Avanço
Hospital público faz 1ª captação de órgãos da Região dos Lagos
Doação veio da família de uma universitária que faleceu de AVC
A Baixada Litorânea do estado do Rio de Janeiro, popularmente conhecida como Região dos Lagos, alcançou um feito inédito na história do Sistema Único de Saúde local. O Hospital Estadual Roberto Chabo, em Araruama, realizou - pela primeira vez - uma captação de pulmão.
O procedimento, considerado de altíssima complexidade, aconteceu na semana passada e recebeu apoio do helicóptero do RJ Transplantes, programa estadual de transplantes do estado.
Para o coordenador do RJ Transplantes, Alexandre Cauduro, o momento é considerado um marco para o SUS na Baixada Litorânea.
“É de grande importância a conscientização da doação de órgãos. Existem muitas pessoas aguardando na fila de transplantes. É também a primeira vez que o RJ Transplantes, por meio do Roberto Chabo, realiza um procedimento dessa complexidade na região. Isso mostra o quanto temos avançado tanto no sistema de saúde quanto na conscientização da população" , afirmou Cauduro.
Uma verdadeira força-tarefa foi montada logo após o início do protocolo de morte cerebral de uma universitária vítima de um Acidente Vascular Cerebral (AVC). A logística contou, além dos médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem, com o apoio do Corpo de Bombeiros, da Polícia Militar e da equipe administrativa do hospital.
"Contatamos os familiares para fazer o comunicado do óbito e, em seguida, pedir autorização para doação dos órgãos. Assim que obtivemos o aceite familiar acionamos o RJ Transplantes, que programou toda a logística", detalhou Michele Guedes, coordenadora da Comissão Intra-Hospitalar para Doação de Órgãos e Tecidos do Hospital Roberto Chabo.
'CORREDOR HUMANO'
Familiares da paciente participaram de todas as etapas do processo de captação. Um dos momentos mais emocionantes foi o chamado "corredor humano", formado pelos funcionários do hospital que, com palmas, agradeceram o ato de doação.
“Ela era uma pessoa alegre, que gostava de ajudar as pessoas. E até neste momento de partida ela continuou ajudando quem precisava de um órgão para viver”, declarou o marido da estudante, Edson Campos, bastante emocionado.
Além do pulmão, a equipe de transplante também fez a captação de coração, fígado, pulmões, rins, córneas e ossos. Todos os órgãos captados foram doados para pacientes que necessitam de um transplante e estão aguardando em lista única, definida pela Central de Transplantes da Secretaria de Estado de Saúde e controlada pelo Sistema Nacional de Transplantes.
Doação de órgãos no HERC
O Hospital Estadual Roberto Chabo administrado pelo Ideas em parceria com o Governo do Estado, conta com um ambulatório de pós-operatório. No setor, os pacientes são reavaliados por neurocirurgião, cirurgião-geral, cirurgião pediatra, intensivista, cirurgião plástico, oftalmologista, bucomaxilofacial, cirurgião vascular e ortopedista. O hospital conta atualmente com 83 leitos ativos, sendo nove de UTI. A unidade recebe pacientes regulados dos municípios de Araruama, Búzios, Arraial do Cabo, Cabo Frio, Casemiro de Abreu, Iguaba Grande, Rio das Ostras, São Pedro D’Aldeia e Saquarema.
RJ Transplantes
O programa RJ Transplantes da Secretaria Estadual de Saúde bateu recorde histórico de captação de órgãos e transplantes em 2022. Os números foram os maiores da série histórica, iniciada em 2010. Após o recuo por conta da pandemia de Covid-19, no ano passado, ocorreram 1.152 notificações de possíveis doadores, 349 doações e 2.650 transplantes. Em 2023, nos meses de janeiro a abril, já foram realizados 542 transplantes.
Este é o resultado do investimento que o Governo do Estado tem feito na capacitação das equipes das Comissões Intra-Hospitalares de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT), que funcionam dentro das unidades de saúde, e na melhoria da estrutura para que essas doações tenham êxito. Há um helicóptero dedicado ao programa, o que agiliza e aumenta a eficácia do sistema de captação e transplante no estado.
Em 2022, o helicóptero da Superintendência de Operações Aéreas (SOAer) transportou 145 órgãos para transplante. E em dois de atividades, foram 296 órgãos transportados.
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