Tragédia
Funcionário morre em fábrica de refrigerante em São Gonçalo
Família diz que empresa está negligenciando nas informações
Familiares do auxiliar de serviços gerais Rafael Rudugério dos Santos, de 34 anos, acusam a diretoria da fábrica de refrigerantes Mineirinho, em São Gonçalo, de negligência sobre informações da morte dele.
Rafael faleceu na última quarta-feira (8) depois de levar uma descarga elétrica, enquanto limpava a vidraça da empresa. O serviço era realizado próximo à rede de alta tensão.
Testemunhas disseram que o colaborador usava uma escada de alumínio e, após o choque, levou um tombo e bateu com a cabeça. Além disso, apresentou fraturas nas pernas e braços. A certidão de óbito consta traumatismo craniano. Ele deixa mulher e oito filhos.
Tudo indica que ele sofreu descarga elétrica. Ele caiu da escada de alumínio e quebrou a cabeça. O meu esposo foi até lá e achou ele com espasmos, vomitado
Procurada, a assessoria do Corpo de Bombeiros disse que a equipe médica que foi acionada já encontrou Rafael sem vida no local. A Polícia Militar foi acionada. O caso foi registrado na delegacia de Neves (73ª DP). O enterro acontece às 13h desta sexta-feira (10) no Cemitério São Miguel.
Auxiliar de serviços gerais morreu dentro da fábrica após descarga elétrica
O acidente aconteceu por volta das 14h de quarta, logo após o horário do almoço. O trabalhador estava ativo na fábrica há cerca de dois meses. Uma denúncia anônima aponta que a situação ocorreu fora do setor de produção.
"A Mineirinho é muito grande, o acidente foi dentro da fábrica, mas fora do setor de produção. No setor de fábrica tudo tem que ter transparência, limpeza, controle e qualidade, então os vidros são enormes lá. Ele limpando aquilo encostou a parte de cima do rodo e tomou descarga e veio a óbito na hora", diz.
Segundo a família, Rafael morreu no pátio da empresa. Elisangela soube da morte do irmão durante o expediente. Ela passou mal ao descobrir a fatalidade, por telefone.
A pessoa do RH me ligou e disse que fizeram de tudo para salvar o meu irmão, que um funcionário achou ele caído lá fora, que não tinha morrido dentro da empresa. E eu perguntei: 'como vocês fizeram de tudo se já acharam ele morto?
De acordo com Elisangela, a funcionária da empresa não soube informar com precisão o que tinha ocorrido.
"Meu marido filmou ele morto dentro do pátio perto da vidraça que ele estava limpando com uma escada de alumínio, perto de um fio de alta tensão. Isso foi negligência. Tinha que ter uma pessoa trabalhando com ele. Era uma área aberta. Foi negligência, porque ele estava sem equipamento, sem capacete, bateu com a cabeça e abriu o crânio, a empresa não tem equipamento para socorrer ele. Ele era o meu único irmão", lamenta.
A empresa Mineirinho disse, por meio de nota, estar consternada com o ocorrido. E afirmou que apura as circunstâncias da morte.
"Estamos consternados com o lastimável ocorrido, sobretudo porque o Rafael era um funcionário querido dentro da empresa. A Reflexa está prestando todo o apoio possível para a família, a fim de mitigar ao máximo o sofrimento dos seus entes. Afirmamos que estamos apurando as circunstâncias do ocorrido, de modo que a dinâmica do caso seja definitivamente compreendida, bem como para que eventos como este não aconteçam dentro da fábrica", pontuou.
O cunhado Estevão Alves da Silva, de 37 anos, é eletricista. Em visita ao local, ele apontou possíveis falhas de segurança, conforme registrado em vídeo.
"Uma vida não vai voltar mais. Não tem identificação de tensão, a área não é isolada, veio trabalhar com escada de alumínio. Só ele. Se tivesse duas pessoas assim que ele caiu, falaria. Trabalho em altura só pode ser feito com duas pessoas. Se estiver acima de 1,40 metros tem que ter um ponto de ancoragem ou outra pessoa para segurar. Houve avaliação do técnico de segurança do trabalho? Não sei! Se houve, foi negligente. Ridículo. Uma vida se perdeu", contou.
Outro acidente
No último dia 6 de maio, uma barra de ferro teria atingido a cabeça de Rafael também durante o expediente. A família, que mora no bairro Jardim Catarina, aponta que, mesmo assim, ele teve que continuar trabalhando, já que a empresa não teria liberado para repouso. A firma não comentou o episódio.
"Ele teve a cabeça enfaixada e sentia dores, desde então. Ele levou ponto, no mesmo dia, o médico do trabalho liberou ele, que com medo de ser mandado embora, continuou trabalhando, porque estava há muito tempo sem carteira assinada", diz Elisangela.
De acordo com a família, até o momento a empresa só arcou com o serviço funeral, no valor de R$ 2,7 mil.
"Não falaram mais nada. O meu marido só assinou a liberação das coisas que a gente pegou dele. Mas vamos voltar lá para saber como vai ficar. Sobre indenização, não deram retorno. Nenhum encarregado veio falar com a gente. Se a empresa não se manifestar, vamos procurar os nossos direitos, porque eles mentiram. Os bombeiros encontraram ele morto, um funcionário viu a escada em cima dele, ninguém encostou no corpo", continua Elisangela, que trabalha como auxiliar de saúde bucal.
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