Último adeus
'Fica a história', diz Mauro Quintaes no velório de Max Lopes
Cerimônia de despedida foi no Parque da Colina, em Niterói
O corpo do carnavalesco Max Lopes, de 74 anos, foi velado na manhã desta terça-feira (26), no cemitério Parque da Colina, em Pendotiba, Niterói, Região Metropolitana do Rio. Conhecido como o ''Mago das Cores'', ele morreu no último sábado (23), após uma insuficiência múltipla dos órgãos.
Max estava com câncer de próstata e deu entrada no Hospital Municipal Conde Modesto Leal, em Maricá, no dia 24 de agosto, com um quadro de instabilidade hemodinâmica e insuficiência renal aguda, segundo a unidade. Próximo de completar um mês internado, ele acabou não resistindo.
"Agora, no final, ele estava um pouco deprimido, depois ele pegou covid. Mas, infelizmente, o câncer de próstata não conseguiu reverter, teve uma insuficiência renal e foi embora. Ele era uma pessoa alegre, de caráter, firme com os seus objetivos. Foi um guerreiro na vida, conseguiu fazer tudo que ele planejava e alamejava", contou a prima de Max, Vera Garcia, com quem ele esteve no último momento.
Várias personalidades do Carnaval e profissionais que trabalharam com o carnavalesco marcaram presença na cerimônia para dar o último adeus.
"O Max foi muito mais do que um simples carnavalesco, foi um amigo. Muitas vezes era nosso pai porque ele indicava o caminho que a gente tinha que seguir. Eu me sinto muito orgulhosa e ele não vai morrer nunca porque ele é eterno. Deixou um legado que não será esquecido: ser humilde. Não acredito que tenha alguém nessa terra que não tenha gostado de Max Lopes", disse Elizete Mascarenhas, coreógrafa que trabalhou com o carnavalesco.
Mauro Quintaes, carnavalesco da Porto da Pedra, ressaltou a importância do Max no Carnaval e o quanto é importante que as novas gerações reconheçam o trabalho que o ''Mago das Cores'' fez ao longo dos anos.
"Eu não estaria aqui hoje para falar sobre uma figura de Carnaval se não fosse o Max. Eu comecei a trabalhar com o Max, por nove anos. Então, tudo que eu aprendi em termos de estrutura de Carnaval, mecânica barracão foi com o Max. Fica essa história dele, o bigode mais famoso do Carnaval. Espero que as futuras gerações reconheçam essa figura", ressaltou.
Mauro relembrou o enredo da São Clemente de 2010, quando homenageou o amigo em um dos carros alegóricos.
"Eu tinha que colocar ali um carnavalesco que fosse importante, então eu falei: 'não posso falar de qualquer outro que não seja ele', aí fizemos a escultura dele lá, com o bigodão! E a São Clemente sobe né, foi uma sorte boa", completou Quintaes.
O carnavalesco Jorge Silveira, que atualmente está na Mocidade Alegre, em São Paulo, trabalhou ao lado de Mauro. Ele destacou umas de suas principais características: a generosidade.
"Eu tive a oportunidade de trabalhar dois anos com ele, tendo a oportunidade de aprender. Ele era uma figura que está além do Carnaval. Um ser humano incrível, extremamente generoso e que formou gerações de profissionais. Ele é imortal! Artista não morre, vira eternidade", afirmou.
Nos minutos finais da cerimônia, representantes da Mangueira e da Imperatriz fizeram uma homenagem a Lopes, cantando os sambas que consagraram o carnavalesco campeão nas escolas. Às 12h30, o corpo seguiu para uma cerimônia fechada aos familiares, onde foi cremado.
Trajetória de campeão
Lopes foi campeão do carnaval do Rio pela Mangueira, com o enredo 'Yes, Nós Temos Braguinha', em 1984, pela Imperatriz Leopoldinense, com o 'Liberdade! Liberdade! Abra as Asas sobre Nós', em 1989.
Mais tarde, em 2002, retornou à Mangueira para conquistar outro título com o enredo "Brasil com 'Z' é pra cabra da peste, Brasil com 'S' é nação do Nordeste".
A trajetória de Max Lopes também inclui passagens por outras escolas de samba, como Vila Isabel, Viradouro (onde foi campeão do grupo de acesso em 1990 com o enredo "Só Vale o Escrito"), Santa Cruz, Unidos de Lucas, Grande Rio, entre outras agremiações.
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