Cidades
Injúria racial é investigada contra enfermeira em Niterói
O Conselho Regional de Enfermagem do Rio de Janeiro (Coren-RJ) apura uma denúncia de que uma enfermeira teria sido vítima de humilhação e injúria racial dentro de um hospital particular da Zona Sul de Niterói. Testemunhas, entre familiares e amigos de pacientes, teriam presenciado o momento em que a profissional é chamada de 'macaca' pelo diretor da unidade, na última quinta-feira (5).
Segundo uma das testemunhas, a enfermeira teria ido buscar medicamentos na farmácia para um paciente. No momento que ela estava no local, o diretor teria esbravejado e proferido xingamentos contra a funcionária. Em nota o Coren esclarece que o Departamento de Fiscalização do conselho já está tomando providências.
'O Departamento de Ética já recebeu a denúncia da enfermeira e está aguardando o termo do ato fiscalizatório para juntar à denúncia e apurar os fatos referentes à conduta ética do diretor do hospital citado'
Coren-RJ
Ainda de acordo com testemunhas, no momento em que aconteceu a confusão, cerca de 15 pessoas estavam presentes no local. A coaching de relacionamentos, Priscila Bruna da Silva, de 35 anos, foi uma das testemunhas, que acompanhava um familiar internado na unidade e presenciou a cena.
"Eu desci para fumar e nesse momento presenciei todo o fato. Ele disse que a enfermeira tinha uma equipe para buscar os remédios e, além dos xingamentos, ainda esbravejou que ia 'cortar a cabeça' dela, no intuito de demissão. Eu achei muito hostil. Teve gente que perguntou se eu filmei, mas não deu tempo", contou.
A coaching, que também é negra, relatou que 'sentiu na pele' a situação passada pela enfermeira da unidade. Por isso, como forma de ajudar a profissional, Priscila deixou o telefone de contato com ela, caso precisasse de uma testemunha.
"Ela ficou visivelmente arrasada, abalada. Estamos no século 21 e é inadmissível que essas coisas ainda aconteçam com as pessoas. Foi lamentável e eu não queria ter presenciado isso. O que ele fez está errado", emendou.
O caso foi relatado nas redes sociais e a enfermeira recebeu diversas mensagens de apoio. Segundo um amigo da vítima, que também é profissional de Enfermagem, William Fonseca, o caso precisa ser investigado por ela ter sofrido tanto constrangimento, quanto a injuria racial.
"Também sou profissional de enfermagem e sei que é uma profissão que sofre diariamente com esses abusos. Mas as pessoas precisam entender que a força da saúde é a enfermagem", disse o enfermeiro.
Procurada, a direção do Hospital Santa Martha informou que existe há mais de 50 anos e é, notoriamente, conhecida como uma instituição que respeita os valores e a dignidade humana de todos os seus pacientes e colaboradores. O hospital ainda reiterou que não dispensou qualquer colaborador na última semana. A unidade ainda se posicionou do que considera 'vítima de uma campanha difamatória'.
"Na história do hospital jamais existiu, ou existe, notícia de qualquer prática discriminatória que possa, sequer em tese, ser considerada racista. A unidade, que, visivelmente, está sendo vítima de uma campanha difamatória, estará, de todo modo, buscando apurar as noticiadas ocorrências", informou em nota.
Em fevereiro um outro caso, dessa vez envolvendo uma técnica de enfermagem e um paciente médico, também viralizou nas redes sociais, a partir de um vídeo divulgado por uma testemunha, em que o médico humilhava a técnica durante o preparo da medicação. O caso aconteceu um hospital particular de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.
O caso ganhou repercussão nacional e o médico, que atua como psiquiatria, chegou a gravar um vídeo pedindo desculpas sobre o ocorrido alegando que estava embriagado quando proferiu as ofensas contra a funcionária.
Colaborou Daniela Scaffo
Perdeu documentos, objetos ou achou e deseja devolver? Clique aqui e participe do grupo do Enfoco no Facebook. Tá tudo lá!