundo ele, o autor vive aquela história ao escrever e é atravessado por sentimentos. Já o leitor processa imagens, personagens e eventos para fazer todo o encadeamento na sua mente.

    “Ele vai passar por algo engraçado, vai sorrir e se emocionar. Não importa se são homens lendo sobre mulheres, lendo sobre animais ou mulheres lendo sobre homens, pessoas brancas lendo sobre pessoas negras e vice-versa. Nesse terreno tudo é possível e o importante é que estamos compartilhando de alguma maneira algo que é universal, que pertence a todos, que é essa experiência humana. Esperar que um escritor negro só escreva sobre pessoas negras é encarcerá-lo num lugar muito restrito”, afirmou o escritor.

    Itamar também pontuou sobre a questão da liberdade do escritor na literatura e citou a expressão “lugar de fala”, muito utilizada na atualidade que dá voz a mulheres, indígenas e pessoas negras que, segundo ele, tiveram esse direito negado historicamente.

    Aspas da citação
    Esse conceito provoca uma mudança no comportamento da sociedade. Sempre vamos querer escutar aqueles que ocupam esse lugar. Acho que na literatura, nas artes como um todo, ainda deve prevalecer a ideia de liberdade. Porque a imaginação, nossa imaginação, é absolutamente livre
    ressaltou Itamar, escritor que compareceu a Flim
    Aspas da citação

    O antropólogo Jacques D’adesk colocou em discussão a memória ancestral e citou uma pesquisa que fez na cidade do Rio de Janeiro em 1997, onde contabilizou 262 monumentos e 61 bustos, sendo oito estátuas e quatro bustos de pessoas negras.

    “A maioria das representações dos negros se encontra numa posição de subordinação, assim como o monumento dos índios na Cinelândia”, disse D’adesk, que também citou o racismo existente desde a primeira guerra mundial. “A Alemanha enviou cartas diplomáticas considerando que, ter soldados africanos em seu exército, era uma desonra para os militares alemães. Já no início do século XX, havia um racismo latente”, completou.

    A convidada de Maricá foi Ilma Macedo, tapeceira do Espraiado, que faz um trabalho artesanal em tapetes e bolsas a partir de uma técnica trazida do Marrocos por Madeleine Colaço, onde é utilizado o “ponto brasileiro”, que é trabalhado em todas as direções e com um jeito irregular, produzindo um ponto como uma pincelada do pintor. São retratadas nas telas espécies da fauna e flora de Maricá, além de frutas típicas da região, como coqueiros, laranjeiras, jabuticabas, mangueiras e bananeiras.

    “Ensino essa técnica em aulas na minha casa ou em espaços da Secretaria de Políticas da Terceira Idade para continuidade deste trabalho das tapeçarias”, disse Ilma.

    FLIM 2024

    Organizada pela Prefeitura de Maricá, por meio da Secretaria de Educação, a Festa Literária Internacional de Maricá (Flim) acontece na orla do Parque Nanci até o dia 10/11, com diversas atrações gratuitas das 9h às 20h.

    Na programação, uma série de palestras, debates, shows, roda de conversa, talk shows com convidados especiais, entre escritores, artistas e pesquisadores para um bate-papo com o público, com atividades voltadas para adultos e crianças.

    O homenageado desta edição é o cartunista Ziraldo, que está presente em toda a ambientação da festa literária e na área destinada ao público infantil, a Flimzinha.

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