Cidades
Explosão de casos da Covid-19 é descartada em Niterói
As novas restrições impostas na Europa e as recentes medidas de flexibilização adotadas sobre o isolamento social fez aumentar o número de relatos sobre uma nova alta de contaminação de Covid-19. Em Niterói, segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), houve um leve aumento dos diagnósticos confirmados, entretanto o crescimento já era esperado.
A prefeitura atribui a alta de casos ao programa de testagem em massa da população, evidenciando que já foram 120 mil testes aplicados durante o período de pandemia. Segundo município, a realização desse programa amplo de testagem diminui a subnotificação dos casos de coronavírus.
'Não quer dizer que obrigatoriamente existem mais casos em Niterói e sim que o sistema de identificação na cidade é mais eficiente. A SMS está monitorando os indicadores e avaliando se há uma tendência de crescimento ou aumento momentâneo. O município possui disponibilidade de leitos para atendimento da população', explicou a Prefeitura de Niterói em nota.
De acordo com o Painel de Análise Evolução Covid-19, os últimos dados sobre a pandemia em Niterói foram atualizados no dia 5 de novembro e correspondem a semana epidemiológica 44 (entre 25 de outubro e 31 de outubro). Questionada sobre uma nova atualização, a prefeitura informa que os novos números serão divulgados na próxima sexta-feira (20).
Segundo o painel, a média de ocupação total de leitos (público e privados) nesta semana era de 31,3%. A respeito dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), a taxa era de 33,2% e de leitos clínicos, 29,3%.
Unidades privadas
Enquanto a prefeitura ainda não libera dados atualizados sobre a pandemia no painel, a rede privada continua contabilizando por contra própria os indicadores de casos suspeitos e confirmados nos próprios leitos.
No Hospital São Lucas, no Barreto, Zona Norte de Niterói, por exemplo, os dados são atualizados semanalmente a respeito do número de pacientes com suspeita de Covid-19. Nesta semana, há 22 pessoas internadas com suspeita da doença, sendo 10 delas em UTI.
Ao todo, a unidade possui capacidade para atender 20 leitos de UTI (metade deles exclusivos para Covid-19) e 25 leitos de enfermaria (12 deles exclusivos para a doença).
Já no Hospital Geral do Ingá, na Zona Sul, um comunicado divulgado na página oficial da unidade de saúde em uma rede social, manhã desta quinta-feira (19), informa que as cirurgias eletivas serão suspensas novamente, a partir da próxima segunda (23), por conta na nova onda de Covid-19.
De acordo com o diretor do hospital, Dr. Luiz Otávio Nazar, 100% dos leitos estão ocupados e 80% deles por pacientes com Covid-19.
"Temos 50 leitos de Centro de Terapia Intensivo (CTI), e 40 deles estão ocupados com pacientes de Covid, em sua maioria em situação de saúde muito grave. Suspender as cirurgias eletivas é a decisão racional e coerente no momento", afirmou o diretor.
O Complexo Hospitalar de Niterói (CHN) informou que, assim como nas redes pública e privada em geral, registrou aumento do número de atendimentos de pacientes com suspeita e confirmação de Covid-19 nas últimas semanas.
"Após estabilização no número de casos entre os meses de maio a outubro, em novembro, registra-se, no momento, um aumento equivalente a 50% do período de pico da pandemia nas internações por Covid-19", dizia a nota divulgada pelo hospital.
Previsão
Para o infectologista e coordenador de Controle e Infecção Hospitalar (CCIH) do Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe-Uerj), Marcos Junqueira Lago, ainda é imprevisível pensar em uma 'segunda onda' da doença, uma vez que — segundo o pesquisador — o Brasil ainda não terminou a primeira.
De acordo o especialista, mesmo com a flexibilização quase total do isolamento social, dificilmente o país atingirá números tão altos de mortes pela doença como nos meses de abril e maio, pois os profissionais já sabem melhor como tratar a doença nas unidades de saúde.
"Não acho que essa seja uma segunda onda, porque a gente não chegou a terminar a primeira. Tivemos um novo aumento de casos e é difícil prever o quanto isso vai impactar na rede hospitalar, se vai chegar a ser tão forte quanto abril e maio. Por um lado a gente não tem mais isolamento social, praticamente terminou, quase tudo voltou ao normal, isso fez com que o número de casos aumentasse. Por outro, a gente está se aproximando do verão, o que pode ajudar um pouco na transmissão", explicou.
Acompanhar a tendência europeia de um novo lockdown, na opinião do infectologista, não pode ser descartada. Porém, acredita que a proximidade da estação mais quente do ano possa favorecer o Brasil, enquanto um país tropical, a neutralizar o avanço rápido da transmissão.
O especialista acredita também que, mesmo com praticamente o fim da quarentena, as pessoas ainda temem a doença e continuam se cuidando.
"Não acho que as pessoas perderam o medo da doença não, elas só pararam de pensar nisso, mas estão começando a ver muita gente de novo doente. Continua sendo uma doença grave, que está matando e deixando sequelas. Talvez o fator verão dê uma segurada em um novo pico de contaminação. Mas precisamos entender que podem existir dois cenários. O primeiro seria um aumento do número de casos, mas não uma explosão, o que não caberia uma quarentena total e sim uma restrição parcial. O segundo seria de fato acompanhar a Europa e explodir os casos, aí passaríamos Natal em isolamento", compreendeu.
Rio de Janeiro
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde do Rio, a capacidade da rede municipal é de 881 leitos para Covid-19. Deste total, 251 são leitos de UTI. Nas unidades da rede municipal, até quarta-feira (18), havia 532 pacientes internados, sendo 243 em UTI.
Já segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES), nesta quarta-feira (18), a taxa de ocupação, considerando todas as unidades da rede estadual destinadas à Covid-19, estava em 24% em leitos de enfermaria e 55% em leitos de UTI.
No total, na rede pública, 161 suspeitos ou confirmados de coronavírus aguardam transferência para leitos de internação, sendo 93 para enfermaria e 68 para UTI, que podem ser regulados para diferentes redes, seja ela municipal, estadual ou federal.
A secretaria ressaltou, entretanto, que não há falta de leitos para Covid no estado. A fila de espera por leitos ocorre porque, para pacientes com comorbidades, a Central Estadual de Regulação busca vagas que contemplem todas as suas necessidades clínicas, garantindo a assistência especializada a cada caso.
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