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    'Juliana era muito bacana', diz tio de vítima do naufrágio

    Corpo da mulher foi sepultado junto com o do filho caçula, Caio

    Publicado 07/02/2023 às 14:08 | Atualizado em 07/02/2023 às 14:24 | Autor: Ana Carolina Moraes
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    O marido de Juliana e pai de Caio, Erick Pereira, é consolado por parentes e amigos no enterro
    O marido de Juliana e pai de Caio, Erick Pereira, é consolado por parentes e amigos no enterro |  Foto: Lucas Alvarenga

    Os filhos mais velhos de Juliana Gomes de Lana da Silva, de 35 anos, que faleceu no naufrágio de uma traineira que ocorreu na Baía de Guanabara neste domingo (5), sentem falta da mãe. Um dos meninos nem quis tomar o café da manhã nesta terça-feira (7). Juliana foi velada e sepultada no Cemitério de Cacuia nesta terça junto com o seu filho mais novo, o menino Caio, de 3 anos, que também morreu no acidente. O corpo de Juliana será enterrado às 14h30, o de Caio, às 15h. 

    “Juliana era uma pessoa muito bacana. Eu morei no Rio, ajudei a criar ela e a irmã, mas hoje eu moro em Belo Horizonte. Vim pro enterro nesta madrugada. Tive contato com o Eric, mas ele está muito triste, não consegue falar e eu nem acho que ele vai falar sobre o que aconteceu. Os meninos sentem falta dela, é uma tristeza geral. Um dos meninos nem quis tomar café da manhã porque era a mãe que trazia café pra ele”, afirmou Vanderlei Nunes, tio de Juliana. 

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    Juliana era dona de uma padaria no bairro da Freguesia, na Ilha do Governador, e, segundo relatos de amigos, era bastante conhecida em seu bairro e era amiga de todos que estavam na traineira. O marido, Erick Pereira, de 38 anos, e os outros dois filhos do casal, Cauã e Caíque, de 14 e 10 anos, também estavam no barco mas conseguiram se salvar. 

    Juliana era muito conhecida na Ilha do Governador porque era dona de uma padaria
    Juliana era muito conhecida na Ilha do Governador porque era dona de uma padaria |  Foto: Lucas Alvarenga

    “Ela era muito querida, aqui todos amávamos ela. Juliana só queria passear com a família, era o que ela gostava. A Ilha inteira está em luto. Ela e o marido estavam juntos desde a adolescência, desde a escola. Eles sempre viajavam todos juntos. Semana passada, ela estava em Minas Gerais, visitando o pai, parece até que foi uma despedida”, contou o serralheiro Flávio Francisco da Conceição. 

    Juliana e Eric tinham uma lancha. “Ela era batalhadora. Morava no Rio desde sempre, foi para Minas Gerais, ficou 3/4 anos lá, onde nasceu o filho dela do meio, ela abriu uma padaria com o pai dela e depois veio e abriu a padaria dela aqui. Era a primeira vez deles na traineira. Eles juntaram uma quantidade de amigos maior do que comportava na lancha deles e alugaram a traineira. O barqueiro era experiente, ninguém entendeu como isso aconteceu, ainda estão apurando. Ela adorava organizar passeios, reunir amigos, festas na casa deles. Esses todos eram amigos, uns mais recentes, outros não, eu mesmo cheguei a ser chamado para o passeio, mas não deu para ir e deu no que deu”, disse Francisco da Conceição Filho, técnico em telecomunicações e também amigo da família. 

    Juliana e Erick estavam juntos desde a adolescência e tinham três filhos
    Juliana e Erick estavam juntos desde a adolescência e tinham três filhos |  Foto: Reprodução

    OUTRO ENTERRO 

    O cuidador de animais Everson Costa de Assunção, de 45 anos, também será sepultado no Cemitério da Cacuia, na Ilha do Governador, às 14h. O velório dele ocorreu na Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias nesta manhã de terça. 

