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    Pegadinha?

    Linha 3 do metrô: uma promessa que atravessa gerações

    Modal foi prometido há anos, mas até agora nada teve início

    Publicado 13/02/2023 às 6:55 | Atualizado em 06/06/2023 às 15:36 | Autor: Manuela Carvalho
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    As obras do metrô São Gonçalo-Niterói seriam feitas sob a antiga linha férrea
    As obras do metrô São Gonçalo-Niterói seriam feitas sob a antiga linha férrea |  Foto: Marcelo Eugênio

    Um acidente entre uma moto e um carro de passeio e que deu nó no trânsito em Niterói na manhã desta terça-feira (6), na Ponte Rio-Niterói, reacendeu uma antiga questão para resolver o problema da mobilidade urbana, que moradores de São Gonçalo, Niterói e Itaboraí dizem ser uma fábula: a Linha 3 do metrô. O ex-prefeito de Niterói e atual secretário municipal Executivo, Rodrigo Neves, comentou, inclusive, sobre o assunto em suas redes sociais.  O projeto, que interligaria os três municípios e facilitaria a vida do trabalhador que depende do transporte público para se locomover, foi lançado em 1998 mas 25 anos depois, os planos continuam no rascunho.

    "Linha 3 do Metrô já! Um acidente na Ponte e tudo parado do lado de cá da Baía de Guanabara. Até quando Niterói e o Leste Fluminense com mais de 3 milhões de moradores vão ficar sem alternativa de mobilidade para o Rio?", escreveu Rodrigo Neves. 

    A obra chegou a ser alvo de promessa do atual governador do estado, Cláudio Castro (PL), durante a campanha de reeleição. O político, que firma alianças com o município de São Gonçalo, disse que o projeto já estava pronto e seria entregue junto com o corredor expresso.

    Construção já chegou a ter um custo estimado de R$ 1,2 bilhão pelo Governo federal, em 2011

      

    O auxiliar de serviços gerais José Luiz Castro, de 65 anos, mora no bairro Jardim Catarina desde que nasceu. Ele conta que, no passado, caminhava pelos antigos trilho todos os dias para trabalhar, e lembra quando a notícia da linha 3 chegou.

    "Antigamente, na época jovem, eu passava por esses trilhos aqui todos os dias voltando do trabalho. Daí um dia, chegou para a gente o boato de que iam colocar um transporte aqui que ia facilitar a vida de todo mundo, história", relembrou.

    A princípio, o projeto original previa interligar São Gonçalo ao Rio, tendo como um dos trechos um túnel cavado por baixo da Baía de Guanabara, na Ponte Rio-Niterói. Mas os planos foram desfeitos.

    Alguns trechos nem possuem mais as linhas do antigo trem
    Alguns trechos nem possuem mais as linhas do antigo trem |  Foto: Marcelo Eugênio
    Aspas da citação
    Coisas que vão facilitar a vida do trabalhador não costumam ir muito para frente. Olha só, começou falando que íamos ter um jeito de chegar mais rápido no Rio. Quando eu escutei essa promessa, meu filho tinha 5 anos, hoje já tenho até neto
    José Luiz Castro auxiliar de serviços gerais
    Aspas da citação
      

    A construção já chegou a ter um custo estimado de R$ 1,2 bilhão pelo Governo federal, em 2011. E, dois anos depois, aumentou para R$ 2,57 bilhões, segundo a estimativa do Governo Estadual. Agora, não parece mais estar nos planos das autoridades.

    "Eu moro em Trindade há 30 anos, escuto essa promessa a vida toda. Facilitaria muito a nossa vida, até porque o trânsito é bem congestionado, até em dinheiro ajudaria. Mas eu acho que isso não vai acontecer, são muitos anos ouvindo falar e nada, não acontece", disse a dona de casa Adriana Campos, de 52 anos.

    Caminho ocupado

    Obra precisaria recalcular a rota
    Obra precisaria recalcular a rota |  Foto: Marcelo Eugênio

    As obras do metrô São Gonçalo-Niterói seriam feitas sob a antiga linha férrea entre um município e outro. Contudo, essa rota precisaria ser recalculada, já que muitas obras e ocupações se encontram no meio do caminho. 

    De acordo com o arquiteto e urbanista Pedro da Luz Moreira, professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), as ocupações e obras não podem ser consideradas empecilhos para a implantação da Linha 3.

    "O fato de ter áreas que estão ocupadas exatamente sobre o leito onde está programado o trilho do trem, acho que isso é perfeitamente contornável. Seja pela desocupação, seja pelo deslocamento dessa linha para outras posições", explicou.

    E essas desocupações estão acontecendo, mas o projeto é outro. Segundo a Prefeitura Municipal de São Gonçalo, o processo de desapropriação das áreas que serão utilizadas no projeto 'Mobilidade Urbana Verde Integrada' (Muvi) já teve início, através de cadastros das famílias residentes e negociação de imóveis. Agora, eles aguardam o início efetivo das obras pelo Governo do Estado para dar início às desocupações.

    "A Linha 3 é super importante para a cidade metropolitana do Rio de Janeiro, porque ela cruza um dos municípios mais pobres da cidade, que é São Gonçalo, o mais populoso, depois da capital, então, isso significa universalizar a possibilidade de acesso a oportunidades a uma população muito grande", finalizou.

    O que diz o Governo do Estado?

    Governo do Estado prevê a instalação do Muvi, um novo corredor viário em São Gonçalo
    Governo do Estado prevê a instalação do Muvi, um novo corredor viário em São Gonçalo |  Foto: Marcelo Eugênio

    A equipe de reportagem procurou o governo para responder questionamentos sobre o andamento do projeto que envolve a Linha 3 do Metrô e se ele está nos planos da Secretaria de Transporte para este ano ainda, como prometido por Castro durante a campanha. 

    Contudo, a única resposta da pasta foi que o secretário de Estado de Transporte e Mobilidade Urbana, em conjunto com a equipe técnica, está debruçado sobre os desafios que envolvem a reestruturação da mobilidade urbana no Estado e que novas expansões metroviárias estão em pauta.

    "Entre os projetos já anunciados pelo Governo do Estado está o MUVI São Gonçalo (Mobilidade Urbana Verde Integrada), que foi elaborado para priorizar e modernizar o transporte público coletivo e estimular o uso de bicicletas. A iniciativa prevê a criação de um novo corredor viário, com pistas de BRS e ciclovia ligando o bairro de Neves a Guaxindiba, em um trecho de 13,58 quilômetros do município, passando por bairros como o Centro e Alcântara. Serão 31 estações ao longo do trajeto, beneficiando 120 mil passageiros por dia", diz a nota.

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