    A irmã dele, Verenda Assunção, contou como soube do acidente.  “Eu soube do acidente pelas redes sociais, em uma página que fala da Ilha do Governador. A gente estava aflita porque minha irmã sabia que ele estava no passeio de barco e sabia da tempestade. As horas foram passando e não tivemos contato, foi quando a página anunciou o naufrágio. Minha cunhada, que estava com ele, foi resgatada das águas no mesmo dia. No hospital, ela contou que viu um barco menor no qual meu irmão e outras pessoas pessoas tentavam salvar quem estava lá”, disse a mulher de 48 anos. 

    Segundo a auxiliar administrativa, esse era um tipo de passeio que Everson gostava, com os amigos e com a esposa. “Meu último contato com ele foi no final da semana. Eu comprei um boné para mim, ele gostou, e, como eu trabalho no Centro, ele pediu pra eu comprar pra ele. Eu disse que poderia não conseguir no fim de semana, mas que poderia ser agora na segunda, que seria ontem, e não deu tempo de comprar. Ficamos com muita esperança, até acharmos o corpo, a gente contava as pessoas e tínhamos esperanças de encontrar ele com vida. Quando eu vi o corpo no IML, estava muito sereno e eu reconheci na hora”, disse ela, que ressalta que o irmão trabalhava com o que amava e era querido por todos. 

    Uma amiga de Everson, Priscila Moreno, contou que trabalha com ele há anos cuidando de animais em petshops e afirmou que ele sempre foi muito querido com todos. “Ele dava banho no meu cachorro, aí eu conheci ele. O dono da loja  queria passar o ponto em 2018 e eu e minha sogra compramos. Foi aí que ele passou a trabalhar comigo, depois foi para outro local, mas continuava com a gente às quartas. Ele tinha um dom para a profissão, um carisma, alegria, a gargalhada mais gostosa do mundo, o abraço mais gostoso, era uma pessoa carinhosa e preocupada com todos ao redor, com os pais, com os filhos e com a esposa”, contou ela que soube do acidente no dia do ocorrido e resolveu procurar por notícias do amigo no hospital. 

    “A gente tinha esperança até ver o filho dele no Hospital Evandro Freire e foi quando eu falei: “No me diga que foi o seu pai. Ele era uma pessoa que sabia nadar, andar de bicicleta, então a gente achou que ele pudesse estar numa ilha, tivesse se salvado. Ele não merecia isso. Fazemos aniversário juntos, já tivemos festa surpresa no trabalho juntos, ficam as boas lembranças”, contou a mulher de 37 anos que trabalha com banho e tosa, mas também tem formação em Administração. 

    Ainda nesta terça-feira (7), será enterrado o casal Michele Bayerl de Moraes de Sena, de 43 anos, e Evandro José Sena, de 53, no Cemitério Jardim da Saudade, em Paciência, na Zona Oeste do Rio, às 15h30. 

    INVESTIGAÇÃO  

    O caso segue em investigação na 37ª DP (Ilha do Governador). O motorista e dono do barco Marcos Paulo da Silva Correia, de 45 anos, foi ouvido na noite de segunda-feira (6) na unidade policial. As outras cinco pessoas socorridas com vida do acidente também serão ouvidas. 

    O corpo do adolescente Eduardo Borges, filho de Marcos, já foi reconhecido por familiares no Instituto Médico-Legal (IML) Afrânio Peixoto, no Centro do Rio. 

    Até o momento, Isabel Cristina de Souza Borges, de 38 anos, esposa de Marcos, segue desaparecida. Uma outra vítima que não foi encontrada foi o fuzileiro naval Fábio Dantas Soares; de 46 anos. 

    Segundo testemunhas, o local por onde a traineira saiu para a Baía, no bairro dos Bancários, não é muito utilizada para a saída de barcos. O local também não estaria em um bom estado de conservação.

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